16 Janeiro 2019
Publicamos aqui o comunicado do diretor e editor-chefe da revista America, Matthew F. Malone, SJ, enviado aos leitores da publicação no dia 15-01-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Queridos amigos,
No dia 15 de janeiro de 2019, a Província do Nordeste dos Estados Unidos da Companhia de Jesus divulgou uma lista de todos os jesuítas naquela jurisdição eclesiástica, vivos e falecidos, assim como quaisquer ex-jesuítas da Província do Nordeste, que foram objeto de uma ou mais acusações confiáveis de abuso de um menor. A lista inclui todas as acusações recebidas pela Província do Nordeste desde 1950.
Com isso, hoje, todas as províncias jesuítas dos Estados Unidos divulgaram essa lista. A divulgação pública dessas informações é um passo necessário rumo à justiça e à reconciliação para as vítimas e os sobreviventes de abuso sexual pelas mãos do clero.
À luz dessa revelação pública, é meu triste dever informar-lhes o seguinte: no dia 9 de janeiro de 2019, autoridades da Província do Nordeste me contataram na qualidade de presidente da America Media. Eu fiquei sabendo, então, pela primeira vez, que a lista divulgada hoje incluiria o nome de John T. Ryan, SJ, que foi um empregado da America Media (então America Press) de 1989 a 1994. Durante esses anos, o padre Ryan foi listado no expediente da revista America como “Editor Associado para o Desenvolvimento”.
O padre Ryan é o único jesuíta em qualquer uma das listas provinciais de jesuítas acusados com credibilidade que foi empregado da America Media.
Também no dia 9 de janeiro, fui informado pelas autoridades da Província do Nordeste de que o padre Ryan foi demitido da Companhia de Jesus em 2002 e de que, de acordo com seus registros, as acusações contra o padre Ryan foram recebidas pela Província do Nordeste em 2003 e 2014.
À luz da grave natureza desse assunto, pedi que a atual equipe da America Media revisasse os nossos arquivos e me relatasse qualquer informação relativa ao padre Ryan. Também falei com os poucos membros da nossa equipe que poderiam ter conhecido o padre Ryan durante os seus cinco anos na America Media, há cerca de 25 anos. Posso relatar a vocês que não recebi nenhuma informação que indicasse que algum membro da equipe da America Media, então ou agora, tivesse conhecimento da suposta má conduta do padre Ryan com menores de idade.
Essa é a extensão da informação que tenho em minha posse sobre o padre Ryan.
De 1962 a 2017, a America Media era proprietária de um prédio localizado na 106 West 56th Street, em Nova York. O prédio abrigava os escritórios editoriais e comerciais da America Media, assim como uma comunidade de jesuítas. A comunidade incluía tanto os jesuítas que eram empregados da America Media, quanto outros jesuítas que não eram empregados da America Media. A partir de 1984, a comunidade jesuíta da 106 West 56th Street, seus membros e atividades eram de responsabilidade exclusiva do superior religioso da Província de Nova York (agora parte da Província do Nordeste) e não estavam sob a direção dos editores e da equipe da America Media. As autoridades da Província solicitaram que todas as questões não relacionadas ao histórico de emprego dos homens nessas listas fossem dirigidas ao seu respectivo escritório na Província.
Links para todas as listas de jesuítas acusados com credibilidade, que tenham sido divulgados pela Companhia de Jesus nos Estados Unidos, estão disponíveis com este comunicado no nosso site [disponível aqui, em inglês]. Informações de contato estão disponíveis em cada link.
Neste momento, os editores e a equipe da America Media estão mais focados nas vítimas e nos sobreviventes desses crimes. Continuamos a rezar por eles e pela cura da Igreja estadunidense. Vocês podem acessar a cobertura em andamento da America sobre essa história aqui [em inglês].
Pe. Matthew F. Malone, SJ
Presidente e editor-chefe
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Comunicado do diretor e editor da revista America sobre lista com jesuítas acusados de abuso sexual - Instituto Humanitas Unisinos - IHU