Vacina já com data e hora marcada

Foto: Cindy Shebley | Flickr CC

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

15 Janeiro 2021

"O movimento pela vacinação já, pública e gratuita, traz em si tantos gritos abafados que não podem mais ser silenciados. Em pouco tempo, se o governo federal e com ele governos estaduais e municipais permanecerem no ritmo da lentidão e do burocracismo por onde atua o viés ideológico com o qual a pandemia da Covid-19 vem sendo tratada, outros confrontos, cujas consequências são impossíveis de serem projetadas", escreve Ivânia Vieira, jornalista, professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), doutora em Comunicação, articulista no jornal A Crítica de Manaus, co-fundadora do Fórum de Mulheres Afroameríndias e Caribenhas e do Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas (Musas).

Eis o artigo. 

Vacinação Já! É o grito que se esparrama pelo Brasil. E que este alcance cada casa, cada estância, os quartinhos, becos, as ruas, praças, as comunidades urbanas e rurais. O País precisa ser fortemente sacudido, vencer a letargia, o silêncio, e os acordos reducionistas e criminosos em andamento.

O movimento pela vacinação anti-Covid-19, com aproximadamente 200 instituições e organizações representativas da sociedade brasileira, recebe a cada dia mais aliados. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Ordem dos Advogados do Brasil são algumas das mobilizadoras nacionais e, com muitos braços nas cidades, fazem ecoar o grito para que o governo brasileiro se mexa de fato, apresente respostas transparentes e realizáveis em curto e médio prazo quanto à vacinação dos brasileiros.

Com mais de 200 mil mortos e 8.105.790 contaminados, pelo novo coronavirus, até a data de 11 de janeiro, o governo federal decidiu, também nessa área, seguir o caminho contrário. A morosidade, o descaso e a inexistência de um plano nacional para a vacinação combinam elementos com elevado potencial para aprofundar a tragédia na qual vivem os brasileiros.

O País possui condições efetivas para agilizar o processo de vacinação dos brasileiros. Deveria ter iniciado a ação desde o ano passado. O uso político da pandemia e de todos os itens que a integram levaram o Brasil a viver uma segunda onda que em alguns estados, como o Amazonas (com saldo de mais de 5.7 mil mortes) é exemplo do quanto essa conduta é cruel. A postura de negação da letalidade do vírus, a estúpida posição assumida por determinados grupos econômicos e de gestores públicos produziram resultados criminosos que devem apresentados e cobrados judicialmente do governo. É essa posição a principal responsável pelo cenário de catástrofe que famílias e a maior parcela da população vivem, sob a súplica do socorro médico colapsado e a dor pelas mortes de tantos.

O movimento pela vacinação já, pública e gratuita, traz em si tantos gritos abafados que não podem mais ser silenciados. Em pouco tempo, se o governo federal e com ele governos estaduais e municipais permanecerem no ritmo da lentidão e do burocracismo por onde atua o viés ideológico com o qual a pandemia da Covid-19 vem sendo tratada, outros confrontos, cujas consequências são impossíveis de serem projetadas, estarão ocorrendo nas ruas e nas praças, motivados pelo desespero coletivo.

É tênue a linha entre a sensatez que deveria acionar os governantes, os parlamentares, o empresariado e a sociedade, e a insensatez adotada como arranjo principal para lidar com a pandemia como uma bolsa altamente rentável a uns poucos, aqueles que lucram com sofrimento, doença e morte em larga escala. Essa linha está sendo rompida.

Leia mais