O Papa Francisco recebeu nessa sexta-feira, 3, em audiência privada, a senhora Marinette Silva, mãe da brasileira Marielle Franco da Silva (Rio de Janeiro, 27 de julho de 1979 – Rio de Janeiro, 14 de março, 2018), morta com quatro tiros na cabeça há cinco meses. Marielle era uma famosa defensora dos direitos humanos e vereadora do Rio de Janeiro. Ela foi morta na noite entre 14 e 15 de março junto com o seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Tratou-se de uma execução.
A nota é de Il Sismografo, 03-08-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A revista Famiglia Cristiana lembrava recentemente: “Nascida e criada na favela da Maré, uma das zonas mais violentas do Rio, Marielle Franco, 38 anos, tinha se formado em sociologia e administração pública. Há duas semanas, tinha se tornado presidente da comissão municipal criada para supervisionar as intervenções militares decretadas na cidade pelo presidente Michel Temer para conter a violência. Várias vezes, Marielle tinha denunciado as ações ilegais das forças policiais dentro das favelas.
Da esquerda para a direita: Marinete Silva, mãe de Marielle, a jurista Carol Proner, Papa Francisco, Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade, e a pastora luterana Cibele Kuss (Foto: Arquivo Pessoal)
O telefonema do papa
Lucia Capuzzi, no jornal Avvenire, conta: “Quatro dias depois do homicídio de Marielle Franco, a filha Luyara Santos, de 19 anos, pegou caneta e papel e escreveu ‘uma carta afetuosa’ ao Papa Francisco. ‘Tratava-se de uma missiva muito curta e muito simples, em que Luyara lhe contava o ‘rasgo’ que havia sentido na alma por causa da morte da mãe, comprometida com a denúncia dos abusos da polícia contra os moradores das favelas. E lhe pediu para rezar por ela, para que o Senhor lhe desse a força para seguir em frente’, disse ao Avvenire Lucas Scherer, da fundação argentina Alameda, que atuou como intermediária entre o Rio e o Vaticano.
“Seu presidente, Gustavo Vera, assim como Scherer, ativistas contra o tráfico, são velhos conhecidos de Jorge Mario Bergoglio. Foi Vera que entregou a carta ao ‘amigo papa’. Vinte e quatro horas depois, Francisco telefonou para a casa da vereadora do Rio de Janeiro, massacrada junto com o motorista no dia 14 de março. A moça não estava. Porém, encontrou a mãe de Marielle, Marinette, a quem ‘expressou sua solidariedade e seu afeto’, continua Scherer.
“O assassinato de Marielle comoveu o Brasil e toda a América Latina. Em todo o continente, foram organizadas manifestações para pedir justiça. Uma investigação recente revelou que as balas usadas para matar Marielle pertenciam a um lote que estava nas mãos da polícia. A um mês da polêmica decisão de implantar o Exército na cidade carioca em função anticrime, o governo começa a recuar. Os militares anunciaram sua retirada da favela de Vila Kennedy, ocupada em 23 de fevereiro passado por mais de 3.000 homens e definida como o ‘laboratório’ da nova estratégia. Ao mesmo tempo, o presidente Michel Temer decidiu alocar apenas um terço dos 800 mil euros inicialmente previstos para a atuação do Exército.”
Leia mais
- Anistia critica "ineficácia" de autoridades no caso Marielle
- Anistia quer comissão independente para investigar execução de Marielle
- ‘Efeito Marielle’: mulheres negras entram na política por legado da vereadora
- Marielle e o futuro dos feminismos
- Escutas indicam proximidade entre milicianos e vereador investigado por morte de Marielle
- Marcello Siciliano, de filantropo a vereador acusado de mandar matar Marielle Franco
- O dia nasce por Marielle e Anderson em vários lugares do país!
- Um mês e a pergunta continua: quem matou Marielle e Anderson?
- Repercussão do caso Marielle conseguiu furar bolhas de opinião
- Marielle e as mortes institucionais na América Latina
- O assassinato de Marielle e o fracasso das políticas de segurança. Entrevista especial com Rachel Barros
- Marielle Franco em memórias de um padre numa Exéquia interpelante: A "mosca que entrou na nossa sopa".
- Como combate a mentiras sobre Marielle superou racha ideológico e pode antecipar guerra eleitoral nas redes
- Família de Marielle Franco recebe visita de Dom Orani Tempesta
- Por que foi morta Marielle Franco?
- Marielle e os dois pilares do poder e do capitalismo: o patriarcado e o aparato do Estado penal racista. Entrevista especial com Alana Moraes e José Cláudio Alves
- O Papa conforta a família de Marielle, cujo assassinato abala o Brasil
- A pedido da filha, Papa Francisco telefona para a família de Marielle
- Papa Francisco telefona para mãe de Marielle
- 'Marielle e Anderson representam todos que defendem a dignidade da vida', diz frei
- A morte de Marielle inibirá o discurso conservador nas eleições?
- Cem entidades denunciam Brasil na ONU por morte de Marielle
- Marielle Franco lutava pela paz e contra a violência
- A morte de Marielle é um sinal ao qual devemos estar atentos
- 'Ela era uma inspiração para o favelado': a reação de moradores do Complexo da Maré à morte de Marielle
- Padre de 81 anos é xingado ao citar Marielle durante missa em Ipanema
- "Quem matou Marielle?" Entrevista especial com Bruno Cava, Marcelo Castañeda e Giuseppe Cocco
- O segundo assassinato de Marielle Franco
- Marielle e Monica, por todas as famílias
- O assassinato de Marielle Franco e a opressão estruturante no Rio de Janeiro
- Marielle bate impeachment no twitter
- A rotina de violência policial em Acari, denunciada por Marielle
- A segunda morte de Marielle
- Memento para Marielle, assassinada pela repressão
- 'Caso simbólico, Marielle pode servir de inspiração', diz especialista
- Direção dos tiros contra Marielle reforça hipótese de ataque premeditado
- Batalhão alvo de denúncias de Marielle Franco é o que mais mata
- 'Tudo aponta para possível envolvimento de policiais', afirma coordenador criminal do MPF no Rio sobre Marielle
- Assassinato de Marielle Franco põe Planalto contra a parede
- Assassinato político de Marielle Franco reativa as ruas e desafia intervenção no Rio
- “Democracia está ameaçada”, disse Marielle Franco em entrevista inédita
- 'Ela incomodava pequenas e grandes máfias', diz colega de partido de Marielle Franco, vereadora morta no Rio
- Mulher, negra, favelada, Marielle Franco foi de 'cria da Maré' a símbolo de novas lutas políticas no Rio
- Marielle presente!
- Marielle Franco, vereadora do PSOL, é assassinada no centro do Rio na saída de evento que reunia ativistas negras