21 Janeiro 2021
Sentindo a pressão popular e mesmo parlamentar dos pedidos de impeachment de Jair Messias Bolsonaro aumentarem, o presidente deixou um recado aos opositores: “Só papai do céu me tira daqui, mais ninguém”. Para a claque de apoiadores na saída do Palácio do Planalto, o chefe do Executivo disse que tem muita paciência e que é “imbrochável, tá ok?”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Ele admitiu, porém, que é impossível ser um presidente perfeito para toda a população, reportou Ingrid Soares, do Correio Braziliense. “Mas tem que fazer comparação. Dois anos sem nenhum escândalo de corrupção. Cada vez menos recursos pela lei do teto”, mesmo assim fazendo obras, propagandeou. Revelou que a dívida pública brasileira soma 5 trilhões de reais.
Bolsonaro reportou-se, ainda, à posição do ranking de mortos pelo covid-19. “Há pouco temo éramos o quinto em número de mortos por milhão. Agora somos o 24º. Só tem uma explicação: tratamento precoce. Quem não quiser tomar (a vacina) não toma. Fica com falta de ar e vai para o hospital para ser intubado sem problema nenhum”, afirmou, referindo-se ao tratamento com ivermectina e cloroquina.
Para combater o negacionismo do presidente Bolsonaro, que continua afirmando que não vai tomar a vacinar, diferentes organismos estão convidando pesquisadores, artistas e influenciadores na campanha “Dia V”, lançada hoje, 21, enfatizando, na divulgação de pequenos vídeos, áudios de WhatsApp e memes, a importância da vacinação.
Felipe Neto, Paola Carosella, Lulu Santos, Leci Brandão, Laerte e outros confirmaram participação na gravação de mensagens. “Queremos passar a mensagem de que todas as vacinas aprovadas pela Anvisa são seguras”, informou a bióloga Flavia Ferrari, do Observatório Covid-19, em entrevista para Felipe Betim, do El País.
O “Dia V” questiona a falta de iniciativa do governo federal e quer criar uma onda pró-vacinação, derrubando, assim, as dúvidas sobre a eficácia das vacinas levantadas pelo próprio presidente da República e seus apoiadores mais extremistas, que estão inflando o incipiente movimento antivacina brasileiro.
A campanha pró-vacinação, enfatizou Ferrari, tem que deixar de lado a discussão técnica sobre a eficácia e centrar-se numa mensagem propositiva. “O que precisamos é que muitas pessoas sejam vacinadas. Não é uma questão individual, em que a pessoa deixa de tomar um remédio e pode morrer. As consequências de não tomar vacina não são individuais. Vacinação só faz sentido como lógica coletiva”, frisou.
Desde 1973 o Brasil tem um Plano Nacional de Imunização que, desde então, combateu a epidemia de meningite e erradicou o pólio e o sarampo. Mas a adesão aos programas vem diminuindo. Segundo o portal UOL, os gastos com campanhas de vacinação, que chegaram a receber recursos de 77 milhões de reais/ano, caiu para 60 milhões em 2019 e 46 milhões em 2020.
A campanha Dia V é integrada pelo Instituto Questão de Ciência, Observatório Covid-19, Equipe Halo/Nações Unidas, Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo, Rede Análise Covid-19, Blogs de Ciência da Unicamp, Núcleo de Pesquisa em Vacinas da USP, ScienceVlogs Brasil, Sociedade Brasileira de Imunologia, Projeto Divulgar e União Pró-Vacina.
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Bolsonaro: daqui só saio pela mão de Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU