08 Abril 2021
“No verão passado ele já estava muito fraco, temia-se que estivesse morrendo. Assim chamei o Papa e imediatamente Francisco, por meu intermédio, enviou-lhe a sua bênção. Hans ficou muito feliz, era importante para ele”. O cardeal teólogo Walter Kasper, de 88 anos, conhecia Küng a vida toda, "desde que ele ensinava em Tübingen no final da década de 1950", ele próprio foi seu assistente. “Tínhamos posições diferentes, mas sempre mantivemos contato”.
A entrevista com Walter Kasper é de Gian Guido Vecchi, publicada por Corriere della Sera, 07-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Por que era importante, Eminência?
Porque Küng era um crítico duro, às vezes até injusto, mas no fundo de seu coração sempre foi um homem da Igreja e na Igreja. Ele nunca pensou em deixá-la, sua intenção era fazer o melhor pela Igreja, estando dentro dela. Ele sempre se sentiu cristão e católico. Por isso sentiu-se grato pelas palavras do Papa.
O que ele disse?
Recordo que o Papa me disse para lhe transmitir as suas saudações e bênçãos ‘na comunidade cristã’. E era como se Küng se sentisse em paz com a Igreja e com Francisco, uma espécie de reconciliação. Bento XVI também sabia de sua condição e orou por ele. Alguns diziam: deve ser reabilitado. Mas não faz sentido, quando você está morrendo não se fazem processos, outro juízo nos espera.
Qual foi o ponto de atrito?
Da Humanae Vitae ao sacerdócio feminino, eram diferentes. Mas a crítica central era contra o dogma da infalibilidade papal. A maneira como o fez não agradou a Roma, eu também não estava de acordo.
O que resta de Küng?
Ele tinha a capacidade de falar uma linguagem que todos podiam entender, de explicar a religião aos outros. Assim, ajudou muitos a abraçar a fé ou a permanecer na Igreja.
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Hans Küng. “Estava em paz com a Igreja, Francisco o abençoou”. Entrevista com Walter Kasper - Instituto Humanitas Unisinos - IHU