Igreja chilena é condenada a indenizar vítimas do padre pedófilo Karadima

Foto: Vatican Insider

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21 Outubro 2018

O Arcebispado de Santiago terá que pagar 450 milhões de pesos (670.000 dólares) a Hamilton, Cruz e Murillo.

A informação é publicada por Religión Digital, 21-10-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A Corte de Apelações de Santiago revogou uma decisão de primeira instância e condenou o Arcebispado de Santiago de pagar uma indenização milionária a vítimas de Fernando Karadima, um influente pároco que, durante décadas, abusou sexualmente de crianças e adolescentes.

Segundo confirmaram nesse domingo, 21, os favorecidos pela sentença, a Igreja terá que pagar 450 milhões de pesos (cerca de 670.000 dólares) a James Hamilton, Juan Carlos Cruz e José Andrés Murillo, de acordo com a decisão unânime da IX Sala da Corte de Apelações.

Em primeira instância, o juiz Juan Muñoz havia rejeitado a ação movida pelos três abusados por Karadima, que lideraram as denúncias contra os abusos cometidos por de representantes da Igreja e que, há alguns meses, foram recebidos pelo Papa Francisco no Vaticano.

Os três acusaram os cardeais Francisco Javier Errázuriz e Ricardo Ezzati – o primeiro, arcebispo emérito de Santiago, e o segundo, atual titular da arquidiocese – de encobrir os abusos de Karadima, que, há algumas semanas, foi expulso do sacerdócio pelo papa.

Karadima, a quem a Justiça canônica condenou a uma vida de oração e penitência, mas que os tribunais chilenos não condenaram devido ao fato de seus crimes estarem prescritos, foi um influente pároco em um bairro rico de Santiago, formador de meia centena de sacerdotes, dos quais cinco chegaram a ser bispos.

A mudança de rota da Justiça se deveu, de acordo com o jornal La Tercera, à descoberta de uma carta que o cardeal Errázuriz enviou ao núncio Giuseppe Pinto em 2009, na qual assinalava que, após receber as denúncias contra Karadima, tinha resolvido não interrogar o pároco para não lhe causar incômodos.

A missiva foi encontrada durante as varreduras no Arcebispado de Santiago, realizados em junho passado pelo procurador regional de O’Higgins, Emiliano Arias.

“Histórico. Igreja perde e admite encobrimento, negligência e mentiras. A partir de hoje, um mundo mais seguro para as crianças”, publicou Juan Carlos Cruz, uma das vítimas de Karadima, nas redes sociais.

“Cardeais Errázuriz, Ezzati e seu bando de bispos expostos como o que são... uns delinquentes! Por fim, o triunfo para muitos que sofreram por seus crimes”, acrescentou Cruz, que vive na Filadélfia (Estados Unidos).

“Hoje a marraqueta (pão) está mais crocante”, publicou José Andrés Murillo, enquanto James Hamilton escreveu “Encobrimento = crime”.

De acordo com um cadastro publicado pela Procuradoria Nacional do Chile no fim de agosto, existem atualmente 119 investigações em curso contra 167 pessoas relacionadas com a Igreja imputadas e 178 vítimas quantificadas, das quais 79 eram menores de idade quando os fatos ocorreram.

Enquanto isso, o Papa Francisco aceitou a renúncia de cinco bispos chilenos, depois que, em maio passado, os 34 bispos do país apresentaram a sua renúncia em bloco ao pontífice no Vaticano, após reconhecerem que tinham cometido “graves erros e omissões”.

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