Ministro dos Católicos LGBTQ escreve ao Papa Francisco e obtém resposta inesperada

Stan “JR” Zerkowski disse que não esperava ver uma mensagem de um endereço de e-mail do Vaticano em sua caixa de entrada na manhã de 13 de outubro. Ao abrir o e-mail, ele também ficou surpreso ao encontrar uma nota pessoal anexa do Papa Francisco.

A reportagem é de Brian Fraga, publicada por National Catholic Reporter, 23-10-2023.

"Fiquei incrédulo ao ver que havia uma nota manuscrita do próprio Papa Francisco. Fiquei chocado", disse Zerkowski, diretor executivo da Fortunate Families, um ministério católico para a comunidade LGBTQ com sede em Lexington, Kentucky.

Stan “JR” Zerkowski. (Foto: Arquivo pessoal)

A nota de duas frases foi escrita à mão em italiano e acompanhada de uma tradução em inglês. Francisco agradeceu a Zerkowski pelo e-mail que enviou ao papa três dias antes, compartilhando seus insights e experiências de seu trabalho no ministério LGBTQ.

"Rezo por você, por favor, continue fazendo isso por mim. Que o Senhor o abençoe e que Nossa Senhora cuide de você. Fraternalmente, Francisco", escreveu o papa na carta, que Zerkowski postou no Facebook.

Nota manuscrita do Papa Francisco que Stan Zerkowski, diretor executivo da Fortunate Families, recebeu por e-mail em 13 de outubro (Cortesia de Stan Zerkowski | Reprodução NCR)

Uma semana depois de receber a mensagem do pontífice, Zerkowski disse ao NCR que ainda se sentia comovido com o gesto do papa.

“Isso mostra que este é um ministério importante e digno do tempo que ele despendeu para escrever uma nota e enviá-la, e para fazê-lo tão rapidamente com tudo o mais que está acontecendo no Sínodo, disse Zerkowski, que também é presidente da Comissão de Divulgação LGBT da Diocese de Lexington e diretor do ministério LGBT na Igreja de São Paulo em Lexington.

Zerkowski não pôde estar em Roma este ano durante a primeira assembleia do Sínodo dos Bispos sobre sinodalidade, na qual os delegados estão, entre outros temas, a discutir como a Igreja Católica pode ser mais acolhedora para a comunidade LGBTQ. Mas ele disse que ainda queria contribuir com as suas ideias como um leigo católico gay que está envolvido no ministério LGBTQ há anos e que participou nas fases de consulta diocesana e continental do Sínodo.

Em 10 de outubro, disse Zerkowski, ele escreveu um e-mail endereçado a Francisco, onde discutiu a experiência e as dificuldades de seu ministério, ao mesmo tempo que agradeceu ao pontífice por seu alcance pessoal em relação à comunidade LGBTQ ao longo dos anos. Zerkowski destacou a calorosa carta de Francisco em dezembro de 2021 à Irmã Jeannine Gramick de Loretto, na qual o pontífice agradeceu a Gramick por seus 50 anos de ministério LGBTQ. Num encontro histórico de 50 minutos, Francisco encontrou-se pessoalmente com Gramick no dia 17 de outubro.

“Eu disse a ele que essas ações e esses encontros salvam vidas”, disse Zerkowski, “e sei que salvam vidas em primeira mão porque lido com pessoas de todos os Estados Unidos, especialmente jovens que podem ficar muito presos ao pensamento de que "Deus não me ama. A igreja não me ama, mas eu sou assim."

“Eu queria que o papa soubesse que esses gestos, essas palavras, esses encontros foram vivificantes e me ajudaram no meu ministério e a outros que trabalham comigo no ministério”, disse Zerkowski. Ele também disse a Francisco que estava orando por ele enquanto pedia ao papa que rezasse por seu ministério.

Tendo escrito seu e-mail durante a primeira semana da assembleia do Sínodo, de 4 a 29 de outubro, Zerkowski disse esperar que sua carta talvez fosse incluída em um dos relatórios dos grupos de trabalho sinodais. Zerkowski disse que teria ficado em êxtase se uma autoridade do Vaticano tivesse respondido a ele com uma carta padrão.

"Quero dizer, quem sou eu para esperar algo do Santo Padre?" disse Zerkowski, que acrescentou que não estava tentando transmitir uma nota de “falsa humildade” ao acreditar que a carta do papa não era realmente sobre ele.

Disse Zerkowski: "É sobre todas aquelas pessoas que por tanto tempo apoiaram este ministério diante de obstáculos incríveis e intransponíveis. E foi uma afirmação de que o ministério é importante para o coração da igreja e, acredito, está sendo abraçado com muito carinho no coração da nossa igreja."

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