O que é o sionismo cristão? Os evangélicos e Israel no Brasil e na Guatemala. Artigo de Maria das Dores Campos Machado e Brenda Carranza

Foto: Jacqueline Lisboa / Mamana Foto Coletivo

29 Mai 2025

O alinhamento ideológico de alguns setores evangélicos com o moderno Estado de Israel ganhou destaque nas últimas décadas em países onde se observa não apenas uma maior presença de evangélicos no conjunto da população, mas também um forte aumento de sua influência política. O denominado "sionismo cristã" é um fenômeno complexo, fomentado por redes transnacionais, pela agenda geopolítica dos Estados Unidos para o Oriente Médio e pela chamada "diplomacia da fé", que sucessivos governos israelenses vêm implementando na América Latina.

O artigo é de Maria das Dores Campos Machado e Brenda Carranza, publicado por Nueva Sociedad, março/abril de 2025.

Maria das Dores Campos é professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Brenda Carranza é professora colaboradora do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Eis o artigo.

A difusão de ideias sionistas entre protestantes ingleses começou antes da criação da Organização Sionista Mundial e esteve relacionada ao desenvolvimento do pensamento dispensacionalista, que vinculava a segunda vinda de Jesus Cristo ao retorno dos judeus à Palestina. No final do século XIX, essa perspectiva teológica se espalhou pelo continente americano e encontrou nos Estados Unidos um terreno fértil para sua propagação. As missões religiosas em países da América Central e do Sul, assim como a circulação de livros proféticos sobre o fim dos tempos, estimularam entre os protestantes locais o interesse e a preocupação com o destino dos judeus espalhados pelo mundo.

A fundação do Estado de Israel em 1948 deu início às primeiras iniciativas missionárias norte-americanas na Terra Santa e, num primeiro momento, o proselitismo daqueles cristãos gerou controvérsias entre os políticos judeus. A partir dos anos 1950, no entanto, os governos israelenses passaram a adotar políticas diplomáticas para garantir o apoio das igrejas protestantes norte-americanas mais liberais [1]. Essas políticas se intensificaram já na década de 1960, com viagens de líderes judeus a comunidades evangélicas, viagens que também visavam exercer pressão e influência sobre a política externa dos EUA.

Nessa mesma linha, o fortalecimento da direita em Israel nas décadas seguintes resultou numa aproximação estreita entre pastores sionistas e o Partido Republicano, além da organização ultraconservadora Moral Majority [Maioria Moral]. Esse processo de desenvolvimento do sionismo cristão parece ter atingido seu ponto mais alto de alinhamento político com Israel durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017–2021), ao mesmo tempo em que os governos israelenses de direita dos últimos anos encontraram no sionismo cristão uma grande oportunidade para ampliar o apoio internacional ao Estado de Israel.

A política externa do Estado de Israel na América Latina esteve inicialmente mais voltada para países como Guatemala, Honduras, El Salvador e Costa Rica, que representavam um mercado importante para sua indústria bélica. Posteriormente, e para esses mesmos países da América Central, Israel passou a oferecer programas de desenvolvimento agrícola. No entanto, apenas a Guatemala manteve uma postura de alinhamento político sem fissuras com Israel. Durante a década de 1960, o agravamento do conflito no Oriente Médio levou vários países latino-americanos a adotarem uma posição de equilíbrio nas assembleias da Organização das Nações Unidas (ONU), ou até mesmo uma defesa clara dos direitos dos palestinos; esse foi o caso do Brasil, que conta com uma importante comunidade árabe [2].

A expansão demográfica e o fortalecimento político dos evangélicos [3], assim como a aproximação entre os líderes pentecostais latino-americanos e a direita religiosa norte-americana, levaram por sua vez os governos israelenses a ampliar seu interesse por esses novos atores, com a expectativa de modificar a visão dessas sociedades a respeito do Oriente Médio. Desde então, foram adotadas diversas iniciativas de soft power para atrair os cristãos latino-americanos, que têm sido pouco estudadas pelas ciências sociais da nossa região [4].

Por outro lado, em 1980 foi fundada em Israel a Embaixada Cristã Internacional em Jerusalém (ICEJ, na sigla em inglês), com o objetivo de "representar os cristãos de todo o mundo que apoiam Israel e se solidarizam com a profunda conexão que existe entre o povo judeu e Jerusalém". Além de organizar eventos e festividades com a participação de cristãos em peregrinação à Terra Santa, a ICEJ conta com representação em diversos países do Ocidente, com o objetivo de fortalecer a articulação política entre Israel e os grupos evangélicos locais. O atual representante da ICEJ para a América Latina é o brasileiro Renê Terra Nova, que nos primeiros anos do século XXI renunciou à sua liderança pastoral na Igreja Batista, aderiu às ideias do movimento Nova Reforma Apostólica (NAR, na sigla em inglês) e fundou o Ministério Internacional Restauração. Terra Nova organizou diversas peregrinações a Jerusalém, foi condecorado pelo governo israelense e recebeu mais de uma vez, em sua igreja, o embaixador de Israel no Brasil.

Os relatos e as ações dos cristãos sionistas na América Latina podem apresentar variações dependendo do país, da região geográfica e do contexto histórico. Em última instância, as condições para o desenvolvimento de movimentos sionistas cristãos variam não apenas em função das características internas de cada movimento ou do vínculo que possuem com os centros internacionais de irradiação do sionismo na Europa e nos EUA, mas também em razão das diferentes relações oficiais que cada país mantém com Israel, as quais variam consideravelmente de acordo com o país ou o governo.

Guatemala e Brasil se destacam nesse cenário devido ao enorme crescimento demográfico dos evangélicos (que representam 45% e 31% da população, respectivamente [5]) e ao impacto desse setor na vida política, com parlamentares evangélicos nos respectivos congressos que têm atuado em defesa do Estado de Israel e do reconhecimento de Jerusalém como capital [6]. Com base em uma pesquisa realizada em ambos os países entre 2021 e 2024 [7], nos dedicaremos nas próximas páginas a analisar as relações dos evangélicos com a comunidade judaica e com a representação diplomática de Israel na Guatemala e no Brasil.

Brasil, evangelismo e política sionista

Como no restante da América Latina, o crescimento do evangelismo no Brasil se deve em grande parte ao trabalho dos pentecostais que, durante boa parte do século XX, adotaram e difundiram teologias dispensacionalistas [8]. Na década de 1980, no entanto, o dispensacionalismo começou a ceder espaço a outras vertentes igualmente oriundas dos EUA, como a teologia do domínio e a da guerra espiritual [9]. A primeira dessas duas vertentes, que teve ampla difusão entre as comunidades cristãs brasileiras a partir dos anos 2000, defende a necessidade de que os cristãos ampliem sua participação e assumam um papel dominante nos diferentes espaços da vida social — religião, família, educação, governo, mercado e artes —, tudo isso com o objetivo de construir o Reino de Deus na Terra. Tanto as ideias do dispensacionalismo quanto as da teologia do domínio fomentam iniciativas de diferentes naturezas em relação ao Estado de Israel e aos judeus, que podem ir desde o filossemitismo e a judaização das igrejas até um ativismo político pró-Israel na atuação dos líderes evangélicos na sociedade civil.

Nossa pesquisa identificou livros de pastores brasileiros com ideias sionistas já na primeira metade do século XX, ao mesmo tempo em que se observou um crescimento de obras com conteúdos afins a partir de meados da década de 1970, no contexto dos debates internacionais que vinculavam o sionismo ao racismo [10]. A pesquisa demonstrou que a percepção do atual Estado de Israel difundida nessas publicações estava — e continua estando — associada ao Israel imaginário e bíblico do Antigo Testamento. Também foi corroborada a importância do turismo religioso à Terra Santa na difusão de discursos pró-Israel em igrejas e meios de comunicação cristãos, bem como na adoção de costumes e símbolos judaicos entre os pentecostais [11]. De todo modo, não observamos muita interação entre a comunidade judaica brasileira e os grupos pentecostais senão aproximadamente a partir de meados da década de 2010.

Cabe destacar que a rápida expansão dos pentecostais nos últimos 30 anos levou a um crescimento na representação dos evangélicos no Congresso, os quais adotam teologias políticas em conflito com a tradicional posição de equidistância seguida pela diplomacia brasileira em relação ao Oriente Médio. Na atual composição das câmaras, 17,5% dos deputados federais e 16% dos senadores se declaram evangélicos, sendo a maioria eleita com apoio de igrejas pentecostais alinhadas à direita religiosa dos EUA e à teologia do domínio. Trata-se de legisladores que mantêm diálogo fluido com a Embaixada de Israel, costumam realizar visitas oficiais à Terra Santa a convite do governo israelense e participam, juntamente com parlamentares de outros países da América Latina, de cursos e eventos organizados por redes transnacionais como a Fundação Aliados de Israel (IAF, na sigla em inglês).

A IAF foi criada em 2007 pelo então ministro do Turismo de Israel, Benny Elon, falecido em 2017 e vinculado ao sionismo religioso de extrema direita, para subsidiar políticos cristãos que se identificassem com o país. Nos eventos organizados por essa instituição, são debatidos temas como o Holocausto, a necessidade de transferir as embaixadas de Tel Aviv para Jerusalém, as campanhas de organizações pró-palestinas como Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) [12], e diversas expressões de antissemitismo no mundo. Uma análise dos discursos de parlamentares evangélicos revela que alguns temas de interesse das elites israelenses foram incorporados à agenda dos deputados e senadores brasileiros após uma série de encontros promovidos pela IAF e visitas oficiais a Tel Aviv.

Nossa pesquisa também observou que, a partir de 2014, houve um forte crescimento da participação de evangélicos dentro do chamado Grupo Parlamentar Brasil-Israel, criado na década de 1960 para facilitar a cooperação entre os dois Estados. Ficou evidente a existência, no início de cada ciclo legislativo, de uma política de recrutamento de congressistas evangélicos para integrar esse grupo e defender os interesses israelenses [13]. Esse recrutamento fica a cargo de pastores fortemente vinculados à embaixada e ao governo de Israel. Verificamos, ainda, a existência de disputas entre políticos de diferentes setores pela coordenação do grupo, com o objetivo de que suas respectivas igrejas ampliem os intercâmbios com os diplomatas israelenses e as viagens e visitas ao país.

Os interesses em jogo no fortalecimento das relações entre evangélicos brasileiros e o Estado de Israel são múltiplos e entrelaçados, abrangendo dimensões ideológicas e políticas, econômicas e religiosas.

Do ponto de vista ideológico-político, destaca-se a identificação de parlamentares e líderes religiosos com a direita partidária, o conservadorismo e o autoritarismo. Esse alinhamento se manifesta no apoio a governos e lideranças como Donald Trump e Benjamin Netanyahu, bem como na defesa de pautas morais conservadoras e do fortalecimento dos laços com Israel como expressão de uma "aliança espiritual e civilizacional".

No campo econômico, há benefícios mútuos: pastores e agências de turismo lucram com peregrinações a Israel, enquanto o país israelense ganha com o fluxo turístico e com acordos comerciais mediados por políticos evangélicos brasileiros. Após as visitas oficiais, muitos parlamentares assumem o papel de intermediários em contratos entre empresas israelenses e governos estaduais, ampliando sua influência política e suas redes de interesse.

No aspecto religioso, esses vínculos são alimentados pela crença teológica de que o aprofundamento das relações com Israel trará bênçãos materiais e espirituais, além de acelerar o cumprimento das profecias bíblicas sobre a instauração do Reino de Deus. A criação do Estado de Israel e o reconhecimento de Jerusalém como sua capital são vistos, por muitos evangélicos, como evidências concretas do plano divino, reforçando o imperativo espiritual de apoiar Israel.

A diplomacia israelense compreende bem esses interesses e atua ativamente para cultivá-los. Além de distribuir livros, jornais e promover coquetéis e cerimônias em sua embaixada, representantes do Estado de Israel visitam com frequência igrejas pentecostais e estabelecem laços com seus líderes, oferecendo apoio simbólico e obtendo respaldo político. As viagens oficiais a Israel desempenham papel central nesse processo, fortalecendo os laços emocionais, espirituais e políticos.

O governo Trump e a eleição de Jair Bolsonaro constituíram marcos fundamentais na consolidação do ativismo político evangélico pró-Israel no Brasil. A postura abertamente favorável de Trump ao sionismo cristão — com ações como o reconhecimento de Jerusalém como capital, o traslado da embaixada americana, o reconhecimento dos Altos do Golã e os acordos de normalização com países árabes — reforçou a aproximação entre evangélicos conservadores latino-americanos e a direita israelense.

Essas ações foram justificadas, dentro da retórica evangélica, por argumentos teológicos: Trump foi retratado como um "novo Ciro", figura bíblica responsável pela libertação dos judeus do cativeiro babilônico [14]. No Brasil, o mesmo imaginário foi utilizado na campanha de 2018 para legitimar Bolsonaro como um instrumento divino. Bíblias e bandeiras de Israel foram erguidas em cultos e manifestações políticas, e setores da comunidade judaica alinhados a Netanyahu se aproximaram de lideranças pentecostais.

Durante o primeiro governo de Trump, observou-se o avanço de redes transnacionais evangélicas conservadoras, como a Capitol Ministries, que passou a operar em países latino-americanos — inclusive o Brasil — para evangelizar e discipular autoridades públicas. Ao mesmo tempo, foi criada a Coalizão Latina para Israel (LCI), que promoveu visitas e eventos com líderes religiosos e políticos. Igrejas brasileiras como a Batista de Belo Horizonte, que adere à teologia do domínio, utilizaram seus meios de comunicação para divulgar a narrativa de apoio irrestrito a Israel.

As pressões exercidas por setores evangélicos na sociedade civil e no Congresso Nacional para que a Embaixada do Brasil fosse transferida de Tel Aviv para Jerusalém, já visíveis na primeira metade da década de 2010, tornaram-se muito mais insistentes e enérgicas após os Estados Unidos, a Guatemala e Honduras realizarem essa transferência. Um segmento importante dentro da base de apoio a Bolsonaro — os pentecostais e os neocalvinistas identificados com a teologia do domínio — conseguiu se inserir com força na máquina estatal entre 2019 e 2022 e contribuiu de maneira significativa para o alinhamento ideológico do governo Bolsonaro com Trump e Netanyahu. Reinava, nesses setores evangélicos, a expectativa de que, após sua visita a Israel, Bolsonaro anunciasse a transferência efetiva da embaixada brasileira para Jerusalém. Mas essa ambição entrava em conflito com os interesses comerciais de um setor econômico poderoso — o pecuarista — que temia possíveis represálias dos governos árabes que pudessem afetar suas exportações de carne.

Guatemala-Israel: uma amizade incondicional

Assim como no Brasil, o sionismo cristão na Guatemala tem como correlato uma forte presença evangélica na sociedade e na política nacional, e é respaldado por acordos com o Estado de Israel mediados por redes internacionais e pela atuação dos representantes diplomáticos no país. Existe, no entanto, uma particularidade relevante: as fortes alianças estabelecidas com a comunidade judaica local e o imaginário de um “amor natural por Israel” entre os guatemaltecos, uma construção simbólica que resulta da sólida articulação entre os evangélicos, a Embaixada de Israel e a comunidade judaica.

Desde o final do século XIX, a Guatemala mantém relações estreitas com os EUA, especialmente com a direita religiosa, seja evangélica, católica ou judaica. Esse vínculo resultou na eleição de três presidentes guatemaltecos evangélicos, ao mesmo tempo que propiciou o apoio dos EUA a regimes autoritários, como ocorreu com o golpe de 1954 [15]. Durante o conflito armado entre 1960 e 1996, os republicanos norte-americanos apoiaram os militares guatemaltecos, enquanto Israel forneceu armamento e logística [16].

Os benefícios dessa aliança se traduzem em um intercâmbio constante que garante respaldo financeiro, político e ideológico à direita religiosa local, com momentos particularmente significativos, como a reconstrução nacional após o terremoto de 1976 [17]. O pentecostalismo, e sobretudo o neopentecostalismo, emergiram com força nesse contexto, impulsionando a participação política, a formação de fiéis e mobilizações religiosas em períodos eleitorais. A partir da década de 1980, o crescimento evangélico se intensificou, impulsionado pela teologia do domínio e pela forte atuação dos meios de comunicação religiosos com seu discurso de amor incondicional a Israel [18].

Além de acordos para fornecimento de armas e logística, Israel vem implementando desde 1962 na Guatemala o programa de cooperação internacional da agência Mashav, voltado para a formação de profissionais em áreas como agronegócios, segurança pública e governança. Mais de 6.000 guatemaltecos foram capacitados em instituições israelenses, o que fortalece o imaginário de Israel como “nação irmã”. O sucesso desse programa está ligado ao papel da Associação Shalom de ex-bolsistas, que amplia o peso do soft power israelense tanto em comunidades carentes quanto nos mais altos escalões do Estado. Trata-se de uma rede de bolsistas que ocupam cargos estratégicos na esfera pública e facilitam assim ações pró-Israel no âmbito oficial. Mashav e Shalom, por sua vez, atuam em eventos e atividades destinadas a projetar uma imagem positiva da comunidade judaica local, por exemplo, através de ações humanitárias realizadas em conjunto com igrejas evangélicas. Destaca-se a Coalizão Humanitária, criada pelo rabino Yosef Garmon, que opera em territórios vulneráveis na Guatemala e em outros países da América Latina, fortalecendo vínculos religiosos, institucionais e afetivos com o Estado de Israel [19].

A proximidade entre a comunidade judaica guatemalteca e o crescente setor evangélico ganhou maior visibilidade no final da década de 1990, quando os líderes judeus locais e a Embaixada de Israel passaram a promover uma imagem moderna e secular de Israel, que fosse atraente para os cristãos. A partir da primeira década do século XXI, várias igrejas e ministérios locais aderiram ao sionismo cristão, o que impulsionou sua expansão. Paralelamente, a matriz da teologia do domínio, representada por apóstolos e profetas da Nova Reforma Apostólica, se consolidou como o eixo do ativismo político evangélico, interpretado como um dever religioso, e se desdobrou, posteriormente, em apoio explícito ao Estado de Israel [20].

O papel dos evangélicos no Congresso guatemalteco foi o fator decisivo na consolidação de uma agenda pró-Israel no país. Desde 2015, sob influência dos pastores parlamentares, o currículo escolar passou a incluir o estudo do Holocausto por decreto do Ministério da Educação. Em 2017, deputados evangélicos sancionaram a criação do Dia da Amizade Guatemala-Israel, que foi ampliado em 2021 para uma Semana da Amizade celebrada anualmente em todas as escolas públicas e privadas, com presença oficial de autoridades locais, da Embaixada de Israel e representantes da comunidade judaica [21]. O Congresso também autorizou diversas visitas de delegações parlamentares a Israel, algumas organizadas pelo governo israelense por meio do Poder Executivo ou da Knesset (Parlamento). No âmbito das resoluções institucionais, a Guatemala declarou o Hezbollah como organização terrorista em 2020 e reconheceu oficialmente, em 2021, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, adotando a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, sigla em inglês) [22].

Por sua vez, algumas ações centrais dos parlamentares evangélicos incluem a criação, em 2018, da Liga de Amizade Guatemala-Israel, integrada por 67 deputados de 15 partidos, cerca de um terço da Câmara. Essa Liga busca fortalecer a cooperação bilateral entre os parlamentos, ao mesmo tempo que reflete a significativa presença evangélica no Congresso guatemalteco e nos setores sociais que compõem a elite do país [23].

A articulação institucional promovida pela Liga de Amizade gerou o surgimento de outras instâncias afins, como a Associação Civil de Justiça Guatemala-Israel Tsedeq. A atividade da Liga concentra-se especialmente no campo simbólico e comemorativo, aproximando os evangélicos da comunidade judaica. Em 2022, por ocasião da celebração dos 75 anos do início das relações bilaterais, foram publicados os “Documentos de Amizade. História da amizade entre Guatemala e Israel narrada pelos documentos que a tornaram possível”, resultado de um trabalho conjunto entre a Comunidade Judaica da Guatemala, os ministérios das Relações Exteriores e da Educação, a Embaixada de Israel e a Fundação Interamericana (IAF). Consolidada como um referencial para a atuação pró-Israel na América Latina, a Liga tornou-se modelo para outras frentes parlamentares reunidas nos Fóruns Centro-Americanos por Israel, além de se apresentar como o bastião contra o antissemitismo na região. Entre suas atividades, contam-se a cooperação e a implementação de propostas feitas por organismos evangélicos internacionais, como o Instituto de Líderes Cristãos (LCI, sigla em inglês), também ativo no Brasil.

Fora da Guatemala, a Liga promoveu a criação do Primeiro Fórum Centro-Americano por Israel, com apoio do Movimento de Combate ao Antissemitismo (CAM, sigla em inglês) e do Centro para o Impacto Judaico (CJI). O evento, realizado em julho de 2021 e repetido no ano seguinte no Panamá [24], focou na análise e divulgação de políticas para combater o antissemitismo e fortalecer a causa em favor de Israel [25]. Em setembro de 2022, o II Fórum Anual Centro-Americano por Israel reuniu congressistas de mais de 14 países e defendeu a proibição nuclear ao Irã, assim como o apoio aos Acordos de Abraão [26]. A atuação da Liga confirma o forte laço entre Israel e o ativismo evangélico na Guatemala.

Paralelamente às iniciativas parlamentares, a Aliança Evangélica da Guatemala, que representa mais de 40.000 igrejas, cumpriu papel decisivo na transferência da embaixada guatemalteca para Jerusalém em 2018. A medida foi resultado da articulação entre sionistas cristãos, a Embaixada de Israel no país, as organizações da comunidade judaica, a câmara de comércio local e outros setores da sociedade civil, que pressionaram o presidente Jimmy Morales (2016-2020) a favor dessa decisão. Como estratégia simbólica de apoio, incentivou-se as igrejas e os cidadãos a exibirem bandeiras de Israel em espaços públicos [27]. Embora Morales tenha assumido esse compromisso durante sua campanha, a mobilização foi determinante para que a Guatemala se tornasse o segundo país, depois dos EUA, a efetivar a transferência de sua embaixada. A decisão teve que lidar com a resistência de setores exportadores que temiam represálias econômicas dos países árabes, destinatários de 2,4% das exportações guatemaltecas, por um montante próximo a 230 milhões de dólares em produtos como cardamomo, açúcar, café e frutas [28]. Apesar disso, Morales justificou a transferência como expressão de uma amizade histórica entre ambos os países, que, já elevada a uma espécie de mito, sugere uma “amizade natural” entre Guatemala e Israel. Em reconhecimento, Morales recebeu o prêmio concedido pelo Museu dos Amigos de Sião de Jerusalém, honra que também foi recebida por Jair Bolsonaro em 2019 [29].

Após a mudança da sede da embaixada, o ativismo cristão pró-Israel ganhou maior visibilidade pública. Desde 2018, a Marcha por Israel, promovida pela ICEJ, tornou-se a principal manifestação nacional de apoio ao Estado israelense. O evento reúne caravanas de igrejas, multidões de estudantes transportados por veículos públicos, representantes judeus (incluindo artistas e músicos que tocam o shofar) e autoridades do governo. Realizada na capital e paralelamente em diversos municípios, a marcha promove a imagem de um Israel moderno, próspero e vitorioso, ao mesmo tempo em que veicula o soft power israelense no território concreto e no imaginário político-religioso da sociedade guatemalteca.

As ações simbólicas em todo o território guatemalteco são uma expressão clara da forma como se aprofundou o alinhamento com o Estado de Israel. À presença constante de bandeiras em igrejas e prédios somam-se ações de nomeação de espaços urbanos: ruas, avenidas, praças e parques que foram renomeados como “Jerusalém, Capital de Israel” em pelo menos 36 dos 340 municípios do país. Essa reconfiguração simbólica do espaço público foi resultado da articulação entre parlamentares evangélicos, pessoal da Embaixada de Israel e líderes da comunidade judaica, em conjunto com funcionários municipais. Com isso, promove-se Israel como símbolo positivo, cotidiano e espiritual, operando uma verdadeira colonização do imaginário nacional que naturaliza uma amizade incondicional entre as duas nações.

A aliança entre atores evangélicos, comunidade judaica e diplomacia israelense funciona como uma tríade estratégica de ação constante na consolidação de um discurso pró-Israel. Seja por meio da nomeação de espaços públicos, das marchas em favor de Israel, da atuação da Liga de Amizade ou da mudança da embaixada, o alinhamento institucional fortalece o sionismo cristão. Essa tríade, articulada com redes internacionais, sustenta a ideia de uma “amizade incondicional” entre Guatemala e Israel, que gera efeitos simbólicos, políticos e territoriais de longo alcance.

A modo de conclusão

A reconfiguração política da América Latina desde o final da década de 2010 – com a ascensão da direita em vários países – criou as condições para uma ofensiva diplomática do governo Netanyahu na região. O avanço da diplomacia religiosa israelense encontrou no Brasil e na Guatemala terreno fértil para se expandir, devido à articulação dos interesses – políticos e econômicos – dos setores evangélicos com os interesses geopolíticos de Israel. Desde a Presidência ou o Congresso desses países, setores cristãos incorporaram as demandas das elites israelenses em suas agendas. Em Guatemala, por exemplo, com investimentos relativamente modestos, o governo de Israel reforçou o imaginário nacional de “nação irmã” e conseguiu que o governo guatemalteco transferisse sua embaixada para Jerusalém em 2018.

Identificamos alguns eixos comuns no crescimento do sionismo cristão na Guatemala e no Brasil.

O primeiro é de natureza teológica: a crença, derivada de uma hermenêutica bíblica popular entre grupos pentecostais, de que quem abençoa Israel recebe bênçãos divinas. Assim, apoiar irrestritamente o Estado de Israel – mesmo em suas ações expansionistas – passa a ser visto como parte de um compromisso espiritual. A difusão da teologia do domínio entre os evangélicos desses países, mesmo que as crenças dispensacionalistas não tenham desaparecido totalmente, é claramente identificável como um fator que reconfigura o discurso da prosperidade e sustenta o ativismo pró-Israel entre cristãos guatemaltecos e brasileiros. Embora existam vozes evangélicas críticas, o discurso dominante insiste que ser cristão é, por definição, ser sionista. Essa perspectiva se expressa simbolicamente em bandeiras de Israel exibidas nos púlpitos das igrejas, na apropriação territorial e renomeação de locais na Guatemala, e na crescente participação de evangélicos no turismo religioso a Israel, especialmente do Brasil.

Um segundo ponto em comum está relacionado à percepção, entre os sionistas cristãos de ambos os países, de Israel como modelo de nação moderna, tecnológica e resiliente: uma democracia bem-sucedida que superou adversidades e se tornou a nação de referência em inovação, segurança e governança. Essa imagem faz de Israel um “mentor estratégico” e de seus aliados cristãos, “discípulos abençoados”, especialmente na Guatemala. A retórica evangélica que justifica o apoio a Israel pode combinar vários argumentos: de natureza profética, vinculados a promessas de prosperidade presente, imagens de Israel como modelo de desenvolvimento ou a defesa dos cristãos árabes [30]. As viagens de legisladores e pastores a Israel reforçam essa narrativa. No Brasil, sobretudo entre parlamentares evangélicos, é mais forte o ênfase nos argumentos seculares, ligados ao progresso material, embora as justificativas proféticas também estejam presentes.

Pode-se observar em ambos os países uma tendência de colonização simbólica de territórios e imaginários, como no caso da criação de um parque temático que narra a história das 13 tribos de Israel no Templo Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo, ou a exibição de bandeiras de Israel em igrejas evangélicas e a renomeação de espaços públicos com referências à Terra Santa.

Identificar os apoios institucionais e internacionais que sustentam essas ações é essencial para compreender até que ponto os casos do Brasil e da Guatemala constituem modelos replicáveis ou experiências atípicas de sucesso estratégico.

Distinguimos os vínculos dos sionistas cristãos com redes transnacionais e órgãos oficiais israelenses e agências de turismo religioso. Esses laços ajudam a explicar a difusão de um imaginário pró-Israel ancorado na promessa bíblica de bênção para quem apoia o povo escolhido. É nessas interseções entre fé, política e diplomacia que se estrutura o sionismo cristão latino-americano, uma força transnacional que molda identidades, discursos e alianças em nome de Israel.

Observamos também distintas estratégias de soft power do governo israelense, bem como intensa atividade de suas embaixadas em ambos os países, projetada para fortalecer a articulação com líderes evangélicos, com o propósito de ampliar o apoio político dos setores cristãos e impactar posicionamentos sobre o Oriente Médio. Tanto no Brasil quanto na Guatemala, após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, aumentou a atuação das respectivas embaixadas de Israel e o envio de material bibliográfico, jornais e documentos aos legisladores para apoiar os discursos e iniciativas do sionismo cristão nos congressos de ambos os países.

Parlamentares evangélicos brasileiros pressionaram sem sucesso por mudanças nas relações exteriores de seu país com a Palestina e se opuseram publicamente à declaração feita por Luiz Inácio Lula da Silva na Etiópia de que Israel estaria cometendo genocídio em Gaza [31]. Nesse sentido, a posição do atual governo brasileiro se aproxima da defendida por executivos de outros países (Chile, Colômbia) críticos da política de ocupação e limpeza étnica em Gaza, e se distancia do governo guatemalteco (mesmo que desde 2024 esteja à frente desse governo um partido progressista).

A reeleição de Trump em 2024 e a visão geopolítica do atual governo dos EUA, completamente alinhada com a política de ampliação territorial de Netanyahu, tendem a aumentar o peso do sionismo cristão na região e exigem novas pesquisas comparativas sobre o fenômeno na América Latina.

Notas

[1] Daniel Hummel: Irmãos da aliança. Evangélicos, judeus e as relações EUA-Israel, University of Pennsylvania Press, Filadelfia, 2019 y «O novo sionismo cristão» en First Things, 1/6/2017.

[2] Ver Edy Kaufman, Yoram Shapira y Joel Barromi: Israel-Latin American Relations, Routledge Taylor & Francis, Londres, 1979.

[3] José Luis Pérez Guadalupe y Sebastian Grundberger (eds.): Evangélicos y poder en América Latina, Instituto de Estudios Social Cristianos (IESC) / Konrad-Adenauer-Stiftung, Lima, 2019.

[4] M.D. Campos Machado, Cecília Loreto Mariz y B. Carranza: «Articulações político-religiosas entre Brasil-eua: direita e sionismo cristão» en Ciencias Sociales y Religión / Ciências Sociais e Religião vol. 23, 2021; M.D. Campos Machado, C.L. Mariz y B. Carranza: «Genealogia do sionismo evangélico no Brasil» en Religião & Sociedade vol. 2 No 2, 5-6/2022; M.D. Campos Machado y C.L. Mariz: «O sionismo cristão no Brasil do século XXI e os interesses no jogo» en Ciencias Sociales y Religión / Ciências Sociais e Religião vol. 25 No 0, 2023.

[5] Claudia Dary propone ese porcentaje para Guatemala a partir de los datos recabados por Latinobarómetro. Ver C. Dary: «Aproximación al sionismo cristiano en Guatemala» en Ciencias Sociales y Religión / Ciências Sociais e Religião vol. 25, 2023. Para el caso de Brasil, v. «Datafolha: 50% dos brasileiros são católicos, 31%, evangélicos e 10% não têm religião» en O Globo, 13/1/2020.

[6] En 1980, el Estado de Israel declaró a la ciudad como su capital y los palestinos designaron a Jerusalén del Este como sede de su Estado. Un gran número de embajadas están en Tel Aviv debido a que la mayoría de los Estados defienden el plan de partición de la ONU de 1947, que establece el control internacional sobre la ciudad, por lo cual no pertenecería ni a Israel ni a Palestina, aunque en los hechos es controlada por Israel.

[7] El equipo del proyecto «Avance del sionismo cristiano en el Sur global» está integrado por las autoras del presente artículo y los investigadores Paul Freston, Joanildo Burity y Cecília Mariz.

[8] El dispensacionalismo afirma que Dios se ha relacionado con la humanidad sobre la base de distintas dispensaciones a lo largo de la historia. Los dispensacionalistas sostienen que la Iglesia de Cristo no ha reemplazado a Israel en el programa de Dios y que las promesas a Israel en el Antiguo Testamento siguen vigentes y serán finalmente cumplidas en el periodo del milenio del que se habla en Apocalipsis 20.

[9] La teología del dominio afirma que el cristianismo bíblico gobernará todas las áreas de la sociedad, personales y corporativas. El deber de los cristianos es entonces crear un reino mundial siguiendo el modelo de la ley de Moisés. La guerra espiritual se basa en la creencia en espíritus malignos, o demonios, que intervendrían en los asuntos humanos de diversas maneras y deben ser combatidos.

[10] Ver M.D. Campos Machado, C.L. Mariz y B. Carranza: «A genealogia do sionismo evangélico no Brasil», cit.

[11] Magno Paganelli: Sionismo evangélico, Arte Editorial, San Pablo, 2020; André Daniel Reinke: Paixão por Israel: judaização, sionismo cristão e outras ambiguidades evangélicas, Thomas Nelson Brasil, s./l., 2025.

[12] Campaña global para incrementar la presión económica y política sobre Israel incorporando estrategias utilizadas contra la Sudáfrica del apartheid.

[13] M.D. Campos Machado: «Evangélicos e o ativismo pró-Israel no Congresso Nacional», ponencia presentada en el coloquio Israel como Modelo Cultural: Imaginários e Usos na Nova Extrema-Direita», PUC-Rio, 28-29/3/2023.

[14] Guillermo Flores Borda: «A construção de uma ‘nação cristã’ na América Latina» en José Luis Pérez Guadalupe y B. Carranza (eds.): Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI, Konrad-Adenauer-Stiftung, Río de Janeiro, 2020.

[15] Waldir José Rampinelli: «O primeiro grande êxito da cia na América Latina» en Ponto e Vírgula No 1, 2007.

[16] Comisión para el Esclarecimiento Histórico: Guatemala: memoria del silencio, Oficina de Servicios para Proyectos de las Naciones Unidas (UNOPS), Ciudad de Guatemala, 1999.

[17] Lauren Frances Turek: «Evangélicos americanos na Guatemala» en Oxford Research Encyclopedia of Latin American History, 11/2022.

[18] Manuela Cantón Delgado: «Religiones globales, estrategias locales: usos políticos de las conversiones en Guatemala» en Estudios sobre las Culturas Contemporáneas vol. 10 No 19, 2004; C. Dary: «Aproximación al sionismo cristiano en Guatemala», cit.; Virginia Garrard‐Burnett: «Una panorámica del protestantismo histórico en Guatemala» en Rostros del protestantismo en Guatemala, Instituto Esdras, Ciudad de Guatemala, 2009; Henri Gooren: «El pentecostalismo en Guatemala: aportes y debilidades», Centro de Formación e Investigación Esdras, Ciudad de Guatemala, 2009.

[19] "Conoce al Rabino que propició el cambio a Jerusalén de la Embajada de Guatemala» en Enlace Judío, 20/5/2019.

[20] Ver C. Dary: «El factor religioso en las elecciones de Guatemala» en Sociopolítica Religiosa No 165, 8/2023; Dennis Smith: «Los teleapóstoles guatemaltecos: apuntes históricos y propuestas para la investigación», ponencia presentada en XXVI Congreso Internacional de Latin American Studies Association, San Juan, 2006.

[21] Jorge García Granados: Así nació Israel, Comunidad Judía de Guatemala / Embajada de Israel en Guatemala / Gobierno de Guatemala, Ministerio de Educación, Ciudad de Guatemala, 2021, disponible en www.guatemala-israel.com/asi-nacio-israel; Julio Morales: «Guatemala e Israel celebran la semana de la amistad a fin de reforzar lazos de cooperación» en Agencia Guatemalteca de Noticias, 11/5/2021.

[22] V. «Definición del antisemitismo de la Alianza Internacional para el Recuerdo del Holocausto» en https://holocaustremembrance.com/resources/definicion-del-antisemitismo.

[23] Documentos de amistad. Historia de la amistad entre Guatemala e Israel, narrada por documentos que la hicieron posible, Allies Fundation / Liga de la Amistad Parlamentaria Guatemala-Israel / Comunidad Judía de Guatemala, Ciudad de Guatemala, 2022.

[24] "II Foro Centroamérica e Israel" en Enlace Judío, 13/9/2022.

[25] Documentos de Amistad, cit.

[26] "II Foro Centroamérica e Israel", cit.

[27] "Evangélicos exhortan a ondear banderas de Israel en iglesias» en Prensa Libre, 27/12/2017.

[28] Urías Gamarro y Javier Lainfiesta: «Embajada en Jerusalén: lo que exporta Guatemala a los países árabes» en Prensa Libre, 27/12/2017.

[29] Guilherme Waltenberg: «Em Israel, Bolsonaro recebe prêmio ‘Amigo de Sion’ do museu sionista» en Metrópoles, 2/4/2019.

[30] Paul Freston: «Conclusión» en conferencia «Política e religião no Brasil e nas Américas: Igrejas evangélicas e suas relações com o judaísmo, o sionismo, Israel e as comunidades judaicas», Universidad de Haifa, Instituto Brasil-Israel y Centro Interdisciplinar de Estudos Judaicos (Universidad Federal de Río de Janeiro – NIEJ), Haifa, 13-15/1/2020.

[31] "Lula compara resposta de Israel em Gaza à ação de Hitler contra judeus; Netanyahu convoca embaixador do Brasil para reunião, e Conib repudia fala do petista» en g1, 18/2/2024.

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