Calor extremo em Gaza, o pesadelo da vida em tendas sem água: “O mundo esqueceu-se de nós”

Foto: schutzl | Pxfuel

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25 Junho 2024

As altas temperaturas agravam as já difíceis condições de vida das pessoas deslocadas, com o risco de propagação de epidemias. “Nós nos esforçamos muito para manter as crianças tranquilas, mas é muito difícil”, diz uma mãe.

A reportagem é de Rita Baroud, publicada por La Repubblica, 21-06-2024.

No centro da Faixa de Gaza, muitas famílias vivem em tendas depois das suas casas terem sido destruídas pelos bombardeios israelenses e a onda de calor do Verão está acrescentando mais uma camada de sofrimento às suas vidas cotidianas. O verão em Gaza é sempre caracterizado por altas temperaturas e umidade, chegando às vezes a 40ºC ou mais. E nas camas improvisadas, muitas vezes feitas com materiais simples como plástico e tecido, a temperatura atinge níveis insuportáveis: a UNRWA anunciou até agora que pelo menos duas crianças morreram devido ao calor, mas pode haver mais. Viver em tendas tornou-se a única alternativa possível para muitos porque os preços dos aluguéis são inacessíveis, estamos falando de até 3.000 dólares por mês. As pessoas deslocadas, que dependem da ajuda humanitária, sofrem com tudo, com a falta de serviços de saúde, de água potável, de bens de primeira necessidade, de alimentos e de medicamentos, expostas ao risco de epidemias. A água estagnada e os insetos agravam as suas já precárias condições de saúde. “Recebemos água somente em alguns dias; neste calor intenso precisamos de mais”, disse Abu Yusuf, pai de cinco filhos.

Os cuidados médicos são extremamente limitados e o acesso a medicamentos e serviços básicos de saúde é difícil. Manter a higiene pessoal também é extremamente complexo e aumenta o risco de propagação de doenças: infecções de pele, doenças respiratórias e diarreia são algumas das doenças comuns entre as pessoas deslocadas.

Muitos fazem o possível para encontrar sombra ou se refrescar. As crianças são particularmente afetadas, expostas à exaustão pelo calor e à desidratação. “O calor aqui é intenso e tentamos muito manter as crianças frescas, mas é muito difícil”, diz Umm Mohammad. As tendas deveriam ser soluções temporárias, não permanentes, mas hoje até comprar uma ou tentar construir uma é proibitivamente caro, pode custar até 1.500 dólares.

O impacto psicológico sobre aqueles que vivem nestas condições é devastador. Muitas pessoas se sentem desesperadas. “Vivemos numa situação inimaginável e sentimos que o mundo se esqueceu de nós”, diz Noor, que perdeu a sua casa no último ataque.

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