Por: Marilene Maia e João Conceição | 22 Julho 2019
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, desde o início do ano, tem analisado os indicadores educacionais, da educação infantil à graduação. Na análise desta semana, o ObservaSinos analisa as taxas de distorção idade-série, aprovação, reprovação e abandono dos alunos do ensino fundamental e médio do Vale do Sinos.
Eis o texto.
A distorção idade-série trata-se da proporção de alunos com mais de dois anos de atraso escolar. No Brasil, a criança deve ingressar no 1º ano do ensino fundamental aos 6 anos de idade, permanecendo no ensino fundamental até o 9º ano, com a expectativa de que conclua os estudos nesta modalidade até os 14 anos de idade.
Quando o aluno reprova ou abandona os estudos por dois anos ou mais, durante a trajetória de escolarização, ele acaba repetindo uma mesma série. Nesta situação, ele dá continuidade aos estudos, mas com defasagem em relação à idade considerada adequada para cada ano de estudo, de acordo com o que propõe a legislação educacional. Essa condição caracteriza-se como a de um aluno que será contabilizado na situação de distorção idade-série.
Em 2018, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep, a taxa de distorção idade-série no Brasil era de 17,2 no ensino fundamental, podendo chegar a 26,2 no 7º ano. Em relação ao ensino médio, a taxa geral é de 28,2, com percentual de 47,8. No Rio Grande do Sul, a taxa no ensino fundamental era de 19,9, no 7º ano. Já no ensino médio, a taxa era de 34,7, chegando à 42,1 no 1º ano.
No Vale do Sinos, região que reúne 14 municípios no Rio Grande do Sul, a taxa de distorção idade-série pode chegar até 26,0 no ensino fundamental, que foi o caso do município de Portão, enquanto em Campo Bom essa taxa chegou a ser de 4,8. No tocante ao ensino médio, o percentual chega a 48,3 em Araricá. Isso significa que, de cada 100 alunos, quase 50 estão com mais de dois anos de atraso escolar.
O entendimento dos dados da distorção idade-série pode ser compreendido por meio das taxas de reprovação e abandono. Por exemplo, o município que possuía a menor taxa de aprovação no ensino médio, no Vale do Sinos, foi Araricá. O percentual de 49,0 ajuda a explicar a distorção idade-série de 48,3 no município. Assim como a taxa de reprovação de 29,0 e taxa de abandono em 22,0 em 2018, sendo as maiores taxas para o Vale do Sinos.
Mas no que se refere ao ensino fundamental, a melhor taxa de aprovação foi em Campo Bom (98,0), por consequência, o município possuía a menor taxa de reprovação (1,7). Já no ensino médio, a melhor taxa de aprovação foi em Novo Hamburgo, com 79,3. A menor taxa de reprovação no ensino médio foi em Ivoti (10,3), ou seja, a taxa de aprovação alta no ensino médio de Novo Hamburgo não se estendeu à taxa de reprovação, como no caso de Campo Bom no ensino fundamental.
Esses indicadores vêm acompanhados de fatores externos que os influenciam, como o número de escolas próximas dos alunos, professores bem qualificados e remunerados, espaço físico, materiais, entre outros tantos já citados. A taxa de abandono, por exemplo, aumenta de acordo com o nível de dificuldade do aprendizado, mas também é reflexo da inserção dos jovens no mercado de trabalho, que, por dificuldades, acabam deixando os estudos para dedicar-se ao sustento, ainda mais em período de crises.
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Distorção idade-série nos municípios do Vale do Sinos chega até 48% - Instituto Humanitas Unisinos - IHU