Por: Lara Ely | 15 Agosto 2017
Depois de ter investigações correntes na Argentina, Equador, Peru e Venezuela, a companhia brasileira acusada de pagar propina a políticos brasileiros e alvo na Operação Lava-Jato começa a ser investigada no México. A denúncia de que Emilio Lozoya, presidente da Petróleos Mexicanos - Pemex, recebeu propina da Odebrecht foi publicada ontem no Jornal O Globo. A notícia, contudo, percorreu o continente e tornou-se manchete dos jornais locais.
Segundo a reportagem, a construtora Odebrecht teria pago entre 2012 e 2016 até 10 milhões de dólares a Lozoya. O suborno teria sido efetuado para que a empresa brasileira ganhasse uma licitação avaliada em 115 milhões de dólares para remodelar uma refinaria.
Emilio Lozoya, por meio de sua conta no Twitter se defendeu das acusações “negando categoricamente a informação que faz referência a supostos atos de solicitação e/ou atendimento a clientes de subornos diretos ou indiretos da Odebrecht".
Carta aclaratoria sobre la nota de hoy publicada en Proceso y Aristegui Noticias. pic.twitter.com/n4y1IZ7fkQ— Emilio Lozoya Austin (@EmilioLozoyaAus) August 14, 2017
Os primeiros pagamentos de propina teriam acontecido no começo e 2012, quando o então candidato Peña Nieto liderava as pesquisas, o Partido Revolucionário Institucional – PRI se aproximava de uma provável vitória e Lazoya era cotado para assumir um cargo de relevância no futuro governo. O primeiro pagamento para Lozoya, de 4 milhões de dólares, teria sido uma maneira de sinalizar que, caso o PRI vencesse a eleição, a parceria corrupta poderia render-lhe ainda mais.
A informação revelada pelos ex-diretores da Odebrecht que ligam Lozoya ao recebimento de dinheiro ilícito mencionam datas, nomes, números e contas bancárias onde as transferências foram feitas. "Este caso será levado até as suas últimas consequências e diretamente contra os responsáveis", anunciou a Procuradoria Geral da República – PGR em comunicado.
O órgão indica que na investigação já constam as declarações de dez servidores públicos e nove ex-funcionários da Pemex "que intervieram na licitação de três contratos de obra pública atribuídos ao grupo brasileiro". "Também há declarações de três diretores da empresa, incluindo Marcelo Odebrecht, ex-presidente dela", apontou a Promotoria mexicana.
Além disso, PGR informou que representantes das empresas brasileiras ofereceram um acordo de reparação de dano, mas "não foi aceito e sob nenhum dinheiro se inibirá de sancionar administrativa e penalmente os ex-funcionários e/ou funcionários públicos envolvidos".
Ao revelar o pagamento de 788 milhões de dólares em propinas para obter contratos em 12 países da América Latina, a delação premiada de executivos da construtora Odebrecht, a maior da região, transformou-se em um grande teste coletivo da independência das instituições de suas democracias.
Veja no mapa como a investigação já chegou a diversos países da América Latina. Clique nos pontos azuis do mapa para saber detalhes da investigação em outros países.
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Investigação da Odebrecht chega ao México - Instituto Humanitas Unisinos - IHU