01 Dezembro 2022
Depois de apenas três anos, muda a cúpula das finanças da Cúria Romana. O Papa Francisco aceitou a demissão do cargo de prefeito da Secretaria da Economia da Santa Sé apresentada pelo padre Juan Antonio Guerrero Alves, padre jesuíta, "por motivos pessoais". Em seu lugar, um leigo, Maximino Caballero Ledo - o segundo depois de Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação.
Segundo Guerrero, "a economia deve ser sempre serva, nunca senhora, e ainda mais em uma instituição como a Santa Sé”.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Fatto Quotidiano, 30-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Terremoto na gestão financeira da Santa Sé. Enquanto no Tribunal do Vaticano continua o processo criminal pela gestão dos fundos da Secretaria de Estado, depois de apenas três anos muda o topo do ministério econômico da Cúria Romana. De fato, o Papa Francisco aceitou a demissão do cargo de prefeito da Secretaria da Economia da Santa Sé apresentada pelo padre Juan Antonio Guerrero Alves, padre jesuíta, "por motivos pessoais", segundo o boletim da Imprensa do Vaticano.
Demissão efetiva a partir de 1º de dezembro de 2022. Bergoglio, especifica ainda a nota oficial, “agradece vivamente ao padre Guerrero pela dedicação demonstrada em seu serviço à Santa Sé. Padre Guerrero conseguiu colocar a economia em ordem, foi um trabalho árduo e exigente que deu tantos frutos. O Santo Padre lhe assegura sua oração". Além disso, Francisco decidiu que o sucessor do sacerdote será o atual número dois da Secretaria de Economia, o dr. Maximino Caballero Ledo, espanhol especialista em finanças internacionais. Trata-se do segundo chefe leigo de dicastério da Cúria Romana depois de Paolo Ruffini, prefeito do dicastério para a comunicação.
Uma sucessão indolor em relação à orientação da Secretaria da Economia, já que Caballero Ledo é amigo de infância do padre Guerrero e sempre compartilhou as políticas de gestão implementadas desde que foi nomeado, em 4 de agosto de 2020, número dois no dicastério das finanças da Santa Sé.
Caballero Ledo nasceu em 21 de dezembro de 1959 em Mérida, Espanha. É formado em economia pela Universidade Autônoma de Madri e pós-graduado em administração de empresas pela IESE Business School de Barcelona. Trabalhou em várias empresas espanholas e estadunidenses de 1986 a 2020. De 2007 até sua nomeação para o Vaticano, ocupou vários cargos nos Estados Unidos em uma importante empresa multinacional do setor de saúde.
O padre Guerrero, conforme noticiado pela mídia vaticana, enviou uma carta aos funcionários e colaboradores da Secretaria da Economia explicando os motivos de sua renúncia: “Vocês têm conhecimento que passei por uma cirurgia durante este ano, após a qual me encontro sob tratamento médico que me causa alguns efeitos secundários que tornam particularmente difícil para mim realizar uma tarefa tão exigente como a que estou desempenhando e que exige eficiência física e concentração mental melhor do que aquelas de que disponho neste momento". Na carta, Guerrero lembra o caminho percorrido nestes três anos, explicando que sai "com tristeza, mas também com imensa gratidão ao Senhor, ao Santo Padre e a todos vocês e com a satisfação de que juntos demos uma contribuição para a reforma econômica solicitada" pelo Papa.
“Juntos e em colaboração com outras instituições curiais – escreve o padre – ajudamos o Santo Padre a dar passos importantes na organização econômica da Cúria Romana, na transparência, na credibilidade da Santa Sé em matéria econômica. Ajudamos a ter regras mais claras, mas ainda há muito por fazer: a centralização dos investimentos, maior regulamentação e simplificação dos processos de concorrência, para torná-los mais transparentes e enxutos; a implementação da Direção de Recursos Humanos, que é um novo desafio para melhorar as condições e o clima de trabalho na Santa Sé; o planejamento de uma maior utilização de procedimentos informatizados”. Entra-se agora numa nova fase, explica Guerrero, que “exige uma pessoa mais competente e, sobretudo, que possa usufruir da plenitude das suas energias”.
Por fim, o prefeito em saída acrescenta: “Experimentamos que no processo da reforma há avanços e retrocessos, mas com o passar dos anos vemos um progresso real. Não estamos agora no mesmo ponto de onde começamos. Sabemos, em todo caso, que ser um órgão fiscalizador significa sempre estar em uma posição incômoda para os controlados. Estou certo de que vocês continuarão a desempenhar o trabalho com humildade e espírito de serviço e de colaboração com as outras instituições curiais. A economia deve ser sempre serva, nunca senhora, e ainda mais em uma instituição como a Santa Sé”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Terremoto no Ministério da Fazenda do Vaticano: demissão do jesuíta Guerrero Alves, em seu lugar o leigo Caballero Ledo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU