07 Janeiro 2020
Ele era uma mente criminosa refinada e era descrito como uma espécie de demônio, um corruptor nato. A primeira denúncia de abusos contra o padre Marcial Maciel Degollado, fundador dos Legionários de Cristo, chegou ao Vaticano em 1997, mas foi imediatamente encoberta. Ninguém queria ouvir as vítimas. Assim como todas as outras notificações que vieram mais tarde. A blindagem ao padre Maciel na cúpula do Vaticano era muito alta, começando pelos cardeais Stanislaw Dziwisz e Angelo Sodano.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 23-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Foram necessárias várias tentativas, incluindo um confronto entre Sodano e Ratzinger que, ao contrário, era favorável a prosseguir e punir Maciel, para chegar à intervenção na congregação e sancionar o octogenário padre mexicano, mesmo que ele nunca tenha sido reduzido ao estado laico. Só lhe foi ordenado de se retirar para a vida privada. Era 2006 e ele morreu de câncer em 2008, na Flórida, cercado por sua segunda esposa e filha. Sim, porque Maciel também teve uma primeira esposa, casada com um nome falso e com quem teve dois filhos, ambos abusados.
O caso mais abominável de abusos que já ocorreu na Igreja na época moderna, apenas hoje, depois de tanto tempo, é revelado e tornado público em detalhes. A congregação em uma espécie de revelação, liberou tudo o que era anteriormente secreto. Maciel sozinho estuprou 60 menores. Mas ele não era o único que abusava dentro da ordem. As vítimas menores de idade confirmadas desde a década de 1950, quando a estrutura foi fundada, são 175 para um total de 33 padres envolvidos.
O que tornou possível esse massacre foi o sistema de sujeição psicológica e de lavagem cerebral dos meninos que o padre Maciel havia instituído, criando sigilo e controle em todos os níveis, até criar um sistema monstruoso: aqueles que entravam eram obrigados a cortar o contato com o exterior. Até os noticiários eram depurados das notícias consideradas inconvenientes e, naturalmente, os contatos com as famílias de origem eram filtrados. Correio, e-mail, telefonemas. Nesse clima, amadureceram também desvios e crimes.
Acesse aqui a íntegra do relatório, em inglês.
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Legionários de Cristo, dados chocantes: em 80 anos foram abusados 175 menores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU