11 Setembro 2019
Alfredo Ferro Medina é um jesuíta colombiano que atualmente trabalha como coordenador do Serviço Jesuíta Pan-amazônico, cuja sede é em Leticia, capital do departamento do Amazonas, na Colômbia. Ele também é conselheiro e membro do Comitê Executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Este é o seu diálogo com L'Osservatore Romano.
A entrevista é de Marcelo Figueroa, publicada por L'Osservatore Romano, 10 e 11-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Com referência ao "Instrumentum laboris", em particular ao capítulo III, como você percebe a interação entre a visão da Igreja e a face amazônica, com seus aspectos missionários, mas ainda assim respeitando a espiritualidade própria das comunidades indígenas?
Creio que um dos desafios mais importantes que a Igreja enfrenta quando se trata de criar novos caminhos e sobre como os missionários e as missionárias deveriam realizar a evangelização seria a de reconsiderar a nossa prática no território. Na minha opinião, esse empenho baseia-se no diálogo intercultural e religioso, que pressupõe e requer uma profunda capacidade de escuta. Já se passaram os tempos em que podíamos nos dar ao luxo de ter esquemas mentais plasmados em uma doutrina rígida, em lógicas externas que olhavam o mundo apenas do nosso ponto de vista, em ritos ocidentais que não levavam em conta os símbolos e as celebrações próprias dos povos indígenas e assim por diante. Precisamos mudar nossa maneira de agir e, para ter sucesso, é necessário e urgente reconhecer nossos erros e estar humildemente dispostos não apenas a dialogar, mas também a aprender.
Em sua opinião, quais são as contribuições mais significativas que a visão jesuíta e, em seu caso particular, o serviço na área da “Tríplice Fronteira” são capazes de oferecer aos desafios do sínodo na Amazônia?
O ato de ser um serviço e não exatamente uma obra jesuíta, já que nos chamamos Serviço Jesuíta Pan-amazônico, nos permite ter grande liberdade de ação, pois nossa missão é sensibilizar, reunir, animar e criar ações específicas em favor da Amazônia. graças a uma rede da qual também participam a Companhia de Jesus (no âmbito educacional e social) e a Igreja da América Latina, com um empenho específico nas operações da Rede Eclesial Pan-Amazônica, tanto no nível global como na Tríplice Fronteira. Deste objetivo deriva nossa participação ativa na preparação do encontro pré-sinodal da Igreja Colombiana, realizado recentemente em Bogotá nos dias 13 e 14 de agosto, e no encontro intereclesial pré-sinodal de fronteira que acaba de ser realizada, em Tabatinga, no Brasil, em 6 e 7 de setembro. Nosso objetivo é dinamizar toda uma série de processos.
De que maneira, na sua opinião, se deveria fazer com que a Amazônia (pré e pós-sínodo) e todas as suas problemáticas ecológicas, sociais, culturais, políticas, etc. se tornam uma questão global, evitando o provável perigo de que a situação permanece confinada ao sul do continente ou até mesmo apenas ao Brasil?
O fato de o sínodo ser realizado em Roma é uma maneira concreta de globalizar a Amazônia e torná-la uma questão universal, transmitindo a mensagem de que o planeta pertence a todos e que o que está acontecendo na Amazônia diz respeito a toda a humanidade, incluindo a territórios que não fazem parte daquela área. Por outro lado, o impulso que o Papa Francisco deu ao Sínodo e o apoio à Igreja amazônica como tais são fatores fundamentais para colocar no centro da atenção o território amazônico e em suas problemáticas. Francisco acompanhará de perto o Sínodo e seus desenvolvimentos, também por causa do desejo concreto do Pontífice de incentivar as mudanças e as transformações da Igreja amazônica, que terão necessariamente repercussões sobre outras Igrejas, em níveis local, nacional e continental e até sobre a própria Igreja universal. Por fim, a experiência da Rede Eclesial Pan-Amazônica, cujo objetivo é superar fronteiras e buscar maior sinergia entre as várias Igrejas locais e nacionais graças a uma visão global, foi incrivelmente útil e levou a uma compreensão ampla e universal do problema.
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Para o jesuíta Ferro Medina, a Igreja deve se abrir para a realidade amazônica. Além dos esquemas usuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU