16 Abril 2024
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 15-04-2024.
Em uma declaração solene emitida neste fim de semana, o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Jerry Pillay, disse que o órgão não pode conciliar o Decreto do 25º Conselho Mundial do Povo da Rússia que, adotado no fim de março, descreve o conflito na Ucrânia como uma "Guerra Santa".
O decreto, dirigido às autoridades legislativas e executivas russas e endossado pelo chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill, levantou "sérias preocupações entre os membros do CMI".
Entre elas, segundo a declaração, está o fato de que "o Conselho Mundial de Igrejas não pode conciliar a alegação de que 'a operação militar especial [na Ucrânia] é uma Guerra Santa' com o que ouvimos diretamente do próprio Patriarca Kirill, nem com o órgão governamental relevante do CMI".
A esse respeito, lembra-se que, em uma reunião entre Kirill e Pillay, secretário geral do CMI, em Moscou, em maio de 2023, o Patriarca "disse que qualquer referência que ele tivesse feito à 'Guerra Santa' no contexto atual estava relacionada à esfera metafísica, não ao conflito armado físico na Ucrânia. De fato, ele concordou com o secretário geral do CMI que nenhuma guerra de violência armada pode ser 'santa'. O Decreto do 25º Conselho Mundial do Povo Russo contradiz essa posição.
Portanto, e "à luz das posições estabelecidas pelos mais altos órgãos de governo, o CMI não pode aceitar a apresentação no Decreto da invasão ilegal e injustificável da Rússia à sua vizinha soberana Ucrânia como 'uma nova etapa da luta de libertação nacional do povo russo contra o regime criminoso de Kiev'", nem a perspectiva de que "todo o território da Ucrânia moderna deve entrar em uma zona exclusiva de influência da Rússia".
#WCC “cannot reconcile” World Russian People’s Council decree describing Ukraine conflict as “Holy War” https://t.co/urBWbQfqMm pic.twitter.com/plq14rW74y
— World Council of Churches (WCC) (@Oikoumene) April 12, 2024
Assim, Pillay escreveu a Kirill solicitando esclarecimentos sobre se esse decreto deve ser entendido "como uma expressão da posição da própria Igreja Ortodoxa Russa", pedindo também a realização de "uma reunião urgente para discutir o assunto e encontrar maneiras de abordar as preocupações levantadas pela irmandade".
Após a invasão russa ao território ucraniano em fevereiro de 2022, os mais altos órgãos de governo do CMI afirmaram com veemência que "a guerra é incompatível com a própria natureza e a vontade de Deus para a humanidade", chamaram a invasão de "ilegal e injustificável" e rejeitaram "qualquer uso indevido da linguagem e da autoridade religiosa para justificar a agressão armada e o ódio".
His Beatitude Metropolitan Epiphany of Kyiv and All Ukraine visited the World Council of Churches on 10 April at the request of the WCC general secretary, the Rev. Prof Dr Jerry Pillay, to discuss the current situation in #Ukraine. https://t.co/6zeR0NSENN pic.twitter.com/4YC0JF9XMR
— World Council of Churches (WCC) (@Oikoumene) April 11, 2024
Nessas reuniões, esclareceu o CMI, a Igreja Ortodoxa Russa estava representada.
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Advertência do Conselho Mundial de Igrejas a Kirill: a Ucrânia não é uma “guerra santa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU