Nicarágua. O presidente Daniel Ortega não aceita antecipar as eleições, condição essencial para o diálogo com a oposição

Foto: Reprodução/Twitter OEA

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10 Julho 2018

Os ataques de Daniel Ortega à igreja Católica local, protagonista e responsável pelo diálogo nacional. Agora a pergunta é uma só: para onde Ortega está levando seu país?

A informação é publicada por Il Sismografo, 09-07-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Todos aguardavam a carta com a resposta oficial àquela dos bispos nicaraguenses, entregue pessoalmente ao Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, documento em que em nome do próprio Episcopado e de todas as forças da oposição foi solicitado ao governante a antecipação das eleições gerais (presidente e membros do parlamento), em março de 2019, exigência considerada pela maioria do país a única maneira de estancar a crise que assola a nação centro-americana, e que já custou a vida, de 18 de abril até hoje, a mais de 300 pessoas.

As mortes causadas por armas de fogo são 253. Outras pessoas foram vítimas de incêndios propositais e espancamentos estarrecedores. Por enquanto, 56 cadáveres continuam sem identificação. Entre as vítimas, há 17 crianças. Todos os dados concordam e vêm de várias organizações humanitárias independentes, hospitais e centros pastorais.

Ortega foi claro: "Aqui as regras foram estabelecidas pela Constituição da República por vontade do povo. Não são regras que podem ser mudadas da manhã para a noite porque assim o deseja um grupo de golpistas". Então, Ortega, em seu discurso de domingo em um comício sandinista, sorrindo, acrescentou: "Haverá tempo para realizar as eleições como manda a lei. Cada coisa tem seu tempo. Até as eleições".

E, de improviso, o idoso governante, em um discurso bastante confuso e incoerente, amparado por sua esposa, Rosario Murillo, vice-presidente, assumiu o típico tom do televangelista possuído, estilo Nicolás Maduro, seu mestre e apoiador, e explicou: "Aqueles que lançam maldições e nos rogam sentenças de morte em nome de instituições religiosas, deveriam lembrar-se de Cristo. Ele, justamente, Cristo, nos pediu para amar uns aos outros. E nisso se concentra nosso esforço prático, isto é, cristão, socialista e solidário".

Por fim, antes de concluir, Ortega voltou ao mantra da propaganda oficial e reiterou que as pessoas que nesta crise perderam a vida são vítimas dos "bandos da maldade" (sic).

Desde ontem, na imprensa latino-americana, aumentou significativamente a preocupação sobre a realidade desta pequena nação centro-americana, refém de outra oligarquia que se apresenta como "socialista", mas que pensa apenas ao poder do pequeno grupo no governo sustentado e protegido pelas Forças armadas. Agora a pergunta é uma só: para onde Ortega está levando seu país?

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