01 Junho 2020
"Nada será possível sem um desenvolvimento doutrinário. Não pode ser feito de outra maneira. Mas o ensinamento relativo à homossexualidade é amplamente discutido em toda a Europa, uma abertura que não apenas permite a discussão, mas a estimula. Há também um certo número de bispos que querem um aprofundamento no âmbito da moral sobre as uniões homossexuais. A mudança será possível?", escreve Lorenzo Prezzi, em artigo publicado por Settimana News, 30-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
É concebível uma benção litúrgica para as uniões homossexuais? A possível bênção requer uma mudança no Catecismo da Igreja Católica? Abençoar é o equivalente ao sacramento do matrimônio? Até onde chegaram as atuais práticas pastorais para casais homossexuais?
Não são perguntas fáceis que, comparadas com o fechamento de todas as possibilidades até agora geralmente praticadas, testemunham a persistência na cultura ambiental ocidental da legitimação da união homossexual e possibilidade de busca por parte da teologia e das práticas de cuidado espiritual.
Um volume intitulado Benediktion von gleichgeschlechtlichen Partnerschaften (Bênção de casais do mesmo sexo) foi publicado pela Pustet (Regensburg - Alemanha). Com curadoria de Ewald Volgger e Florian Wegscheider, o texto reúne os trabalhos realizados em uma conferência. Mas a pesquisa foi iniciada a pedido da comissão litúrgica da Conferência Episcopal da Áustria, que se questionava sobre possíveis horizontes futuros. Os autores falam sobre isso em entrevista à revista diocesana de Linz, Kirchen Zeitung (retomada por Kathpress e La Croix).
Volgger recorda, por um lado, a clara posição negativa do Catecismo (os atos homossexuais não podem ser aprovados e os homossexuais são convidados à castidade), por outro, o movimento na direção contrária à cultura ambiental (a atenção é particularmente para a Áustria) e a tarefa da teologia moral chamada para verificar e elaborar novas abordagens. Se a bênção é excluída com base nas atuais afirmações magisteriais, isso não impede a discussão, pelo contrário, a exige. Especialmente porque existem bispos particularmente atentos e alguns gestos pastorais bastante difundidos, como a bênção por ocasião do Dia dos Namorados a todos os casais, que podem abrir novas perspectivas.
Nada será possível sem um desenvolvimento doutrinário. “Não pode ser feito de outra maneira. Mas o ensinamento relativo à homossexualidade é amplamente discutido em toda a Europa, uma abertura que não apenas permite a discussão, mas a estimula. Há também um certo número de bispos que querem um aprofundamento no âmbito da moral sobre as uniões homossexuais”. A mudança será possível? “Não sei - responde o curador - mas o meu desejo seria tê-lo o mais rapidamente possível. De qualquer forma, do ponto de vista acadêmico, vale a pena considerar”. A eventual bênção é equivalente ao sacramento?
“Não, a bênção não é um sacramento, não está no mesmo nível do matrimônio. No entanto, é um gesto exigente, da mesma forma que as orações contidas na Bênção”. A relação estável entre pessoas do mesmo sexo não é desprovida de um reflexo do amor de Deus pelas pessoas. Se os envolvidos vivem o dom do amor mútuo em lealdade e moldam suas vidas com dons espirituais, como cuidado recíproco, a paciência, o perdão etc. "sua relação também é uma imagem da bondade e benevolência de Deus para os homens". É, portanto, algo mais do que uma simples bênção genérica e coletiva, como no Dia dos Namorados, porque teria caráter formal e litúrgico e expressaria uma obrigação de cuidado, de fidelidade e de exclusividade.
Na Áustria, o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi legalmente reconhecido em 2019. Muitas Igrejas protestantes praticam uma bênção muitas semelhante após discussões muitas vezes complicadas, enquanto a Igreja Católica é claramente contrária. A abertura indicada pelo livro reabrirá a discussão e os dissensos também no âmbito católico e acompanhará as práticas pastorais mais atentas ao mundo homossexual.
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Abençoar as uniões homossexuais? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU