30 Novembro 2023
“Metanoia” – uma mudança radical e transformadora de coração e de estilo de vida – é o que o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) espera da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas (COP28) da Organização das Nações Unidas (ONU), que começa nesta quinta-feira, 30, em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A comunidade internacional espera os resultados desse encontro com grande expectativa. Afinal, o que está em jogo é a saúde do planeta e o bem-estar da humanidade. Vários relatórios da ONU apontam que o mundo não caminha na direção acordada no Acordo de Paris de limitar a temperatura a 1,5º C.
O Relatório Técnico GST divulgado em setembro passado mostra que o mundo está numa trajetória rumo a um aquecimento global de 2,7º C acima dos níveis pré-industriais, o que trará consequências calamitosas. Para alcançar a temperatura desejada, será preciso substituir, com urgência, os combustíveis fósseis, como petróleo e gás, para fontes de energia renováveis.
A ciência afirma: ainda é possível limitar o aumento da temperatura a 1,5º C e evitar o pior das alterações climáticas, mas para tanto é preciso reduzir em 45% as emissões de gases do efeito estufa até 2030, em comparação aos níveis de 2010.
A COP28 deverá mostrar o que é preciso fazer, imediatamente, para alcançar tais objetivos. O CMI espera que os países que mais emitem gás estufa façam o que dizem.
“Entretanto, os países mais ricos, cuja riqueza foi construída com base na economia dos combustíveis fósseis, estão recuando nos seus próprios compromissos de redução e até investindo na exploração e no desenvolvimento de novos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que não reconhecem a interligação global e continuam a resistir às exigências de justiça para nações e comunidades mais vulneráveis e de baixo rendimento, que são menos responsáveis por essa crise global, mas que já sofrem os seus piores efeitos”, denuncia o Comitê Central do CMI em declaração emitida em 13 de novembro passado, quando esteve reunido em Abuja, na Nigéria.
O documento do CMI apela à COP28 para que países superem os atuais conflitos, confrontos e divisões na comunidade internacional e passem a atuar coletivamente para enfrentar “a urgente ameaça existencial das alterações climáticas como uma questão de responsabilidade moral fundamental para com as atuais e futuras gerações de vida na Terra”.
A expectativa é que a COP28 seja o encontro da virada, quando os países decidirão não só sobre quais ações climáticas mais significativas devem ser tomadas, mas também como realizá-las.
As COP são reuniões anuais de alto nível governamental focadas na questão climática. Desde a adoção do Acordo Climático de Paris na COP21, que estabeleceu o limite de 1,5º C da temperatura média global do planeta, foram realizadas outras COP: em Katowice, onde teve lugar a COP24, em Glasgow, a COP26, na qual foi elaborado o plano de ação, e a COP27, em Sharm-el-Sheik, quando começou a fase de implantação.
A COP28 estará reunida de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que vem a ser o sétimo maior produtor de petróleo do mundo.
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COP28 e a mudança radical na emissão de combustíveis fósseis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU