19 Agosto 2020
“A pandemia revelou que nossas vidas dependem dos migrantes explorados”, afirmou o cardeal Czerny, em entrevista para o podcast 'AMDG'.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 18-08-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O cardeal jesuíta Michael Czerny, subsecretário para migrantes do Dicastério de Desenvolvimento Humano Integral, apontou que o desafio dos movimentos migratórios causados pelo aquecimento global tem grande importância para o futuro. “Alguns de nossos maiores erros como família humana é o de como tratamos a Casa Comum. Em nossa seção o vemos refletido nos deslocamentos climáticos, que vão supor um desafio crescente”, afirmou. Ainda, Czerny destacou que, para que a casa seja comum, não podemos “forçar o povo a viver sem condições de dignidade”.
Czerny fez essas declarações durante uma entrevista em inglês para o podcast “AMDG” da Companhia de Jesus. Por meia hora recorreu alguns dos pontos mais importantes de seu trabalho na área de migrantes. O próprio, pertencente a uma família que emigrou da Tchecoslováquia ao Canadá, viveu essa experiência quando criança. “Não é algo que se fala na minha família, mas muitas vezes, quando pessoas migrantes me contam suas viagens, me vêm à memória novamente”, comentou.
O cardeal Czerny destacou que um dos efeitos mais perniciosos da covid nos movimentos migratórios foi o de serem confinados em meio a suas viagens. “[A pandemia] frustrou o movimento das pessoas, ao mesmo tempo que destacou as causas que geram estes movimentos. Hoje, o povo necessita se deslocar, mais que a seis meses atrás: por exemplo, a perda de postos de trabalho é inimaginável”.
Incidiu em que “muita gente, de repente, parasse de trabalhar para o resto da sociedade, e descobrimos que nossas vidas dependem de migrantes, ainda que não tenham direitos ou estejam sendo explorados”, fazendo referência a muitos dos trabalhos que desempenham, como por exemplo, no campo. “Os governos precisam ser generosos”, destacou.
Czerny também destacou a importância de inter-relacionar o local e o global. “Por um lado, nós humanos migramos desde o início dos tempos, e não seríamos a família humana que somos sem esses movimentos. Às vezes foi voluntariamente, outras por obrigação. Por outro lado, não podemos apoiar as igrejas locais se não levarmos em conta suas circunstâncias particulares”, explicou.
Ainda, o subsecretário do dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral aponta que “cada um de nós pode fazer algo”. Lembrou que “por todo o mundo, em muitas paróquias, comunidades cristãs ou congregações religiosas, muita coisa é feita, e é tão fácil ir até esses locais e perguntar em que se pode ajudar”. Assim, explicou o caso do Canadá, que conhece de perto: “Existem paróquias que acolhem famílias refugiadas, e todo o mundo pode fazer algo: ajudar nas compras, ensinar idiomas... gestos práticos de caridade e fraternidade que abrem as portas para o encontro humano, o centro de tudo isso como acredita o Santo Padre”.
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“Na pandemia a perda de postos de trabalho é inimaginável”, afirma o cardeal jesuíta Michael Czerny - Instituto Humanitas Unisinos - IHU