11 Março 2019
Apagou-se rapidamente a luz da esperança acesa por um jornal britânico sobre o destino do padre Paolo Dall'Oglio, sequestrado em 2013 por facínoras do Estado Islâmico em Raqqa, que na época era seu reduto na Síria. Na última quinta-feira, o Times publicou a notícia de que o padre jesuíta estava vivo e era objeto de negociações dos jihadistas para escapar à aniquilação em um dos últimos redutos de território sob seu controle. Segundo o jornal, em troca da libertação de Dall'Oglio e de outros dois reféns (o jornalista britânico John Cantlie e uma enfermeira da Nova Zelândia) os terroristas islâmicos pediriam às forças curdas-árabes apoiadas pelos Estados Unidos um salvo-conduto para fugir para o Iraque.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 07-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
No final do dia, no entanto, choveram inúmeros desmentidos, a ponto de sugerir que a notícia Times fosse apenas o enésimo anúncio sem confirmações sobre o padre sequestrado, como houve tantos no passado. Além disso, como ressalta um agente dos nossos serviços, que trata há muito tempo do caso, "não temos provas de que ele esteja vivo há mais de quatro anos". Sim, mas "também não temos qualquer prova de sua morte", rebate o irmão do padre, Giovanni Dall'Oglio, que fala contatado por celular no Sul do Sudão assolado por massacres étnicos, onde trabalha para a ONG Médicos com a África Cuamm. "Continuamos a ter esperança, porque, para qualquer um que o tenha prisioneiro, Paulo é um refém precioso para ser usado como último passe para salvar a própria pele."
Enquanto isso, o respeitado Observatório sírio para os Direitos Humanos desmente que estejam em andamento negociações entre os jihadistas e as forças curdas para a libertação dos três reféns estrangeiros. A ONG londrina, que cita fontes das Forças democráticas da Síria, declara que a notícia divulgada pelo Times "é infundada". O Observatório também lembra que a últimas informações sobre Dall'Oglio remontam a novembro de 2015, quando um facínora do ISIS capturado por Peshmergas curdos declarou tê-lo visto em uma prisão controlada por um grupo de combatentes estrangeiros uzbeques. E, ao longo do dia, também as forças curdo-sírias que lideram a ofensiva contra o ISIS declararam que nada sabem sobre o jesuíta.
Por mais de trinta anos envolvido no diálogo inter-religioso na Síria, em 1982 o jesuíta romano fundou a comunidade monástica sírio-católica de Mar Musa sobre as ruínas de um mosteiro que data do século XI. Em 2012, devido ao seu ativismo em favor dos protestos contra o regime em Damasco, o padre Paolo foi expulso da Síria. Ele retornou alguns meses depois, no início de 2013, com o propósito de libertar um grupo de reféns sequestrados em Raqqa.
Na semana passada, até mesmo seus coirmãos receberam com extrema cautela a informação do jornal britânico. "A esperança é a última que morre, mas passaram-se mais de cinco anos e hoje está fraca", diz o padre Giampaolo Salvini, diretor emérito da Civiltà Cattolica. "No passado houve alguns relatos de uma possível troca com terroristas sírios, mas depois não resultaram em nada", lembrou o padre, ressaltando que "em tempos recentes não se sabe mais nada, não só do padre Paolo, mas nem mesmo dos dois bispos ortodoxos", desaparecidos no mesmo período, os metropolitas de Aleppo, Gregorios Yohanna Ibrahim e Boulos Yazigi.
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O irmão do padre Dall'Oglio: "Continuamos com esperança. Paolo é um refém valioso que pode ser usado como último passe para salvar própria pele" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU