31 Agosto 2020
Os católicos marcarão o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado durante a celebração ecumênica do Tempo da Criação, destacando a obrigação, como diz o Papa Francisco, de ouvir o grito da terra e o grito dos pobres, disse o cardeal canadense Michael Czerny.
A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por Catholic News Service, 27-08-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Com o Papa Francisco, esperamos sair da crise da Covid-19 melhores do que antes: mais acolhedores, mais cooperativos, com mais partilha, mais atentos às necessidades da nossa casa comum e de todos que estão nela, e mais próximos do nosso Deus amoroso e criador”, disse o cardeal, que é subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral.
A Igreja Católica e os cristãos de todo o mundo marcam o dia 1º de setembro como o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação e celebram o Tempo da Criação a partir dessa data até o dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado é no dia 27 de setembro.
O “fio condutor” entre as celebrações, especialmente em 2020, disse o cardeal, “é a nossa casa comum em que o grito da terra e o grito dos pobres são um só”.
“Entre os que foram forçados a fugir, estão os expulsos das suas casas pela crise climática, que assume muitas formas diferentes ao redor do mundo: incêndios, inundações, secas, tempestades etc.”, disse o cardeal ao Catholic News Service no dia 26 de agosto.
Ele lembrou que, na mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, ele escreveu: “Para salvaguardar a Casa Comum e torná-la cada vez mais parecida com o plano original de Deus, devemos empenhar-nos em garantir a cooperação internacional, a solidariedade global e o compromisso local, sem deixar ninguém de fora”.
“Claramente”, disse o cardeal, “essas palavras se aplicam com igual precisão e urgência ao modo como todos precisam responder às ameaças ao nosso ambiente natural”, e não apenas à situação dos migrantes e refugiados.
A pandemia da Covid-19 e, principalmente, os confinamentos também iluminaram as conexões entre a saúde do ambiente e os fenômenos de milhões de pessoas forçadas a abandonar as suas casas em busca de paz, segurança e uma vida melhor para si e para suas famílias, disse o cardeal Czerny.
“Durante o confinamento da Covid-19, as pessoas descobriram que os serviços básicos e essenciais eram frequentemente fornecidos por trabalhadores sazonais estrangeiros, e por refugiados e migrantes recém-chegados”, disse ele. “Isso inclui serviços de primeira necessidade, como saúde, alimentação, manutenção, segurança, entregas, etc.”
“Nós não notamos” esses trabalhadores. “Nós os considerávamos como algo evidente, até que a Covid-19 os impediu de trabalhar ou mesmo de sair de casa”, disse ele.
O cardeal disse: “Temos sido igualmente alheios à generosidade da natureza: temos considerado o ambiente como algo evidente, até que a interferência humana nas formas de poluição e de extração, produção e consumo sem cuidado impediram a natureza de nos dar aquilo de que precisamos”.
“As duas situações são mais do que paralelas, elas se conectam concretamente na área de produção de alimentos”, disse ele. “A necessidade de energias, talentos e criatividade dos migrantes tornou-se mais evidente em todos os lugares. O mesmo ocorre com a necessidade de garantir a sobrevivência da terra, do ar e da água.”
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Cardeal Czerny: o cuidado com a terra e a preocupação com os migrantes estão interligados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU