03 Março 2020
Vítimas de abuso sexual por parte de integrantes dos Legionários de Cristo advertiram que essa congregação simula uma investigação e responsabilidade nos casos denunciados.
A reportagem é publicado por El Mañana, 01-03-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Na última quarta-feira, a agrupação religiosa, encabeçada por John Lane Connor, publicou os documentos “Conversão e reparação” e “Proteger e curar” como parte de seu compromisso para fazer frente às acusações de abuso de menores.
Não obstante, as vítimas López Antúnez, Ana Lucía Salazar Garza e Erick Emmanuel Escobar anotaram em uma carta que Connor, que foi diretor territorial dos Legionários de Cristo nos Estados Unidos, foi parte da rede de encobrimento dos casos denunciados por abuso.
“Rejeitamos veementemente a nomeação de Connor como diretor geral enquanto esses casos não forem totalmente esclarecidos. Não pode haver abordagem enquanto o mais alto cargo da congregação continuar a ser ocupado por uma pessoa acusada de encobrir os casos de abuso sexual infantil”, apontaram.
Sobre a vontade dos Legionários de Cristo para enfrentar “com determinação” sua história e ajudar a curar as vítimas, criticaram que essa congregação sempre “joga para começar tudo do zero”.
“Finge que não conhece os casos para confundir a justiça e a sociedade. Mais de uma vez lançaram comunicados estressantes e se vitimizando que obrigam as vítimas a se expor publicamente aos meios de comunicação e voltar a explicar por que nos utilizam para limpar suas imagens, para enganar a sociedade fazendo a opinião pública acreditar que estão fazendo o justo e verdadeiro a favor da infância e das vítimas violentadas sexualmente pela instituição”, expuseram.
“Apresentam novamente um longo e confuso escrito onde não abordam a realidade, prazos, nem ações concretas, somente promessas políticas que não são novas e que jamais cumpriram”.
Segundo os assinantes dos documentos, os Legionários de Cristo não podem ser juízes e parte nos processos de justiça.
“A expulsão de delinquentes de sua congregação não é suficiente e não atende ao interesse superior dos menores. Os cúmplices e encobridores desses delitos também devem pagar por suas ações e omissões, realizadas a favor da instituição e não a favor da verdade e da justiça de crianças que estiveram sob seu cuidado”, escreveram.
Acrescentaram que nessa agrupação existe um sistema de proteção e realocação de pedófilos ao longo de seu histórico delitivo.
“A maior parte dos abusadores ocupava postos de formadores de menores de idade quando os abusos ocorreram. Seu dever é apresentar os pedófilos à justiça junto com seus cúmplices e encobridores, com independência da prescrição do delito. Se os abusadores puderam delinquir ao longo de 50 anos (como no caso de Fernando Martínez) é porque existe um modus operandi que o permitiu”.
Em vez do apoio oferecido pelos Legionários de Cristo, as vítimas demandaram justiça.
“Nenhum membro dos Legionários de Cristo envolvido em delitos de violência sexual infantil, cúmplice ou encobridor está pagando hoje, perante a lei, por seus delitos, mas sim estão resguardados sob o abrigo institucional com seus nomes anônimos e vidas resolvidas. Para os violadores foi garantido tudo, para as vítimas nada”, manifestaram.
O Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o seu X Colóquio Internacional IHU. Abuso sexual: Vítimas, Contextos, Interfaces, Enfrentamentos, a ser realizado nos dias 14 e 15 de setembro de 2020, no Campus Unisinos Porto Alegre.
X Colóquio Internacional IHU. Abuso sexual: Vítimas, Contextos, Interfaces, Enfrentamentos
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México. Vítimas acusam os Legionários de Cristo de simulação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU