19 Agosto 2019
O Sínodo para a Amazônia está em um momento que pode ser de particular importância ao longo de todo o processo. Depois de dois meses da publicação do Instrumentum Laboris, que não podemos esquecer, causou principalmente reações positivas e algumas contra, tanto dentro como fora da Igreja, e pouco menos de dois meses para o início da assembleia sinodal, a ser realizada no Vaticano, de 6 a 27 de outubro, o conhecimento dos detalhes desse processo é de particular importância, especialmente para aqueles que estarão presentes na aula sinodal.
A entrevista é de Luis Miguel Modino.
Alguém que conhece de dentro todo este processo sinodal é Mauricio López, Secretário Executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM. Nesta entrevista, analisa o momento atual, “em que de alguma forma não temos certeza absoluta do que vai acontecer”, mas onde, acima de tudo, somos chamados a “avançar, além de situações que podem ser adversas, acima de certas críticas do exterior que denotam uma grande falta de conhecimento da realidade profunda”.
Este momento nos faz descobrir “sementes que foram semeadas há muito tempo e que poderiam dar frutos, ou começar a germinar neste Sínodo como possibilidades reais e concretas”, diz Mauricio López. São sementes que podem fortalecer e renovar a estrutura eclesial, reavivar o tema dos sacramentos, e passos que nos permitem avançar no campo da ecologia integral e da interculturalidade.
Não esqueçamos, como recorda o Secretário Executivo da REPAM, que “neste Sínodo a Igreja quer repensar o seu modo de ser em meio a estas realidades”, que fazem parte da vida desses povos, que estarão no Sínodo, pois “os povos originários não precisam de nenhum interlocutor porque têm voz própria”. Por isso, temos que entrar neste processo sinodal que, como recordou o Papa Francisco, é "filho de Laudato Si", uma afirmação com a qual "ele lhe confere status de importante evento eclesial que pode enriquecer a própria reflexão doutrinal".
Como alguém que conhece os passos do processo sinodal desde o início, como definiria o momento atual, dois meses após a publicação do Instrumento de Trabalho e dois meses antes do início da assembleia sinodal?
Neste exato momento, há a sensação de descer do Monte Tabor. Isto é, depois de ter sentido uma profunda revelação de Deus através da experiência da Igreja durante décadas neste território, e na esperança dos povos e comunidades em si em toda a escuta sinodal, como tecido de nossa caminhada como rede, nós sentimos que tem havido expressões da voz de Deus que não são nossas, que vêm de muito mais longe e muito mais profundas. E antes disso há esse anseio que é a tentação de permanecer ali, de ficar no lugar seguro, de gozar e apreciar a beleza de estar junto, sentindo a presença do Senhor da Vida, mesmo em tempos complexos, e onde é vivenciada muita, muita alegria profunda.
Mas com aproximadamente dois meses para o Sínodo, o chamado interno para seguir o instinto interior de acompanhar Jesus nessa ascensão a Jerusalém é sentido, na qual não estamos absolutamente certos do que irá acontecer. Onde Ele vai em frente, onde também há momentos de profunda confusão, onde nossa humanidade e fragilidade nos fazem perder em ocasiões do essencial, querendo ser os protagonistas, sermos visíveis, ou cumprir nossa vontade e não a vontade de Deus, que é Esperança para a vida da Amazônia e seus povos. Tudo isso na força missionária da Igreja. Nesse sentido, há um chamado para ir adiante, além de situações que podem ser adversas, acima de certas críticas de fora que denotam uma grande falta de conhecimento da realidade profunda, e que, claro, de algum modo, têm um impacto em algumas pessoas, mas apesar disso, estamos absolutamente confiantes de que é Jesus quem está liderando o caminho.
Foto: Luis Miguel Modino
Neste sínodo, também nos sentimos confirmados na confiança na vontade do Senhor. E embora isso possa trazer sinais da Cruz, porque de fato há muitas cruzes no dia-a-dia na Amazônia nos assassinatos de líderes, em toda a violação dos direitos dos povos indígenas, na despejo de suas terras, em colocar à venda e promulgar leis para facilitar muitas iniciativas extrativas que destroem. E, por outro lado, o agrotóxico que está matando a terra, a flora, a fauna, envenenando e deixando as pessoas doentes. Lá estamos vivendo o sentido da Cruz que também está se tornando evidente neste território e para este Sínodo, mas como crentes nos abraçamos na certeza de seguir a Jesus e seu chamado para caminhar na certeza da ressurreição.
Creio que o caminho para o Sínodo nestes dois meses deve ser sustentado a partir disso, da certeza de uma nova vida que é uma promessa, dos novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral que virá, e de todos os sinais de esperança que transbordem aqueles da morte, e saber que, apesar de passar por momentos de confusão e dúvida, os elementos essenciais serão esclarecidos em uma visão de muito mais longo prazo. Este é um verdadeiro kairos eclesial, e por isso nos afirmamos na voz e na vida dos povos e comunidades, na missão da Igreja no território, encarnada na Amazônia, e neste tempo auspicioso de Deus, reconhecemos que não é nosso, mas seu, e nós prevaleceremos no caminho para outro mundo possível.
Uma vez que conhecido o que enfocará as discussões, quais questões podem ter mais relevância e potencial para serem assumidas na assembleia sinodal?
Tenho a sensação, à luz de tudo o que se escutou, e esta é uma opinião absolutamente pessoal, de que já existem algumas características de processos em movimento, de sementes semeadas há muito tempo e que poderiam dar frutos, ou começar a germinar neste Sínodo como possibilidades concretas e reais.
Por um lado, uma possibilidade estrutural mencionada no Intrumentum Laboris de que uma estrutura específica a serviço da missão da Igreja na Amazônia é factível, para levar adiante tudo o que não pode ser resolvido no Sínodo, ou que que simplesmente se estabelece como uma intuição que pode ser acompanhada a médio e longo prazo. Nisso, algumas das propostas que ouvimos têm a ver com estrutura. A possibilidade de criar uma plataforma especial da Igreja e os bispos na Pan-Amazônia, que seja uma instância formal, fiel à profunda intuição deste Sínodo, e que também tem sido a intuição da própria REPAM, de pensar neste bioma como espaço vivo, como lugar teológico. A Pan-Amazônia como território, que não pretende substituir as estruturas existentes, nem no plano eclesial, nem no político administrativo. Mas para fortalecer uma pastoral de conjunto, como sonhou o documento da Assembleia do CELAM Aparecida em 2007.
Parece haver condições hoje para que isso seja possível. Devemos apreciar muito a grande abertura e solidariedade do CELAM neste momento, que em seu próprio processo de reestruturação, abraça e acompanha o Sínodo Amazônico. A mesma atitude tem a CLAR e a Caritas da América Latina, e também as conferências episcopais, as sete que estão neste território, que estão somando e acompanhando todo o processo sinodal. Tudo isso mostra que é possível acreditar que, se o discernimento leva a uma nova estrutura complementar, e não a um substituto, para a territorialidade pan-amazônica, isso permitiria que as sementes do Sínodo encontrassem o campo certo para germinar e dar vida ao mundo em curto, médio e longo prazo. Sempre no sentido de profunda comunhão com todas as demais instâncias eclesiais que ao longo dos cinco anos da REPAM acompanharam e participaram de todo este processo. É possível e desejável viver uma verdadeira pastoral de conjunto.
Um segundo elemento que me parece muito presente nas escutas do Sínodo é o de abordar com seriedade e clareza a crise socioambiental expressada na ecologia integral, que deve ser um elemento inerente à missão cotidiana de toda estrutura eclesial na Pan-Amazônia. Assim como há ministérios especiais para os serviços prioritários da Igreja no anúncio e na liturgia, poderiam ser promovidos ministérios especiais para o cuidado da Casa Comum. Isto é, nos apropriarmos da responsabilidade pela concretização da Encíclica Laudato Si em todos os níveis da Igreja, com a mesma importância que os outros serviços inestimáveis da nossa estrutura eclesial.
Tudo isso, que está estabelecido na encíclica Laudato Si, como um elemento da doutrina social da Igreja, tem que ser desenvolvido e precisa de estruturas permanentes para ser sustentado ao longo do tempo. Trata-se de implementar os capítulos cinco e seis da encíclica, que já são capítulos programáticos. Lançá-los em todos os níveis da missão da Igreja na Amazônia, e com especial atenção à ecologia cultural, que tem a ver com os povos originários. Abraçar e reafirmar a força de sua relação com o território, com a natureza, com as espiritualidades, a fim de abraçar a força de seu testemunho, e que possamos trabalhar juntos na defesa explícita da vida, dos direitos humanos, dos territórios e das diversas identidades culturais na Pan-Amazônia.
Foto: Luis Miguel Modino
Por outro lado, sobre o tema dos novos caminhos para a Igreja, percebo que há um pedido para pensar a maneira de sustentar a vida da Igreja como tal no território, para assegurar a presença e pensar em novos caminhos para que a Eucaristia seja o centro da vida cristã, baseado nas dinâmicas cotidianas e nas comunidades que podem assumir seus próprios processos desde serviços específicos para proteger o sentido da fé, o centro da fé, e assegurá-lo para as comunidades. Não ser apenas comunidades da Palavra, mas da Comunhão, com o centro que é a Eucaristia. Conseguir uma presença explícita e cotidiana, para não ter só uma visita pastoral, mas também uma presença pastoral. Que seja uma pastoral inculturada, baseada nas características das culturas, com suas línguas, em uma visão que também reconheça a força das características dessas comunidades e de sua cosmovisão. Tudo isto enriquecerá a experiência da fé numa experiência de verdadeira sinodalidade e comunhão eclesial.
Um elemento final que me parece estar presente no discernimento sinodal, conforme expresso pelo Instrumentum Laboris, será a abertura às diversidades, no sentido da interculturalidade, fora da esfera cristã e católica. No sentido de caminhar com os povos originários, reconhecendo o valor de suas identidades e espiritualidades, sua profunda proposta de bem viver, para poder entrar em um diálogo sereno e fraterno de enriquecimento recíproco, que permita que as culturas da Amazônia tenham mais vida e vida em abundância. Que o projeto de Deus continue a se expandir por toda essa realidade, que o planeta tenha um futuro também abraçando e compreendendo a riqueza e a força dessas culturas nativas que protegem e atuam como verdadeiros guardiões desse bioma. Não pretendendo nos tornarmos eles, nem que eles se tornem nós. Nesta área, trata-se de enriquecer uns aos outros e juntos proteger a vida e o futuro que está tão claramente em risco com esta inevitável crise climática.
Uma das questões que provocou mais reações é a da ordenação de homens casados para celebrar a Eucaristia nas comunidades mais distantes. Como essa questão pode ser abordada durante a assembleia sinodal?
O cardeal Kasper desenvolveu os argumentos teológicos necessários para esclarecer dúvidas e ter critérios suficientes de discernimento a esse respeito, e vários bispos do território expressaram a necessidade de encontrar soluções reais para a celebração eucarística nessas comunidades. É importante entrar no tema com todos os elementos necessários de reflexão, com o apoio teológico e doutrinário relevante, mas ao mesmo tempo deve ser um aspecto assumido apenas em termos da visão ampla da realidade e das necessidades das comunidades, e a busca de que eles possam viver plenamente seu senso de fé e vida como crentes.
Mas não podemos perder o foco do tema do Sínodo que é a Amazônia, seus povos e comunidades, especialmente os povos originários.
Outro elemento fundamental é que temos de garantir que qualquer proposta que seja dirigida como resultado do Sínodo não produza uma fragmentação entre os novos caminhos para a Igreja e aqueles que têm a ver com a ecologia integral. Toda proposta deve integrar as duas dimensões da proposta sinodal. Ou seja, colocar a Evangelii Gaudium em diálogo, com sua proposta de trabalho pastoral em saída e conversão pastoral, com a Laudato si e toda sua proposta de conversão ecológica ou socioambiental. Tudo isso para tentar direcionar essa perspectiva de renovação sinodal na Igreja.
Tudo o que deve ser discutido e discernido deve ser assegurado em um verdadeiro ambiente de discernimento, para que o sonho de Deus, que todas essas comunidades tenham vida e vida em abundância, seja realizado gradualmente.
Devemos nos comprometer seriamente a ser uma Igreja mais profética e samaritana, a curar as feridas desses cristãos específicos que estão sendo mortos e violados nas faces dos mais vulneráveis e os mais vulnerados. Por outro lado, nos sentimos convidados a valorizar as propostas de vida dos povos originários que podem nos ensinar outras maneiras de nos relacionarmos com nós mesmos e com o que nos rodeia. Devemos superar essa visão da teologia da prosperidade, tentar continuar aprofundando nesta teologia da Criação, numa verdadeira teologia da Encarnação.
O Sínodo pode ajudar os povos indígenas da Amazônia a serem realmente conhecidos e reconhecidos pela sociedade e pela Igreja. Qual é a importância destes povos dentro do processo sinodal e até que ponto as suas vozes influenciam e podem influenciar a assembleia sinodal?
Os povos originários não precisam de nenhum interlocutor porque têm sua própria voz. As comunidades indígenas não precisam de intérpretes para fazer suas propostas por novos caminhos, com base em seus sistemas tradicionais de vida e bem viver, porque eles já têm seu caminho e muito para nos oferecer também. Agora, neste Sínodo, a Igreja quer repensar seu modo de ser em meio a essas realidades, e com os povos originários tem que estabelecer novos caminhos de diálogo profundo, onde seja assegurada uma inculturação adequada com aquelas comunidades crentes que também querem viver mais em profundidade sua fé em Jesus Cristo.
Acho que será um grande desafio poder trabalhar nesse sentido e, por outro lado, continuar aprofundando a interculturalidade, isto é, valorizando culturas particulares e diversas, em sua sabedoria e espiritualidade, que refletem sua própria riqueza. Devemos promover caminhos nos quais possamos ter aprendizado mútuo. Há quem acredite que isso perderia nossa identidade, quando se trata de valorizar e promover a cultura do encontro, como o próprio Jesus fez com diferentes culturas, especialmente com mulheres como a samaritana ou a siro fenícia. Neste encontro houve uma troca genuína, onde Jesus deu o que era seu, a riqueza do seu ser, mas também foi acolhedor da identidade e do valor do ser dessas outras pessoas.
Foto: Luis Miguel Modino
Assim, neste sentido, acreditamos que este Sínodo nos permitirá tornar-nos mais sensíveis e conscientes de algo que para quem caminha, vive e trabalha na Amazônia, é um elemento essencial e imprescindível de sua missão: a necessidade de crescer em sensibilidade, abertura à escuta, de se deixar tocar, e às vezes abandonar uma rígida postura de imposição, para navegar ao ritmo das águas e poder encontrar o Cristo inédito em meio a essas realidades. Então eu acho que isso vai ser um desafio muito interessante.
E diante daqueles que questionam ou se perguntam sobre a presença dos povos originários no Sínodo amazônico. Na consulta realizada pela REPAM, onde foram cerca de 87 mil participantes, temos um registro de cerca de 170 diferentes nacionalidades indígenas representadas em menor ou maior grau na escuta sinodal. Em muitos dos processos preparatórios, especialmente em algumas comunidades maiores, como os povos Yanomami, Macuxi e Wapichana, houve também extensas consultas entre as próprias comunidades indígenas, que depois enviaram seus delegados a assembleias e fóruns temáticos.
A REPAM teve pelo menos dois fóruns específicos. Um sobre povos originários onde estavam representados cerca de 35 diferentes nacionalidades indígenas, de toda a Pan-Amazônia. E, por outro lado, também um fórum com as organizações regionais dos povos indígenas da Amazônia, com quem houve um espaço profundo para a escuta mútua, no qual também podiam levantar suas preocupações, feridas, propostas e perspectivas. No Sínodo, de fato, haverá um número de auditores representantes dos povos originários, como indicado pelo Secretariado do Sínodo dos Bispos. Isso reflete o desejo profundo do Papa deles estarem presentes lá.
Na Casa Comum da Amazônia, que será um espaço físico externo ao Sínodo, mas muito ligado e em comunhão com ele, haverá múltiplos espaços de intercâmbio, haverá uma grande representação dos povos originários, e eles certamente terão momentos de interação com alguns dos Padres Sinodais que assim queiram.
O Sínodo para a Amazônia é algo para toda a Igreja, até que ponto este Sínodo está sendo assumido pela Igreja universal como uma reflexão prioritária?
O Sínodo é potencialmente um sínodo universal porque é um sínodo bidimensional. Isto é, centra-se em um foco específico, que é a territorialidade Pan-Amazônica, mas não deixar de ser por isso um sínodo da Igreja Universal. Portanto, esperamos e sabemos que haverá representação, pelo menos simbólica, de outras regiões do planeta. Nesse sentido, temos a certeza de que, enquanto não perdermos o foco da Amazônia como assunto prioritário, suas comunidades, especialmente os povos originários, ou com ênfase nos povos indígenas, também vai iluminar, inspirar e acompanhar toda a riqueza da nossa Igreja Universal e outras regiões.
Já vivemos isso nos processos geminados da REPAM, das redes eclesiais na Bacia do Congo, no sistema de florestas tropicais da Ásia-Pacífico, no corredor biológico mesoamericano, no Aquífero Guarani e em toda a reflexão regional europeia. Existem muitas características dos processos globais que estão se tornando dinâmicas a partir dessa visão territorial. Então, embora o Sínodo não deixe de ser um exercício de reflexão sobre o foco específico da Amazônia, seus frutos podem ser sementes e fontes de vida para outras territorialidades.
Essa bidimensionalidade do Sínodo Amazônico é muito importante, mas o foco não pode ser negligenciado. Porque, por outro lado, como o Papa disse, é a periferia que ilumina o centro, que o purifica. É a periferia que, embora permaneça periférica, assumindo seu status como marginal e, portanto, germinal, produz e ajuda o centro a encontrar também seus novos caminhos.
Onde pode o processo deste Sínodo conduzir à Igreja, como pode marcar o futuro da própria Igreja?
Não temos dúvidas, como o Papa já havia dito há alguns dias em uma entrevista ao jornal Stampa, o Sínodo amazônico é filho de Laudato Si. E como filho de Laudato Si, ele tem os mesmos elementos para exigir uma conversão socioambiental. Quando o Papa chama o Sínodo para a Amazônia de filho da Laudato Si, ele lhe dá o status de importante evento eclesial que pode enriquecer sua própria reflexão doutrinal.
Quando o Papa Francisco, como o pai que recebe o filho que partiu e retorna, acolhe-o e o cobre com seu manto, e o reconhece como filho legítimo, da mesma forma, o Sínodo amazônico é um filho legítimo e reconhecido pelo pai, que sai para encontrá-lo. Este Sínodo tem todos os elementos da riqueza doutrinal da Laudato Si. Portanto, as luzes que ele possa trazer influenciarão profundamente toda a reflexão doutrinal. O Espírito de Deus sopra do sensus fidei, isto é, o sentido de fé do próprio povo, que segundo o Concílio Vaticano II é infalível quando acredita. Peçamos aos Padres Sinodais que corajosamente honrem esse sensus fidei.
Temos que ter certeza de que este Sínodo, em sua profecia, é fiel aos clamores da realidade dos pobres e da irmã Mãe Terra, que ressoam no coração da Igreja, de uma Igreja mártir e profética, que quer continuar caminhando, e não ficar no Tabor, mas pegar a estrada para Jerusalém.
Porque muitos estão sendo crucificados, e aqueles que querem fazer da Igreja um adversário, realmente nos mostram essa profunda incapacidade de reconhecer os sinais de dor de seus irmãos e irmãs que experimentam essas situações trágicas na vida cotidiana, que são uma consequência do pecado estrutural com que são favorecidos outros interesses externos. É importante que sigamos o Papa neste sentido de confirmação na fé, no Cristo da vida, mas também no crucificado e ressuscitado que nos chama a andar nesta certeza de assumir a Sua vontade, a Sua escolha, mesmo no meio da nossa confusão e fragilidade. Queremos caminhar em direção a este Sínodo firmes na alegria do Evangelho, sabendo e acreditando que estamos colaborando para que haja vida e vida em abundância para toda a Amazônia e para o mundo.
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“Este Sínodo, em sua profecia, é fiel aos gritos dos pobres e da irmã Mãe Terra”. Entrevista com Mauricio López - Instituto Humanitas Unisinos - IHU