Por: Wagner Fernandes de Azevedo | 26 Outubro 2018
O governo de Daniel Ortega anunciou pelos meios de comunicação oficiais que dom Silvio Baez e outros bispos da Nicarágua incitam ao terrorismo e ao golpismo no país. Por meio do canal oficial do governo, o portal El 19 Digital, foi divulgada na quarta-feira, 24-10-2018, um áudio de WhatsApp atribuído a dom Baez. Segundo o governo o áudio “evidencia suas ações golpistas e fascistas”.
A Igreja na Nicarágua é uma das protagonistas no enfrentamento à violenta crise que o país enfrenta desde o mês de abril. Juntamente a dom Silvio Báez, bispo auxiliar de Manágua, o cardeal Leopoldo Brenes e o núncio apostólico dom Waldemar Stanislaw Sommertag são os principais nomes da Igreja na tentativa de intermediar o diálogo entre governo e a oposição.
O governo de Daniel Ortega acusa os bispos nicaraguenses de incitarem as manifestações, que acusa por terroristas. Na festa de comemoração do 39º aniversário da Revolução Sandinista, em 19 de julho, Ortega acusou diante de milhares de apoiadores que “os bispos não são mediadores, são na verdade golpistas”.
Desde então, padres e bispos sofreram diversas agressões de grupos paramilitares ligados à Frente Sandinista de Libertação Nacional. Diante da violência, dom Báez manifesta desde abril que sofre ameaças das forças ligadas a Ortega.
Na quarta-feira, 24-10, pela primeira vez o governo publicou notas oficiais de repúdio ao bispo. O áudio atribuído a dom Silvio Báez foi divulgado pelo El 19 Digital, em seu site e facebook. "Um novo áudio do bispo Silvio Báez confirma que ele e outros membros da hierarquia católica, conspiraram e alentaram o caos social para desestabilizar o povo da Nicarágua", consta a nota.
No áudio, são feitas críticas a Daniel Ortega e a necessidade de se escolher um novo presidente, mais estudado e preparado. A voz atribuída a Báez, ainda equipara Evo Morales e Nicolás Maduro a Ortega.
O bispo Báez respondeu às acusações dizendo que os áudios são manipulados. Em sua conta no twitter, denunciou ser vítima de "uma campanha de repressão, despretígio e assédio".
Denuncio que soy víctima de una campaña de represión, desprestigio y acoso que consta no solo de audios manipulados, sino también de cientos de mensajes a mi WhatsApp con insultos y amenazas, además de motorizados rodeando mi vivienda. Seguiré firme con mi ministerio episcopal.
— Silvio José Báez (@silviojbaez) 25 de outubro de 2018
A Arquidiocese de Manágua também emitiu um comunicado oficial prestando apoio ao bispo pelos ataques midiáticos que vem sofrendo.
Em outro comunicado dom Báez disse que está recebendo ameaças de morte e de prisão pelas redes sociais. O bispo afirmou ter registro e que em breve divulgará as mensagens que recebe.
Muy pronto presentaré las pruebas de todo esto en mis redes sociales y en los medios de comunicación.
— Silvio José Báez (@silviojbaez) 25 de outubro de 2018
Apesar do recrudescimento do ataque do governo contra o episcopado, Báez afirma que fica não fugirá da Nicarágua: "Agradeço a multidão de demonstraçãoes de proximidade e carinho que tenho recebido. Não sou responsável de nenhum delito, nem conspiração. E asseguro ao povo de Deus que continuarem na Nicarágua com o ministério que a Igreja me confiou".
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Nicarágua. Ortega acusa dom Silvio Baez e outros bispos de golpistas e fascistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU