02 Mai 2019
"A nova equipe abre uma nova era, mas não cai em descontinuidade com o passado. A escolha, de fato, de sair imediatamente com um número em maio, após a tumultuosa e súbita demissão de Scaraffia, mostra a vontade de Francisco e da Santa Sé de dar continuidade àquela que é editorialmente uma das iniciativas internas mais significativas".
O texto é de Paolo Rodari, publicado por la Repubblica, 01-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Antigamente era necessária uma carta de apresentação assinada por um bispo e o certificado de batismo para escrever no Osservatore Romano, o prestigioso jornal da Santa Sé. Hoje não mais: com a nova equipe anunciada no final de abril após a renúncia de Lucetta Scaraffia no mês passado que já tinha aberto à judia Anna Foa, de fato, o suplemento mensal feminino do jornal vaticano "Donne Chiesa Mondo" assume em seu comitê de direção um caráter internacional e, acima de tudo, inter-religioso: com uma escolha ditada por uma longa reflexão, ao lado da jornalista Rita Pinci, que o coordena, foram chamadas mulheres de diferentes culturas e credos. Entre estas, a escritora norte-americana Amy-Jill Levin Levine, que se auto define "feminista judia yankee que ensina em uma escola teológica predominantemente protestante no centro do Cinturão Bíblico estadunidense" e Shahrzad Househmand Zadeh, muçulmana, licenciada em teologia islâmica na Universidade Livre Islâmica no Irã e em teologia fundamental na Latranense.
O viés inter-religioso, não apenas ecumênico, foi desejado por Francisco, que já há algum tempo tinha confiado, com alguma decepção entre os católicos conservadores, a edição argentina do Osservatore ao protestante Marcelo Figueroa, jornalista de rádio, biblista e teólogo, por vinte e cinco anos diretor da Sociedade Bíblica Argentina. Rita Pinci é uma jornalista afamada.
No passado, foi vice-diretora do Messaggero, antes de passar, entre outros, pela Stampa, Panorama, Chi e o Huffington Post. Feminista, dizem no Vaticano, que ao contrário de suas colegas não saía às ruas para exigir, por exemplo, a liberalização do aborto, mas sim "salário para as donas de casa" e, em geral, direitos pelas mais necessitadas entre as mulheres. É também por essas temáticas defendidas dentro do movimento feminista, além de ser do ramo, que ela foi escolhida: "Eu não sou uma teóloga, uma historiadora da Igreja, uma especialista em assuntos do Vaticano", explica ela. "Sou uma jornalista, uma pessoa crente."
A nova equipe abre uma nova era, mas não cai em descontinuidade com o passado. A escolha, de fato, de sair imediatamente com um número em maio, após a tumultuosa e súbita demissão de Scaraffia, mostra a vontade de Francisco e da Santa Sé de dar continuidade àquela que é editorialmente uma das iniciativas internas mais significativas. Pinci dirigirá com total autonomia as páginas do encarte, reportando-se ao diretor Andrea Monda.
Tanto ela como Monda, dentro de um mês, também terão uma nova sede editorial. Depois de noventa anos, de fato, o Osservatore Romano deixa por razões de segurança as salas de um prédio dentro das muralhas leoninas para ir ao Palazzo Pio, em frente ao Castel Sant'Angelo, porque "toda a parte jornalística" do Vaticano (jornal, rádio, web e televisão) terão sua sede ali. Isso foi anunciado no último dia 30 pelo prefeito de Comunicação do Vaticano, Paolo Ruffini, explicando que a mudança é "parte da reforma" da mídia.
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A feminista judia e a teóloga islâmica no jornal do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU