Leão XIV: “Irmão, irmã, onde estão vocês no negócio das guerras, entre imigrantes desprezados, quando os pobres são culpados por sua pobreza?”

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16 Setembro 2025

  • A resposta não pode ser o silêncio. E a resposta é você, com sua presença, seu comprometimento e sua coragem. A resposta é escolher outra direção na vida, uma de crescimento e desenvolvimento.

  • Há apenas uma origem para todos os povos e a Terra, com suas riquezas, é para todos, não apenas para alguns.

  • Fraternidade é o nome mais verdadeiro para proximidade, pois significa redescobrir o rosto do outro. E no rosto do pobre, do refugiado, até mesmo do adversário, reconhecemos o Mistério: para aqueles que creem, a própria imagem de Deus.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 12-09-2025.

O grito do Papa Leão soou, evocando Francisco e recordando a pergunta de Deus a Caim: "Onde está o teu irmão?" Um chamado que continua a ser ouvido hoje neste mundo dilacerado pela guerra, pela incompreensão e pela polarização. Foi isso que Prevost quis deixar claro ao dar as boas-vindas aos líderes da terceira edição do Encontro Mundial da Fraternidade Humana, organizado pela Basílica de São Pedro, pela Fundação Fratelli tutti, pela Associação Be Human e pela Fundação São Pedro para a Humanidade. Com palavras retumbantes.

“Irmão, irmã, onde está você? Onde está você no negócio de guerras que destroem a vida de jovens forçados a pegar em armas, que abatem civis indefesos, crianças, mulheres e idosos, que devastam cidades, campos e ecossistemas inteiros, deixando para trás apenas escombros e dor?”, perguntou o Papa.

E continuou:

Irmão, irmã, onde estás entre os migrantes desprezados, aprisionados e rejeitados, entre aqueles que buscam salvação e esperança e encontram muros e indiferença? Onde estás, irmão, quando os pobres são culpados por sua pobreza, esquecidos e descartados, em um mundo que valoriza o lucro mais do que as pessoas? Irmão, irmã, onde estás numa vida hiperconectada onde a solidão corrói os laços sociais e nos torna estranhos até para nós mesmos?

“A resposta não pode ser o silêncio. E a resposta é você, com a sua presença, o seu compromisso e a sua coragem. A resposta é escolher outra direção na vida, uma direção de crescimento, de desenvolvimento”, enfatizou o pontífice, que nos encorajou a “reconhecer que o outro é um irmão ou uma irmã. Significa libertar-nos da ficção de nos considerarmos filhos únicos e também da lógica dos parceiros, que só se unem por interesse próprio”.

Tudo isto, no meio de um planeta “marcado por conflitos e divisões”, onde os participantes neste evento “estão unidos por um forte e corajoso “não” à guerra e um “sim” à paz e à fraternidade”.

“Como o Papa Francisco nos ensinou, a guerra não é o caminho certo para sair do conflito”, enfatizou Prevost, baseando-se na Evangelii Gaudium, “o caminho mais sábio, o caminho dos fortes”.

"A vossa presença testemunha essa sabedoria que une as culturas e as religiões, essa força silenciosa que nos faz reconhecer os nossos irmãos e irmãs, apesar de todas as nossas diferenças", sublinhou.

“As grandes tradições espirituais e também o amadurecimento do pensamento crítico nos levam para além dos laços de sangue ou etnia, para além daquelas fraternidades que só reconhecem os semelhantes e negam os diferentes”, refletiu Prevost, que invocou uma nova leitura da Bíblia para narrar “uma fraternidade que transcende as fronteiras étnicas do Povo de Deus e se baseia numa humanidade comum. Isso é atestado pelas histórias da criação e pelas genealogias: há uma única origem para os diferentes povos — até mesmo para os inimigos — e a Terra, com seus bens, é para todos, não apenas para alguns.”

Voltando a Francisco, desta vez à Fratelli tutti, Leão XIV insistiu que “fraternidade é o nome mais verdadeiro da proximidade”, pois “significa redescobrir o rosto do outro. E no rosto do pobre, do refugiado, até do adversário, reconhecer o Mistério: para quem crê, a própria imagem de Deus”.

“Caros amigos, exorto-os a identificar caminhos, tanto locais como internacionais, que desenvolvam novas formas de caridade social, de alianças entre saberes e de solidariedade entre gerações”, pediu aos presentes, entre os quais muitos dos artistas que participarão do evento neste fim de semana na Colunata de Bernini, e também aos vencedores do Prêmio Nobel, que assinaram a Declaração sobre a Fraternidade. Pediu-lhes que gerassem “caminhos populares, que incluam também os pobres, não como destinatários de ajuda, mas como sujeitos de discernimento e de palavras”.

“Eu os encorajo a continuar este trabalho de semeadura silenciosa. Dele pode emergir um processo participativo sobre humanidade e fraternidade, que não se limite a enumerar direitos, mas que inclua também ações e motivações concretas que nos diferenciem em nosso cotidiano”, porque “precisamos de uma ampla ‘aliança da humanidade’, baseada não no poder, mas no cuidado; não no lucro, mas em dádivas; não na suspeita, mas na confiança.”

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