28 Fevereiro 2023
O cardeal relator geral para o próximo encontro de outubro falou neste domingo na Assembleia Sinodal das Igrejas asiáticas em Bangkok: a experiência da casa comum da humanidade deve estar enraizada na era do individualismo.
A reportagem é de Alessandro De Carolis, publicada por Vatican News, 26-02-2023.
A Ásia "é o continente menos individualista do mundo", conhece bem o valor da "comunidade", muito mais do que a Europa. Mas a Ásia é também a terra com “o maior número de especialistas” em tecnologia e o risco associado à digitalização excessiva é o do “individualismo”. Portanto, é aqui que a Igreja pode e deve incidir com um testemunho de tipo sinodal que mostre pela sua especificidade a beleza de uma vida real em comum, no que diz respeito a certas relações mediadas por uma tela. O cardeal Jean Claude-Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator geral da próxima assembleia do Sínodo dos Bispos em outubro, conclui com este exemplo seu pronunciamento perante a Assembleia sinodal das Igrejas da Ásia, que terminou neste domingo em Bangkok.
O purpurado fez uma breve intervenção em três pontos, partindo do conceito de “sinfonia” evocado no primeiro dia dos trabalhos. "Sinfonia", disse, "significa que muitos instrumentos diferentes, com sonoridades diferentes, produzem juntos um mesmo som" e para chegar lá é preciso "uma certa disciplina, senão não funciona".
A "conversão sinodal", continuou, "é o caminho pelo qual devemos sintonizar nossos instrumentos" a Cristo, o que "significa colocar um pouco para trás o nosso ego", porque "não há sinodalidade sem humildade".
Esta humildade, continuou o cardeal Hollerich, leva consequentemente à possibilidade de “trabalhar juntos” e o caminho sinodal parece melhor pelo que é, isto é, um caminho feito por “pessoas batizadas”, portanto de todas as confissões cristãs. O purpurado disse ver uma vantagem adicional da sinodalidade neste aspecto: “Sinto que haverá uma nova primavera de ecumenismo baseado no batismo. Porque antes nos concentrávamos muito na comunhão. E então ficamos bloqueados. Com o batismo – e no Credo falamos de batismo, não de comunhão – redescobrimos um momento de identidade muito importante para sermos cristãos". E assim como o Sínodo em Roma "começará com a vigília ecumênica de oração em Taizé", seria "bom", foram seus votos, "se em cada diocese houvesse uma oração ecumênica pelo início do Sínodo".
O terceiro ponto foi dedicado pelo arcebispo luxemburguês a "um texto de sinodalidade que", destacou, "nunca foi entendido desta forma – a criação do homem e da mulher". Às vezes, observou, foi interpretado "de uma forma muito personalista: o homem foi criado, eu fui criado".
Depois, na acepção "homem e mulher – matrimônio, família", que é "muito belo, muito verdadeiro" e, no entanto, observou o cardeal Hollerich, a esse mesmo texto pode ser dada "uma interpretação sinodal", e isto é, que "a humanidade foi criada" e "nós, como Igreja, fazemos parte dessa humanidade e somos chamados a servi-la".
Portanto, foi sua síntese, "uma Igreja sinodal é uma Igreja que é missionária de Cristo, que anuncia o Evangelho e serve o mundo. Isso não é tudo, porque se não servirmos ao mundo, ninguém acreditará no anúncio do Evangelho que fazemos”.
O Papa, concluiu o cardeal, oferece uma grande ajuda com suas encíclicas Laudato si' e Fratelli tutti para entender o que significa “servir a criação, a Mãe Terra”, e fazê-lo “junto – Fratelli tutti – com as outras religiões”.
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Hollerich: com o caminho sinodal haverá uma primavera de ecumenismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU