10 Mai 2024
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 16,15-20 que corresponde ao 7° Domingo de Páscoa, Solenidade da Ascensão, ciclo B do Ano Litúrgico. O comentário é elaborado por Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Então Jesus disse-lhes: «Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados. » Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda a parte. O Senhor os ajudava e, por meio dos sinais que os acompanhavam, provava que o ensinamento deles era verdadeiro
Celebramos a festa da Ascensão de Jesus, que antecede a Solenidade de Pentecostes, que vivenciaremos no próximo domingo. Esse evento, que representa um marco na comunidade cristã do primeiro século, é narrado por Lucas em seu evangelho e no livro de Atos dos Apóstolos, mas com grandes diferenças. Sem analisar os detalhes, percebemos que a intenção do evangelista não é nos dar uma descrição pictográfica de um evento. Para ter um pouco mais de acesso ao seu conteúdo, temos em mente a cultura greco-romana, onde encontramos relatos de pessoas importantes que foram "levadas para o céu", por exemplo, Hércules, Augusto, Alexandre, o Grande, Cláudio, que foram glorificados após sua morte, ascendendo ao céu.
Neste domingo, a liturgia nos oferece o texto do Evangelho de Marcos com a descrição de Jesus que, estando com seus discípulos, os envia ao mundo inteiro para proclamar a Boa Nova. No final do texto, que é quase o fim do Evangelho, será dito que, depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e se sentou à direita de Deus. Jesus não está mais no meio da comunidade de forma visível e perceptível aos sentidos como estava desde a ressurreição. O Jesus ressuscitado come com a comunidade, dialoga com ela, ensinando-a a viver e a proclamar o Reino. Até esse momento Ele "apareceu e desapareceu", e semeou nos presentes uma alegria indescritível. Lembremos que os discípulos de Emaús falam de "seus corações ardendo", em outras ocasiões se dirá que "tinham uma alegria e um júbilo que não podiam acreditar"... e assim a presença do Ressuscitado irradia uma alegria que transborda, que supera o medo, que se enche de uma paz nova e profunda.
"Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade”
Antes de "subir ao céu", Jesus deixa claro qual é a missão da comunidade: anunciar a Boa Nova para toda a humanidade. Ao longo de seu evangelho, Marcos comunica e conta de forma simples o que é a Boa Nova e quem é Jesus, o filho de Deus. Já no primeiro versículo, ele nos diz: "o princípio da Boa Nova de Jesus Cristo, o Filho de Deus". Hoje ele estende toda essa realidade à comunidade nascente: são eles que vão comunicar essa boa notícia, são eles que têm a missão de levar a vida de Jesus, o seu Mistério, a sua presença ressuscitada em nosso meio a toda a humanidade, a todas as pessoas do mundo inteiro, sem discriminação, sem exceções, mas o Evangelho é estendido a todos.
Na JMJ em Lisboa o Papa Francisco deixou uma mensagem clara da necessidade não só de comunicar a Boa Nova em nosso mundo e em nossa sociedade, mas o fez de forma contundente quando disse: “Na Igreja cabem todos, todos, todos”. Porque não pode haver Igreja sem inclusão. A Igreja de Jesus é, por sua própria natureza, uma Igreja mãe ou, como costuma dizer o próprio Papa (em outra de suas inesquecíveis cunhagens), um hospital de campanha. Para recolher todos os feridos da vida” (cfr. O grito inclusivo do Papa: “Todos, todos, todos”) Porque a Igreja do Nazareno não é nem pode ser uma alfândega. Na Igreja de Jesus não há sócios. E, claro, não há parceiros preferenciais. Ninguém pode, portanto, passar pela vida de crente distribuindo cartões de mais ou menos (melhores ou piores) crentes.
Desde a triste tragédia ambiental ocorrida no Rio Grande do Sul, nós nos perguntamos o que significa anunciar as Boas Novas? Como é possível ser uma mão estendida para milhares de pessoas que perderam tudo por causa das enchentes que destruíram cidades inteiras, gerando consequências que ainda são difíceis de mensurar? Jesus nos convida a sermos mensageiros de uma vida que nasce mesmo onde parece que nada pode ser feito, onde a dor e a tristeza estão no ar. Não somos chamados a ser profetas da calamidade ou a dar respostas inoperantes, mas somos convidados a reunir a vida e sustentá-la para que não se deteriore, a ser semeadores de esperança para apoiar e confortar quando a dor parece ser a única coisa no ar. Lemos que “Em mais de 400 municípios afetados, incluindo Porto Alegre, mais de 160 mil pessoas foram retiradas de suas casas. Quase 100 mil casas foram danificadas ou destruídas (Numero de mortos no RS chega a 100). Diante dessa dura realidade, Jesus nos chama mais uma vez a proclamar a Boa nova a partir da pobreza em que cada grupo se encontra.
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Sair para comunicar a esperança. Solenidade da Ascensão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU