05 Junho 2023
"A liturgia é oração celeste que sustenta o mundo... Nesta obra que condensa os temas fundamentais da ciência litúrgica, da sacramentologia geral e do Ano Litúrgico o referido autor ressalta que não é o culto celeste que se realiza no culto terrestre, mas, ao contrário, é a liturgia terrena que deriva da celeste, que é seu reflexo. Aquela é seu modelo e sua fonte", escreve Eliseu Wisniewski em artigo sobre o livro "Liturgia, sacramentos, festas" de Inos Biffi.
Eliseu é mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC-PR, 2013). Presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul. Professor na Faculdade Vicentina, em Curitiba, PR.
Inos Biffi é um autor pouco conhecido no Brasil. Nascido em 24 de março em 1934 em Lomagna (Lecco), Itália, e ordenado presbítero em 1957, tem como objeto maior de estudos a Teologia Sacramental e a História da Teologia e se dedica a pesquisar autores dos séculos XII e XIII e XV a XVII para uma História da Teologia, além de se aprofundar no campo da Teologia Sistemática. Fundador do Instituto para a História da Teologia Medieval de Milão, é diretor do Instituto de História da Teologia da Faculdade de Teologia de Lugano. Em 26 de novembro de 2016 obteve o Prêmio Ratzinger do Papa Francisco, como um estudioso que se destacou particularmente na atividade de pesquisa científica de natureza teológica. Em 9 de julho de 2021, obteve da Academia Bonifácio de Anagni, em nome de seu Reitor Presidente Gr. Uff. Sante De Angelis, a 19ª edição do Prêmio Internacional Bonifácio VIII.
Capa do livro de Inos Biffi. (Foto: Divulgação)
Neste ensaio, Biffi retoma o tema trabalhado em Opera Omnia: a Esperienza del mistero reunindo um conjunto de artigos que surgiram em diferentes contingências, em diferentes tempos. A sua leitura revela a evolução ocorrida no autor ao longo de um período de cerca de quinze anos.
Considerando a liturgia como expressão e fonte do espirito cristão, os capítulos que compõe este estudo consideram estes aspectos: a) a Liturgia Eucarística, que representa o sacramento principal do Mistério Pascal e se irradia nos outros sacramentos; b) o valor teológico e espiritual da piedade litúrgica; c) os vários tempos do ano sagrado, com sua mensagem e sua graça; d) a linguagem da liturgia; e) o sentido de uma reforma litúrgica e também os não raros desvios ocasionados por iniciativas poucos sábias.
Biffi estruturou esta coletânea em três partes: 1) A liturgia (p. 15- 152), 2) Os sacramentos: memória e sinais de salvação (p. 153-394), 3) O Ano Litúrgico ou as estações da salvação (p. 395-638).
A primeira parte é composta de dez (10) capítulos que abordam os seguintes temas: 1) Liturgia e mistério cristão (p. 17-29); 2) Liturgia, experiência da fé (p. 30-41); 3) A liturgia e o sagrado (p. 42-48); 4) Pastoral e piedade popular (p. 49-59); 5) A linguagem litúrgica (p. 60- 74); 6) Liturgia e valores humanos (p. 75-79); 7) A Reforma Litúrgica e seus frutos (p. 80-95); 8) Uma síntese sobre liturgia e espiritualidade (p. 96-117); 9) ulteriores reflexões teológicas (p. 118-134); 10) Formação litúrgica (p. 135-152).
Na segunda parte os assuntos estão organizados em dezesseis (16) capítulos, a saber: 1) Os sacramentos: atos de Cristo e da Igreja (p. 155-177); 2) O sacramento e a vida (p. 178-181); 3) Sinais litúrgicos cristãos (p. 182-190); 4) Sacramentos e espiritualidade cristã (p. 191- 197); 5) A Iniciação cristã: introdução à história da salvação (p. 198- 211); 6) Batizados na fé da Igreja (p. 212-218); 7) Reflexões teológicas sobre o mistério do batismo (p. 219-243); 8) O sacramento da crisma (p. 244-256); 9) O sacramento da eucaristia (p. 257-302); 10) Liturgia e Eucaristia: presença na obra de salvação por força do Espírito Santo (p. 303-316); 11) As anáforas eucarísticas (p. 317-343); 12) O sacramento da penitência (p. 344-370); 13) a unção dos enfermos e o conforto pascal de Cristo (p. 371-374); 14) O sacerdócio ministerial (p. 375-381); 15) O sacramento do matrimônio (p. 382-389); 16) Uma visão de conjunto: sacramentos cristãos, na gênese dos sacramentos, a decisão de Cristo: o sacrifício da cruz, sua autoentrega e a efusão do Espírito, a razão da autocentrante na última ceia, o sacrifício da cruz e seu significado, os sacramentos na história da salvação (p. 390-394).
Entendendo o Ano Litúrgico como a celebração da obra da salvação por parte da Igreja, na terceira parte, Biffi ocupa-se com estas temáticas divididas em duas seções. Na primeira seção, o autor faz em primeiro lugar uma introdução sobre o Ano Litúrgico (p. 397-406) para em seguida abordar: 1) A espiritualidade do Advento (p. 407-425); 2) O tempo de Advento numa Igreja (p. 426-441); 3) O tempo do Natal (p. 442-464); 4) Tempo natalino de uma Igreja (p. 465-481). Na segunda seção, o autor ocupa-se com a Quaresma e a Páscoa. Esclarecendo que a Páscoa é a substância do Ano Litúrgico (p. 483-484) trabalha os seguintes tópicos: 1) O itinerário da Quaresma (p. 485-530); 2) A Semana Santa (p. 531-563); 3) Uma compreensão teológica do Tríduo Pascal (p. 564-577); 4) O mistério pascal (p. 578-591); 5) Da Páscoa a Pentecostes (p. 592-598); 6) Maria na história da salvação (p. 599-602); 7) A festa cristã (p. 603-605); 8) A quaresma de uma Igreja (p. 606-624); 9) O tríduo sagrado de uma Igreja (p. 625-631); 10) espiritualidade litúrgica no tempo pascal (p. 632-638).
A liturgia é oração celeste que sustenta o mundo... Nesta obra que condensa os temas fundamentais da ciência litúrgica, da sacramentologia geral e do Ano Litúrgico o referido autor ressalta que não é o culto celeste que se realiza no culto terrestre, mas, ao contrário, é a liturgia terrena que deriva da celeste, que é seu reflexo. Aquela é seu modelo e sua fonte. E eis a razão: a glória ou a escatologia a abranger e incluir o tempo. Nosso rezar cá na terra está incluído no louvor e na intercessão perene lá no alto; é exemplarmente vivido pela companhia dos bem-aventurados, que torna participantes a nós que ainda estamos a caminho. Nós podemos rezar porque Cristo é o eterno orante e nos associa à sua piedade para com o Pai, à sua ação de graças, às suas invocações. Todos os conteúdos tratados nas três partes deste livro, não se traduzem em um manual de liturgia, pois, na realidade, é uma coletânea de textos/de uma variedade de estudos que Biffi realizou em diferentes tempos e lugares, que poderá ser usado por estudantes de Teologia e estudiosos de liturgia ou por quem se interessa em conhecer e aprofundar as questões litúrgicas. O autor mostra familiaridade com o tema, permitindo ao leitor amplitude e aprofundamento nas questões centrais da liturgia, sacramentos e festas, de forma profunda, clara e simples.
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Liturgia, sacramentos, festas. Artigo de Eliseu Wisniewski - Instituto Humanitas Unisinos - IHU