24 Agosto 2018
As palavras e reflexões, tristes e dolorosas, do Papa Francisco na Carta ao Povo de Deus depois do novo escândalo da pedofilia clerical em algumas igrejas particulares dos Estados Unidos (20 de agosto), têm um significado e um propósito preciso, imperativo e fundamental: pedir a esse povo, aos seus principais guias, os bispos, um grande, talvez gigantesco, "exercício penitencial de oração e jejum", para pedir perdão e para estabelecer as bases da conversão.
A informação é publicada por Il Sismografo, 23-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas até agora não resulta que nenhum episcopado no mundo, nenhum bispo, já tenha anunciado iniciativas nesse sentido. O convite do Papa, por enquanto e esperamos que não o seja por muito tempo, continua sendo ignorado. Não deveria ser assim. Como o Papa lembra, para um cristão diante do pecado pessoal ou alheio, a estrada mestra passa pelo arrependimento, a penitência, o jejum e a oração.
Nesse sentido, estamos aguardando as primeiras iniciativas, especialmente nos Estados Unidos da América.
O Papa Francisco escreve: "é necessário que cada batizado se sinta envolvido na transformação eclesial e social de que tanto necessitamos. Tal transformação exige conversão pessoal e comunitária, e nos leva dirigir os olhos na mesma direção do olhar do Senhor. São João Paulo II assim o dizia: «se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar» (Carta ap. Novo millennio ineunte, 49). Aprender a olhar para onde o Senhor olha, estar onde o Senhor quer que estejamos, converter o coração na Sua presença. Para isso nos ajudarão a oração e a penitência. Convido todo o Povo Santo fiel de Deus ao exercício penitencial da oração e do jejum, seguindo o mandato do Senhor [1], que desperte a nossa consciência, a nossa solidariedade e o compromisso com uma cultura do cuidado e o “nunca mais” a qualquer tipo e forma de abuso."
O Papa Francisco também ressalta: "É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos, e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis. Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros. A consciência do pecado nos ajuda a reconhecer os erros, delitos e feridas geradas no passado e permite nos abrir e nos comprometer mais com o presente num caminho de conversão renovada.
Da mesma forma, a penitência e a oração nos ajudarão a sensibilizar os nossos olhos e os nossos corações para o sofrimento alheio e a superar o afã de domínio e controle que muitas vezes se torna a raiz desses males. Que o jejum e a oração despertem os nossos ouvidos para a dor silenciada em crianças, jovens e pessoas com necessidades especiais. Jejum que nos dá fome e sede de justiça e nos encoraja a caminhar na verdade, dando apoio a todas as medidas judiciais que sejam necessárias. Um jejum que nos sacuda e nos leve ao compromisso com a verdade e na caridade com todos os homens de boa vontade e com a sociedade em geral, para lutar contra qualquer tipo de abuso de poder, sexual e de consciência. Desta forma, poderemos tornar transparente a vocação para a qual fomos chamados a ser «um sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano» (Conc. Ecum. Vat. II, Lumen gentium, 1).
Nota:
[1] "Esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum" (Mt 17.21).
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Após os acontecimentos da Pensilvânia, Papa Francisco na sua Carta ao Povo de Deus convidou os católicos "ao exercício penitencial da oração e do jejum". Qual Episcopado anunciou as primeiras iniciativas? Nenhum - Instituto Humanitas Unisinos - IHU