A pandemia do novo coronavírus colaborou para uma perda média de 12,5% na renda dos trabalhadores da Região Metropolitana de Porto Alegre, sendo a quarta região com maior queda, quando comparada com outras regiões metropolitanas do Brasil.
A Região Metropolitana de Porto Alegre é uma das que mais teve postos de trabalhos formais fechados e que mais teve queda na renda do trabalho durante a pandemia do novo coronavírus. Embora mais de 1 milhão estejam recebendo recursos do Auxílio Emergencial, mais de 270 mil pessoas recorreram a empréstimos com instituições financeiras, amigos e parentes.
O texto é do ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
A pandemia do novo coronavírus colaborou para uma perda média de 12,5% (de R$ 1.421 para R$ 1.243) na renda dos trabalhadores da Região Metropolitana de Porto Alegre, sendo a quarta região com maior queda, quando comparada com outras regiões metropolitanas do Brasil. Fica atrás somente de Maceió, Salvador e Recife. A perda da renda na metrópole de Porto Alegre é o dobro da média das demais regiões metropolitanas e do Brasil como um todo.
Apesar da relativa melhora nos últimos meses em todos os municípios, apenas quatro registraram saldo positivo de postos de trabalho formais ao longo de 2020 até setembro. Os dados revelam que esse cenário da Região Metropolitana de Porto Alegre acompanha o Rio Grande do Sul, pois é o terceiro com maior número de postos de trabalho formais fechados, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Porto Alegre também se destaca, sendo a quarta capital que mais fechou postos de trabalho formais do país.
Muitos desses recorreram ao Auxílio Emergencial para conseguir sobreviver, tendo mais de 1 milhão de beneficiários, segundo o Ministério da Cidadania, representando 23,7% da população da Região Metropolitana de Porto Alegre. O município com o maior número de beneficiários é Porto Alegre, com 321,8 mil. No entanto, comparado com os 34 municípios da metrópole, o município com maior número de beneficiários em relação a sua população é em Arroio dos Ratos (41,5%), com 9,8 mil pessoas.
O Auxílio Emergencial também tem ajudado a movimentar a economia da Região Metropolitana de Porto Alegre. Sabe-se que este recurso também impacta especialmente os setores de comércio e de serviços que, segundo a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, representam 81,2% das empresas e 77,5% dos postos de trabalho formais, com o poder de injetar R$ 698,1 milhões na economia da metrópole.
Outra forma de conseguir acesso a dinheiro é por meio de empréstimos. De acordo com a PNAD, 272,2 mil recorreram a empréstimos com instituições financeiras, amigos e parentes. Desse total, 53,1% foram buscados por mulheres da Região Metropolitana de Porto Alegre. Quase 40% do empréstimo adquirido com banco ou financeira foi por pessoas com ensino superior completo ou com pós-graduação.
Ainda de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, mais de 264,6 mil recebem rendimento da pensão alimentícia e 84,1 mil rendimentos do Bolsa Família na Região Metropolitana de Porto Alegre. Antes da pandemia, no ano de 2019, já havia diminuído em 10,5 mil o número de beneficiários do programa.
Esse cenário é também reflexo do desemprego, que apresentou taxa de 12,2% no segundo trimestre de 2020. Antes da chegada da pandemia do novo coronavírus, no primeiro trimestre, que corresponde aos meses de janeiro a março para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a taxa era de 9,8%. Houve, portanto, um aumento de 19,7% na taxa na comparação dos trimestres, o que representa 28,5 mil pessoas a mais desempregadas entre abril e junho, alcançando 253,7 mil no total.
É importante ressaltar que foram fechados 88 mil postos de trabalho formal durante três longos anos (2015, 2016 e 2017), sendo criados apenas 5 mil posteriormente (2018 e 2019). Com a pandemia, foram 49,2 mil postos encerrados até setembro deste ano, segundo dados da Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED.
Esses dados fazem parte do estudo “Mundo do trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre” desenvolvido pelo Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos e o Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. Como se trata de dados trimestrais com muitas variáveis, serão publicados textos com temas específicos do mundo do trabalho na página ao longo dos próximos meses.