03 Agosto 2023
Descrevendo a Jornada Mundial da Juventude como "uma parábola da sinodalidade", um funcionária do Vaticano disse a repórteres na capital portuguesa, em 2 de agosto, que o desejo dos jovens de serem "protagonistas" em suas próprias jornadas de fé semeou as sementes para o marco do Vaticano, três anos de consulta mundial aos católicos.
A reportagem é de Brian Fraga, publicada por National Catholic Reporter, 02-08-2023.
"Aprendi a sinodalidade com os jovens", diz a missionária xavière Irmã Nathalie Becquart, subsecretária do escritório do Sínodo dos Bispos, em entrevista coletiva. Ela enfatizou as dimensões sinodais da Jornada Mundial da Juventude, o festival católico de uma semana que atrai centenas de milhares de jovens do mundo todo.
"A Jornada Mundial da Juventude tema ver com um sinodalidade em ação", disse ela. "Com os jovens, a primeira coisa que eles querem é serem ouvidos. O que vivemos aqui, o que vemos, é realmente esse sonho da Igreja sinodal como povo de Deus a caminho, todos juntos caminhando como peregrinos missionários, guiados pelo Espírito Santo". Ao National Catholic Reporter, Becquart falou que o Sínodo dos Bispos de 2018 sobre a juventude cristalizou o conceito de sinodalidade, que é o tema central do Sínodo dos Bispos de 2021-2024, que se reunirá em outubro em Roma e novamente no próximo ano.
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Descrito por alguns analistas como o maior exercício consultivo da história da humanidade, o Papa Francisco fez do Sínodo sobre Sinodalidade uma iniciativa fundamental em seu papado de uma década. Em 2015, o papa disse que a sinodalidade é o que "Deus espera da Igreja do terceiro milênio".
Becquart acrescentou: "Se olharmos para o documento final do Sínodo sobre a Juventude, veremos que o principal fruto, o principal resultado foi o entendimento de que precisamos ser uma Igreja sinodal, e foi expresso com este termo da sinodalidade missionária”.
Pedro Paulo Weizenmann, jovem católico brasileiro voluntário na secretaria do sínodo do Vaticano, disse, após a coletiva de imprensa, que a Jornada Mundial da Juventude é um exemplo concreto de uma Igreja sinodal na prática. "Porque aqui estamos todos juntos", disse Weizenmann. “Jovens, velhos, leigos, religiosos, padres, bispos, o papa, caminhando juntos, no mesmo sentido, no mesmo caminho, conversando, cantando, confessando, tendo experiências profundas nessas conversas”.
Os jovens "despertaram a sinodalidade da Igreja", disse Becquart. Ela descreveu a sinodalidade como “uma dimensão constitutiva da Igreja desde o início”, mas que nunca foi totalmente desenvolvida e foi perdendo a ênfase com o tempo. Uma Igreja sinodal é aquela, segundo Becquart, em que "todos têm algo a dar e todos têm algo a aprender" e onde "até os mais jovens, os pobres e os que não têm voz" podem contribuir "porque o Espírito Santo pode falar com qualquer um".
Francisco procurou usar a iniciativa global de três anos do sínodo para ouvir e dialogar a fim de modelar uma Igreja onde todos os batizados – leigos e clérigos – viajam juntos. Nesta Igreja, os bispos ainda governam suas dioceses, mas consultam os fiéis e ouvem regularmente suas experiências vividas.
Conforme refletido no documento final do Sínodo de 2018, os jovens católicos em particular desejam ser participantes ativos na vida da Igreja, em vez de serem receptores passivos da doutrina. “Durante o sínodo dos jovens, entendemos que a única maneira de transmitir a fé hoje é com o estilo da Jornada Mundial da Juventude, esse estilo de sinodalidade”, disse Becquart, que reconheceu que a maioria dos jovens católicos não usará o termo “sinodalidade " para descrever suas esperanças para a Igreja.
Disse Becquart: "Eles não expressam assim, mas na verdade eles sonham com uma Igreja como um dos irmãos e irmãs em Cristo, com uma Igreja acolhedora que está aberta. Eles sonham com uma Igreja como o corpo de Cristo, guiando a seguir a Cristo. Eles sonham com uma Igreja que pode mudar o mundo, que pode oferecer um mundo melhor".
