15 Março 2019
Em Roma, de 25 a 27 de fevereiro passado, realizou-se um importante seminário de estudos intitulado "Rumo ao Sínodo especial para a Amazônia: dimensão regional e universal".
O relato é do teólogo e padre italiano Maurizio Gronchi, professor da Pontifícia Universidade Urbaniana e consultor da Congregação para a Doutrina da Fé. O texto foi publicado em Settimana News, 12-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Tratou-se do primeiro passo efetivo de aproximação à assembleia sinodal especial sobre a região pan-amazônica, que será celebrada no Vaticano de 6 a 27 de outubro próximo, sobre o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
Foram convidados ao encontro pela Secretaria Geral do Sínodo os presidentes das sete Conferências Episcopais da Amazônia (Antilhas, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela), alguns chefes de dicastério da Cúria Romana, a presidência da Rede Pan-Amazônica (Repam), 52 especialistas entre bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas de várias partes do mundo, nove consultores da Secretaria Geral do Sínodo. As sessões do seminário foram moderadas por Dom Ambrogio Spreafico, ex-reitor da Pontifícia Universidade Urbaniana, atualmente bispo de Frosinone-Ferentino e presidente da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Episcopal Italiana.
Na manhã da segunda-feira, 25 de fevereiro, os trabalhos foram abertos com a saudação inicial do cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, que destacou como o sínodo não é um evento, mas sim um processo, de acordo com a constituição apostólica Episcopalis communio.
Portanto, pretendeu-se reunir pastores e especialistas, habitantes da Amazônia e de outras partes do mundo, para discutir em dimensão regional e universal sobre o Sínodo amazônico, que, embora tratando de temas locais, será celebrado em Roma, mostrando, assim, a relação entre localidade e universalidade.
O seminário foi estruturado em torno de duas conferências principais, seguidas de 26 comunicações e de um amplo debate. A primeira conferência foi proferida pelo padre salesiano italiano Giovanni Bottasso, residente no Equador há 60 anos, sobre “A missão da Igreja na Amazônia à luz da Evangelii gaudium".
Ele se perguntou se “é possível que uma Igreja que foi capaz de ir além dos limites do mundo hebraico para enfrentar a imensa complexidade da cultura greco-romana, que evangelizou os bárbaros, que acompanhou inumeráveis povos na tarefa de elaborar uma síntese entre o cristianismo e as suas tradições, não seja capaz de despertar em seu seio homens e mulheres suficientemente criativos para caminhar ao lado da juventude indígena, em um processo de difícil transição?”.
O conferencista, então, continuou: “De modo algum se pretende impedir a modernização das populações indígenas. Ninguém pode decidir por eles, e, além disso, seria uma operação anti-histórica e impossível. O que se deseja é simplesmente que, ao longo do caminho da inevitável transição, eles não percam o sentido da sua identidade, o orgulho da sua pertença, o apego aos valores da própria origem. Sem esse ancoradouro, eles se tornarão povos e indivíduos complexados, em que o Evangelho não deixará qualquer vestígio”.
Depois da primeira conferência, centrada em alguns aspectos eclesiais e pastorais à luz da exortação apostólica Evangelii gaudium, seguiram-se diversos aprofundamentos: sobre "Catequese e formação cristã”, intervieram o padre espanhol Juan Carlos Andueza, OFMCap – residente no Equador, coordenador de programas de catequese e de pastoral inculturada com os povos Waorani e Kischwain, na fronteira entre Equador, Peru e Colômbia – e o Pe. Luciano Meddi, professor do Instituto de Catequese Missionária da Pontifícia Universidade Urbaniana.
Seguiram-se as comunicações sobre o tema da “Inculturação”, com Dom David Martínez de Aguirre Guiné, OP, vigário apostólico de Puerto Maldonado (Peru) e do Pe. Daniel Pilario, CM, decano da Saint Vincent School of Theology e da Adamson University, em Manila (Filipinas).
A manhã se concluiu com as contribuições sobre a "Vida consagrada”, da Ir. Alba Tereza Cediel Castillo, MML, especialista em ética e pedagogia (Colômbia), e do Pe. Bruno Cadoré, OP, mestre geral da Ordem dos Pregadores.
À tarde, realizou-se a segunda sessão com os aprofundamentos sobre “Liturgia e vida sacramental” (Pe. Francisco Taborda, SJ, professor emérito de Teologia dos Sacramentos da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, no Brasil; e Pe. Corrado Maggioni, SMM, subsecretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos).
Depois, seguiram-se outras intervenções sobre "Ministérios eclesiais” (com as comunicações do Pe. Ricardo de Castro Gonçalves, especialista em ministérios eclesiais, do Brasil; e do Pe. Felipe Jaled Alí Modad Aguilar, SJ, coordenador da Comissão Diocesana para o Diaconato Permanente da Diocese de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, México); e sobre “Piedade popular e proselitismo das seitas” (Pe. Thierry Linard de Guertechin, SJ, conselheiro do Observatório de Justiça Socioambiental “Luciano Mendes de Almeida”, no Brasil; e Pe. Diego Irarrázaval, CSC, ex-professor do Instituto Superior de Teologia e Pastoral de Santiago do Chile).
Na manhã de terça-feira, 26 de fevereiro, abriu-se a terceira sessão com a segunda conferência principal sobre "A ecologia integral na Amazônia à luz da Laudato si’”, proferida pelo Pe. Francisco Xavier Álvarez de los Mosos, SJ, especialista em ecologia, análise da realidade social e espiritualidade, membro da Alboan (ONG de cooperação internacional dos jesuítas).
Depois, foram aprofundados alguns aspectos relacionados com a questão ecológica, como “Ecologia ambiental” (Frei Eduardo Agosta Scarel, OCarm, professor da Universidade Nacional de La Plata e pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica; especialista em meio ambiente e mudanças climáticas, da Argentina; e Pe. Séan McDonagh, SSC, missionário columbano, especialista em teologia e ecologia ambiental, da Irlanda); “Ecologia social e cultural” (Prof.ª Moema de Miranda, secretária da Rede Igrejas e Mineração, coordenadora do Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia; consultora da Repam Brasil, antropóloga, especialista em espiritualidade amazônica, do Brasil, e Mons. Pirmin Spiegel, diretor da Misereor, na Alemanha).
A manhã terminou com as intervenções sobre “Ecologia política e econômica” (Dom Evaristo P. Spengler, OFM, bispo prelado de Marajó, no Brasil; e Ir. Alessandra Smerilli, FMS, professora de Economia Política na Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, na Itália).
À tarde, a quarta sessão ocorreu com os aprofundamentos sobre a “Questão indígena” (Prof. Günter Francisco Loebens, missionário do Conselho Indigenista Missionário – Cimi e do Grupo de Apoio aos Povos Indígenas Livres (Isolados), do Brasil; e Pe. Rigobert Minani Bihuzo, SJ, conselheiro do Secam para a construção da Rede Eclesial da Bacia Hidrográfica do Congo – Rebac). Depois, abordou-se o tema da “Educação ecológica”, com a Ir. Birgit Weiler, MMS, professora de teologia e pesquisadora da Universidade Jesuíta Antonio Ruiz de Montoya (UARM), especialista em temas de pastoral social e educação multicultural bilíngue com povos amazônicos (Peru); e com o Pe. Joshtrom Kureethadam, SDB, coordenador da sessão “Ecologia e Criação” do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e professor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Salesiana.
“A espiritualidade ecológica” foi o último aspecto discutido durante o dia com as comunicações do diácono Alirio Cáceres Aguirre, consultor em ecologia integral do Celam e da Cáritas da América Latina e do Caribe, membro da área ecoteológica e espiritualidade da Rede Ecumênica “Igreja e Mineração” (Colômbia); e do Pe. Giuseppe Buffon, OFM, decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Antonianum.
Na manhã de quarta-feira, 27 de fevereiro, ocorreu a quinta e última sessão aberta, com a intervenção do moderador, Dom Ambrogio Spreafico, sobre as "Perspectivas em vista do Sínodo”. Ele ressaltou o valor de estar junto para representar o espírito e a paixão por uma fé que deve se tornar cultura, que entra na história com os povos indígenas da Amazônia.
A Bíblia é uma palavra vivida na história; a Eucaristia é “em memória de mim” e recorda a história. Nesse encontro, experimentamos a riqueza de palavras, em línguas diferentes, em torno daquele que representa a unidade na fragmentação do mundo: o Papa Francisco. O mundo é marcado por muitas guerras, até mesmo online: aqui também se pode destruir a vida das pessoas.
Entre os temas de maior destaque, Spreafico sublinhou o da ecologia integral. O homem é parte da criação. Existem conexões para serem descobertas e analisadas. A Mãe Terra (que não é um Deus) envolve a todos e torna possível a vida para todos.
Como foi possível pôr em discussão a harmonia existente em uma grande bacia como a Amazônia? A iniquidade planetária – diz o Papa Francisco – diz respeito ao planeta Terra. Foram evidenciados muitos aspectos dessa iniquidade: colonização opressora e violenta; predação dos recursos e das pessoas.
O grito da pobre Mãe Terra une-se ao grito dos pobres, como nos recorda a Laudato si’. Deus sempre escuta o grito dos pobres e, às vezes, é o único que faz isso.
Então, o que fazer? É preciso ter a consciência da força do mal. Na Escritura, a salvação vem quando percebemos que estamos envolvidos pela rede do mal. Com essa consciência, a denúncia é necessária, mas não é suficiente, porque estamos diante do poder demoníaco do dinheiro. É necessário, portanto, encontrar aliados do bem, redes de homens e mulheres que saibam trabalhar juntos pelo bem; é preciso fazer alianças.
Não se pode apenas gritar contra os outros. Devemos penetrar na rede do mal para construir o bem. É preciso falar com todos, até mesmo com aqueles que estão contra nós. É preciso desenvolver modelos de desenvolvimento alternativos, mostrando que eles são benéficos, sem ser ideológicos, mas sábios. A ideologia não muda a história senão para pior. A denúncia apenas só favorece as más práticas. A tarefa do diálogo é construir, com paciência. Francisco de Assis se encontrava com pobres e ricos, os leprosos e o sultão. Sozinhos, não conseguiremos.
Depois, há as demandas mais internas, sobre a autocompreensão da Igreja: a relação entre localidade e universalidade. Ser católico nos liberta do etnicismo. É preciso estar vigilante para evitar se tornar etnicistas. Em relação aos ministérios, não podemos fazer uma leitura apenas a partir do Novo Testamento: a Igreja se constituiu ao longo do tempo, construiu uma estrutura hierárquica, que é parte do povo de Deus.
Como pastores, somos ordenados pela Igreja universal e enviados à particular. Nós somos, primeiro, povo, onde existem carismas e ministérios. A nossa riqueza consiste em ir além do particular. A Igreja não é um monólito. Toda nova exigência deve ser apoiada por uma reflexão bíblica e teológica.
Aqui há um desafio para a evangelização: é a globalização que muda o modo de pensar e de viver. Não se trata apenas de preservar as culturas. A globalização deve ser governada, caso contrário, ela devora o que vier pela frente. O desafio diz respeito a jovens, à urbanização, às migrações.
Depois, as seitas e o evangelicalismo pentecostal, com a proposta de prosperidade e de bem-estar. É preciso recuperar a paixão pela missão do Evangelho. “Eu sou missão sobre esta terra”, nos lembra a Evangelii gaudium.
Não bastam os planos pastorais, nem as cartas pastorais: é preciso viver a paixão pelo Evangelho. A missão é uma fé que se torna cultura, através do entrelaçamento de culturas. A raiz da fé cristã é bíblica, com raízes semíticas. Os provérbios de um povo não são equiparáveis aos da Bíblia: as raízes judaicas não podem ser esquecidas.
Por fim, como biblista, Spreafico se concentrou nos primeiros capítulos do Gênesis, em que se celebra a alegria da festa que inclui a criação (cf. Gn 1, 2-4). O ápice da criação não é o ser humano. Deus iniciando pondo ordem no caos, separando, distinguindo. O quarto dia é o centro da criação: estabelece-se o tempo de Deus. As grandes festas estão ligadas às estações: o shabbath é o cumprimento da criação, quando o homem e a mulher reconhecem a Deus e o louvam.
A criação é imperfeita e incompleta: cada dia deve ser reconhecido como dom de Deus. Cada condição vivida diante de Deus é libertadora, até mesmo o lamento e o grito são louvores, porque nos dão a força para combater o mal com o bem. No eschaton, a salvação é do cosmos, não só do homem e da mulher. Devemos reler o que dissemos com sabedoria bíblica e teológica mais profunda. Os eventos ou são lidos espiritualmente, ou permanecerão como coisas que acontecem, sem qualquer mudança. A raiva deve ser entendida, porque, sozinha, não muda a história.
De particular interesse foi a intervenção do cardeal Cláudio Hummes, OFM, arcebispo emérito de São Paulo, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente da Repam, que expressou a sua satisfação por ter participado desse seminário, visto como uma grande contribuição para a fundamentação científica e intelectual do Sínodo sobre a Amazônia.
A união não pode nos dispensar da diversidade. Dentro da teologia trinitária, há diversidade na unidade. A Igreja na América Latina constitui uma diversidade que deve ser acolhida pela Igreja da Europa. O Sínodo sobre a Amazônia é um reconhecimento dessa diversidade.
O cardeal destacou alguns aspectos, entre os quais a ênfase dada pelo Papa Francisco no seu anúncio do Sínodo: antes de ver, julgar, agir, é preciso escutar o grito. Ele insistiu em não “diluir”; o Sínodo não é para falar de tudo, mas para não perder o foco: “Amazônia, novos caminhos para uma ecologia integral”.
Identificar “novos caminhos”, não antigos; não ter medo do novo, sem se defender e resistir. Confiar no Espírito: ou seja, levantar-se da segurança na defesa, para caminhar juntos, como amigos e irmãos, respeita as diferenças e as diversidades. O Evangelho teve uma inculturação europeia secular, mas isso não significa que uma cultura possa esgotar a riqueza do Evangelho.
Então, como respeitar as diversidades que enriquecem a Igreja? Não se trata de falar de tudo, mas precisamente de manter o foco.
Há fortes resistências: a nova colonização da Amazônia. Os povos originários não devem ser colonizados nem mesmo pela Igreja: eles têm uma história, a presença de Deus, uma cultura.
Pode-se ter indignação não raivosa, nem violenta, mas orientada para a negociação. Fugir da ingenuidade de pensar que o mundo está disposto para dialogar. Com a firme vontade de dialogar, recomeçando sempre a escutar. O profetismo é indignação com ternura.
Vale a pena dirigir também uma palavra sobre os termos, que às vezes parecem alternativos, de inculturação e interculturalidade: eles não são opostos, mas devem ser conjugados. A inculturação é fundamental: Jesus se inculturou.
Além disso, devemos refletir sobre a Igreja indigenista e indígena. Os fatos não podem ser negados, mas interpretados. Por que estamos indignados? Porque os fatos estão aí. A Igreja indigenista defende os direitos dos indígenas. Mas devemos dar mais um passo, rumo a uma Igreja indígena, que acolhe Jesus Cristo em um processo, para que expresse a sua fé na sua cultura, a partir da sua identidade, história e cultura que não é europeia.
Trata-se de uma Igreja indígena com seus próprios pastores. Não estamos preocupados com o ministro, mas com a comunidade.
Portanto, trata-se de derrubar muros e construir pontes, que possam ser atravessadas por todos com as próprias diversidades. Não se faz uma Igreja indígena por decreto. Esse Sínodo pode ser histórico para a Igreja inteira. Não se deve repetir o que já existe. Para uma Igreja indígena, a inculturação é necessária.
Outro tema decisivo é o da ecologia integral: um tema profundamente novo. O paradigma tecnocrático vem da modernidade. A grande conquista positiva da subjetividade se transformou em subjetivismo. As relações humanas são fundamentais, e o paradigma tecnocrático as destrói. Nós somos filhos da terra; sobre nós, Deus soprou o seu Espírito, mas viemos da terra.
A sustentabilidade hoje é uma palavra dita por todos. Mas o que ela significa? Significa “regenerar”, isso é sustentabilidade: a capacidade de produzir sem devastar. Tudo está interligado, porque Deus se ligou a nós em Jesus Cristo para sempre. O Ressuscitado é um modelo, primeira revelação de como será o mundo futuro. Jesus Cristo é o ponto transcendente (cf. Paulo; Pe. Teilhard de Chardin). Tudo está interligado, como se fôssemos um, nesta casa comum.
Por fim, uma última palavra sobre a Repam. Essa ideia nasceu para uma maior comunhão e solidariedade na Amazônia em 2014. Após a Conferência de Aparecida (2007), surgiu a necessidade de um plano pastoral para toda a Amazônia. Nove países interessados, não como território de Conferências Episcopais. Uma nova situação, um novo sujeito eclesial. A descentralização é um pouco dolorosa. Tratava-se de criar um serviço para que todos pudessem entrar em rede e não se sentir isolados. Um serviço de articulação dependente dos missionários locais.
Na conclusão dos intensos trabalhos do seminário, o cardeal Lorenzo Baldisseri dirigiu uma palavra de agradecimento a todos os protagonistas do evento: os presentes, os cantores, os 26 palestrantes e, acima de tudo, o Senhor. O seminário se insere no caminho preparatório do Sínodo, enquanto se inicia o trabalho de redação do Instrumentum laboris com as respostas que estão chegando.
O desafio social e ecológico se soma ao eclesial entre anúncio e interculturalidade.
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Amazônia: rumo ao Sínodo. Artigo de Maurizio Gronchi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU