09 Março 2020
O Papa Francisco escolheu a sinodalidade como tema para o próximo sínodo.
A reportagem é de Christopher Lamb, publicada em The Tablet, 07-03-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Vaticano anunciou nesse sábado, 7, que o papa convocará um sínodo dos bispos em outubro de 2022 sobre o tema “Uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
A sinodalidade é uma característica crucial do pontificado de Francisco, e o Sínodo dos Bispos se tornou o veículo através do qual ele procurou implementar as reformas.
Uma Igreja sinodal, segundo Francisco, é aquela que “caminha junto”, aproximando leigos, religiosos, padres e bispos em uma missão contínua de difundir o Evangelho. É um modelo eclesial que afasta o catolicismo de um modelo de cima para baixo em Roma e dá mais voz aos católicos comuns e aos bispos locais.
Logo após sua eleição, o papa disse que “a sinodalidade deve ser vivida em vários níveis” na Igreja e falou sobre a mudança “dos métodos do Sínodo dos Bispos”. Nos anos que se seguiram, ele convocou uma série de encontros sinodais renovados sobre a família, a juventude e a Amazônia, que envolveram consultas abrangentes, debates candentes e documentos finais muito debatidos.
Em 2015, o papa enfatizou que a sinodalidade é “o que o Senhor espera da Igreja no terceiro milênio”, enquanto um documento aprovado por Francisco da Comissão Teológica Internacional de 2018 estabeleceu como isso seria implementado.
A escolha da sinodalidade por Francisco para o próximo sínodo enfatiza as suas ambições de que essa ideia se torne o novo estilo de ser Igreja no século XXI e de que seja entendida melhor.
Embora os sínodos tenham suas raízes na Igreja primitiva e sejam usados por outras denominações cristãs, o corpo do Sínodo dos Bispos na Igreja Católica foi estabelecido em 1965 por Paulo VI, quando o Concílio Vaticano II estava chegando ao fim.
Segundo o Direito Canônico, o sínodo é designado para “fomentar o estreitamento da união entre o Romano Pontífice e os Bispos” e para auxiliar o papa no governo da Igreja. Os encontros “ordinários” ocorrem a cada três a quatro anos, enquanto as assembleias “extraordinárias” ou “especiais” podem ser convocadas a critério do papa.
Embora ele seja tecnicamente um órgão consultivo, em 2018 Francisco concedeu ao Sínodo dos Bispos uma maior autoridade com a constituição apostólica Episcopalis communio. Esta dá a opção de conceder ao texto final aceito pelos bispos em uma assembleia sinodal com uma autoridade própria e, em alguns casos, torná-lo parte do ensino magisterial do papa.
Após a mais recente reunião do Sínodo sobre a Amazônia, Francisco ratificou o documento final aprovado pelos bispos, que incluía uma proposta para ordenar homens casados como padres e a continuidade da discussão sobre a ordenação de mulheres como diáconas. Sua decisão de ratificar esse texto, sem dúvida, abriu as portas para futuras reformas.
Os sínodos convocados por Francisco produziram documentos escritos por ele sobre um ministério familiar renovado (Amoris laetitia), incluindo uma medida muito debatida de dar a Comunhão a alguns católicos divorciados e em segunda união. Após o Sínodo de 2018, ele estabeleceu como a Igreja poderia se conectar melhor com os jovens, enquanto o seu documento sobre a Amazônia se concentrou principalmente na defesa das comunidades indígenas que vivem na região.
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Papa escolhe sinodalidade como próximo tema do sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU