Os paradoxos do catolicismo burguês. As razões de uma pastoral ineficaz. Artigo de Fabio Cittadini

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13 Dezembro 2022

"Uma autêntica pastoral sabe cuidar da pessoa como ela é, na sua condição de vida, nas diversas etapas da vida! Uma pastoral autêntica não se especializa, não se setoriza, mas doa a todos a oportunidade de encontrar o Senhor. Uma pastoral desse tipo não só é eficaz, mas produz espontaneamente frutos de todo o tipo: pessoas que se consagram, pessoas que se casam, pessoas que decidem dedicar a vida aos outros no seu trabalho cotidiano, pessoas que procuram eliminar tanto quanto possível as condições humanas de penúria de todos os tipos (pobreza, injustiça, miséria)", escreve em artigo Fábio Cittadini, professor e consultor editorial italiano, em artigo publicado por Il tutto nel frammento, 15-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Em nossas comunidades, gastam-se energias e recursos, nem sempre com resultados positivos, para uma pastoral que, substancialmente, permaneceu aquela pré-conciliar: administrar o chamado sacramento da Primeira Comunhão e aquela da Confirmação. Estamos diante de uma pastoral que busca interceptar as crianças e os jovens, transmitir noções, ideias como se Deus e o encontro com Deus fossem uma noção a ter ou uma ideia a possuir. Após a Confirmação? Também depois se tenta algo: caminhos de pastoral juvenil, pastoral vocacional, pastoral familiar.

Sob essas classificações, porém, esconde-se uma falha básica: a pastoral é uma e não pode ser setorizada. Uma autêntica pastoral sabe cuidar da pessoa como ela é, na sua condição de vida, nas diversas etapas da vida! Uma pastoral autêntica não se especializa, não se setoriza, mas doa a todos a oportunidade de encontrar o Senhor. Uma pastoral desse tipo não só é eficaz, mas produz espontaneamente frutos de todo o tipo: pessoas que se consagram, pessoas que se casam, pessoas que decidem dedicar a vida aos outros no seu trabalho cotidiano, pessoas que procuram eliminar tanto quanto possível as condições humanas de penúria de todos os tipos (pobreza, injustiça, miséria).

Isso acontece não porque uma ideia foi transmitida, mas porque o Senhor se manifestou a homens e mulheres que, embora frágeis, embora pecadores, decidiram imitar Aquele que desceu ao inferno por amor. Uma pastoral que permite o encontro com o Ressuscitado não é algo fácil! Devido à tendência, típica de todo homem, de preferir o conhecido ao desconhecido, que assusta, em nossas comunidades não se tenta iniciar uma pastoral diferente. Isso também acontece por dois motivos: os sacerdotes não são formados e o povo de Deus não é preparado. Considera-se mais adequado continuar na estrada já conhecida do que tomar um caminho cujo destino não se conhece.

Essa é uma pastoral que não sabe lidar com a mudança das condições culturais, sociais e eclesiais, é uma pastoral que dá um dom a todos – pensemos no sacramento da Reconciliação e na Eucaristia dados em tenra idade, no sacramento da confirmação dado na adolescência – mas não oferece a alegria de usufruir plenamente do dom recebido ao longo da existência. Sobretudo porque, naqueles que receberam os sacramentos da iniciação cristã, Jesus é um conjunto de normas que não devem ser violadas, um conjunto de doutrinas de difícil acesso: como podem eles ser testemunhas alegres do encontro que tiveram com o Senhor? E mais ainda: como podem eles, no caminho temporal da existência, ser testemunhas credíveis de um Deus misericordioso em sua condição de vida?

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