29 Agosto 2023
Ao se reportar aos milhares de jovens perdidos no Mar Mediterrâneo enquanto buscavam emprego e subsistência na Europa, o diretor do programa de Testemunho Público e Diaconia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Dr. Kenneth Mtata, defendeu a “Teologia do Trabalho” na Consulta sobre Trabalho da Nova Arquitetura Financeira e Econômica Internacional (Nifea), reunida na Malásia dias 21 a 23 de agosto.
A reportagem é de Edelberto Behs.
A “Teologia do Trabalho”, frisou, deve confrontar os dilemas contemporâneos, valendo-se de recursos teológicos ecumênicos para moldar a compreensão mundial do trabalho. O teólogo natural do Zimbábue abordou o entendimento bíblico do trabalho recorrendo às histórias da criação, no livro de Gênesis, enfatizando o papel da mordomia no cuidado da terra.
Também destacou o tema da tributação justa, que se encontra tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, como uma crítica às desigualdades trabalhistas. A “Teologia do Trabalho” busca suas raízes nas escrituras e na visão compartilhada da transformação.
A plenitude da vida, defendida por Jesus, busca a libertação de todos os seres humanos da exploração, da opressão e da marginalização que violam o dom de Deus da vida – “sejam essas violações diretas ou sejam elas através dos sistemas financeiros e econômicos que moldam as relações humanas e as relações terra-humanas”, diz o documento da Nifea, uma iniciativa de justiça econômica da Comunhão de Igrejas Reformadas, da Federação Luterana Mundial, do Conselho para Missões Mundiais e do CMI.
O documento de Nifea destaca que Jesus “está na trajetória histórica dos profetas hebreus, aos quais ele frequentemente recorreu em seus ensinamentos. Esses profetas foram alguns dos críticos mais contundentes da história humana da injustiça econômica perpetrada por aqueles em posições de poder”.
Nifea apela aos seguidores de Jesus para que rejeitem estruturas e práticas econômicas e financeiras que “frustram o dom de Deus, de vida abundante para todos”. Também lamenta que “nós – como indivíduos, igrejas e sociedades – temos concordado com visões e estruturas econômicas exploradores”.
O documento de Nifea afirma que “a Igreja é composta de colonizados e colonizadores, opressores e oprimidos tanto no Sul Global quanto no Norte Global”. Assim, muitos de “nós” habitamos os campos tanto do opressor quanto do oprimido, as margens do poder e seus centros.
“Esta complexidade complica a busca pela justiça, mas também tem um valor infinito. O Deus da fé bíblica – desde que chamou o povo hebreu – tem trabalhado e falado através daqueles que estão à margem do poder e do privilégio. Priorizemos a situação das pessoas mais vulneráveis e prejudicadas em nossas sociedades, aquelas que são mais afetadas negativamente pelos atuais acordos, instituições, políticas e práticas econômicas e financeiras internacionais. Isso significa apoiar inequivocamente os setores marginalizados (inclusive apoiando os seus movimentos e campanhas)”.
Nifea procura honrar “o privilégio do ‘lado de baixo’ e ser guiados pela sabedoria da solidariedade social expressa em vários contextos e culturas, por exemplo, Ubuntu da África, Sansaeng da Coreia e Sumak Kawsay das culturas Quichua”.
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Sociedades são convidadas a se guiar pela Teologia do Trabalho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU