Papa Francisco está “muito preocupado pelo dano causado” pela nota da Doutrina da Fé, e prepara um “gesto de amor” aos católicos LGBT

Foto: Vatican News

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23 Março 2021

Francisco está incomodado, “muito preocupado”, pelo dano causado aos coletivos LGBT cristãos depois do “não” da Congregação para a Doutrina da Fé à bênção aos casais homossexuais, e por não ter medido as consequências de ter dado sua aprovação ao texto.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 22-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

As palavras improvisadas de Bergoglio durante o Angelus, em que convidava a “semear o amor, não com condenações teóricas, mas com gestos de amor”, evitando “as pretensões de legalismo clerical ou moralismo”.

O Papa quis responder com essas palavras indiretamente à recente condenação de bênçãos aos gays pela Doutrina da Fé? Vários vaticanistas, como Elisabetta Piqué, Austen Ivereigh ou Gerard O'Conell, que apontam um ‘distanciamento’ de Francisco do Responsum’ publicado por dom Ladaria, por trás de seu pronunciamento de domingo. Seja como for, a verdade é que o chamado à misericórdia é muito mais “bergogliano” do que os “moralismos clericais”. Embora também seja verdade que Francisco permitiu que a Doutrina da Fé publicasse a declaração.

É o primeiro passo para 'reparar o dano' causado? Alguns dizem que sim. Fontes consultadas pelo Religión Digital chegam a sugerir que Bergoglio poderia preparar algum tipo de “demonstração de carinho” para com a comunidade LGTBI, que poderia ser traduzida em um comunicado ou mesmo em uma reunião. Em Roma, oficialmente, tudo é silêncio. Incluindo, aliás, a autoria daqueles que levantaram o ‘Dubium’ que motivou a resposta negativa do dicastério do Vaticano.

“Não ficaria surpreso se, neste exato momento, o Papa estivesse contemplando diferentes maneiras de reparar os danos”, disse Austen Ivereigh, jornalista e biógrafa do Papa Francisco, para a RD. Para Ivereigh, “o que seria necessário, agora, é que os gays católicos o escutassem diretamente”, sem intermediários ou notas cuja origem e autoria sejam desconhecidas.

Quem perguntou? Quem respondeu?

Porque esta é outra das polêmicas: quem forçou a pergunta? Fala-se de um grupo de bispos alemães, ou de setores ultraconservadores da América do Norte, mas a Doutrina da Fé nada disse sobre a origem do flagelo. Nem, como apontam alguns especialistas, o fato de o dicastério não ter se reunido em plenário para tratar do tema, apelando para a situação pandêmica. Era realmente tão urgente colocá-lo para fora, no momento em que o Caminho Sinodal Alemão está lidando com essas e outras questões? E, em todo caso, a ‘questão alemã’ não pode ficar de fora desta polêmica.

De fundo, uma reflexão deixada neste fim de semana pelo arcebispo de Melbourne, Mark Coleridge, e que pode conduzir o debate nos próximos meses: “Uma Igreja que diz que não podemos ordenar mulheres é igualmente obrigada a perguntar como poderíamos incluir mulheres na liderança... uma Igreja que diz que não podemos abençoar as uniões do mesmo sexo é igualmente obrigada a perguntar como podemos incluir os casais do mesmo sexo”.

 

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