23 Abril 2024
Canções, faixas e muito entusiasmo juvenil pelo Papa na Sala “Paulo VI” que se encontra com seis mil crianças e jovens das Escolas pela Paz e relança o seu sonho: “Sejam pacificadores” e “protagonistas e não espectadores do futuro”. Um futuro que não se constrói sozinho, mas juntos, sublinhou o Pontífice, convidando a “entrar em rede e fazer networking”. Ou seja, a “passar do eu para o nós” e a “trabalhar para o bem de todos”. Ontem foi uma manhã de alegria, de testemunhos, de música e também de oração. Com Francisco acrescentando de improviso um pensamento para as crianças dos países em guerra, num determinado momento do seu discurso. E convidando a fazer um minuto de oração silenciosa por eles. “Pensem nas crianças ucranianas, que esqueceram como é sorrir. Orem por essas crianças. Coloquem-nas em seu coração. Pensem nas crianças de Gaza, metralhadas, que passam fome. E agora vamos fazer um pequeno silêncio em que cada um de nós pense nessas crianças”.
Assim, na grande sala de audiências, desce um silêncio mais expressivo do que mil palavras.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 20-04-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Quando recomeça a falar, diante dos alunos das 137 Escolas pela Paz vindos de 94 cidades e do seus acompanhantes (primeiro entre todos Flavio Lotti, presidente da “Fundação Perugiassisi para o cultura da paz”) o Papa recorda-nos que para cultivar o sonho da paz é preciso “estar despertos e não adormecidos”, já que esse sonho “se leva adiante trabalhando, não dormindo; andando nas ruas, não deitados no sofá; usando bem os meios da informática, não perdendo tempo nas redes sociais; e também - ouçam com atenção - esse tipo de sonho se realiza orando, ou seja, junto com Deus, não apenas com as nossas próprias forças.” O momento atual exige isso de maneira especial, comenta o Pontífice. E de fato, “os desafios de hoje e, sobretudo, os riscos, como nuvens escuras, acumulam-se sobre nós, ameaçando o nosso futuro”.
Existem duas “palavras-chave” em particular: paz e cuidado. Realidades “ligadas entre si”, disse ele. A esperança é portanto que “O sonho coletivo anime um empenho constante, para enfrentar juntos as crises ambientais, econômicas, políticas e sociais pelas quais o nosso planeta está passando.” “Neste tempo ainda marcado pela guerra, recordou novamente o Papa Bergoglio -, peço a vocês que sejam pacificadores; numa sociedade ainda prisioneira da cultura do descarte, peço a vocês que sejam protagonistas de inclusão; num mundo atravessado por crises globais, peço a vocês que sejam construtores de futuro, para que a nossa casa comum se torne um lugar de fraternidade, solidariedade e paz. Eu desejo a você que sejam sempre apaixonados por esse sonho.”
A paz, porém, explicou o Bispo de Roma, “não é apenas silêncio das armas e ausência de guerra; é um clima de benevolência, confiança e amor que pode amadurecer numa sociedade fundada em relações de cuidado, nos quais o individualismo, a distração e a indiferença dão lugar à capacidade prestar atenção ao outro, de ouvi-lo nas suas necessidades fundamentais, de curar as suas feridas, para serem instrumentos de compaixão e cura para ele ou para ela.” Esse é precisamente “o cuidado que Jesus tem para com a humanidade - ressaltou então Francisco -, em particular para com os mais frágeis, e dos quais o Evangelho fala-nos muitas vezes. Do “cuidar” recíproco nasce uma sociedade inclusiva, fundada na paz e no diálogo”.
O Papa agradeceu depois aos garotos presentes “porque com paixão e generosidade” se empenham “a trabalhar no ‘canteiro do futuro’, vencendo a tentação de uma vida achatada apenas sobre o hoje, o que corre o risco de perder a capacidade de sonhar grande. Hoje, mais do que nunca, ao contrário - disse Francisco -, é preciso viver com responsabilidade, ampliando os horizontes, olhando para frente e semeando dia a dia aquelas sementes de paz que amanhã poderão germinar e trazer fruto”. Um evento a ser levado em conta nessa perspectiva é o da Cúpula do Futuro, convocada para Nova York, em setembro, pela ONU “para enfrentar os grandes desafios globais deste momento histórico e assinar um ‘Pacto para o Futuro’ e uma ‘Declaração sobre as gerações futuras’. Trata-se de um evento importante - destacou o Pontífice às crianças -, e também é necessário a contribuição de vocês para que não fique apenas ‘no papel’, mas se concretize e se torne realidade por meio de percursos e ações de mudança”.
O último desejo do Papa - que depois, apesar de se deslocar na cadeira de rodas, desceu entre os presentes, apertando mãos e distribuindo sorrisos, carinhos e incentivos - é que “sempre se importem com o destino do nosso planeta e dos seus semelhantes; se importem com o futuro que se abre diante de nós, para que possa ser realmente como Deus sonha para todos: um futuro de paz e beleza para toda a humanidade”.
Padre Enzo Fortunato também participou do encontro com o Papa, que lembrou o evento do Dia Mundial da Criança, nos dias 25 e 26 de maio. “Será um encontro que irá sacudir os corações daqueles que querem a guerra e irá animar o coração daqueles que querem a paz.”
No final os seis mil presentes cantaram a música “Não temos medo, we are not afraid”. Esta também uma proposta de paz.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Pacificadores em tempos de guerra” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU