Diálogo entre ciência, comunicação e arte para compreender o mundo na era do colapso climático

Exposição Camila Proto no Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Divulgação: Margs

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Por: Elstor Hanzen | 13 Novembro 2024

A convivência do ser humano com a natureza não tem sido harmoniosa nem tranquila, vide os desastres climáticos do Sul ao Norte, trazendo chuvas excessivas em uma região e secas extremas em outra.

Em um mundo cada vez mais atravessado por suportes tecnológicos, a comunicação entre homem e natureza parece não acompanhar o mesmo ritmo nem oferecer a clareza suficiente para estabelecer um entendimento. Para se sintonizar com os sinais e as demandas da natureza, a artista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Camila Proto propõe explorar a relação entre arte, ciência e comunicação.

“A artista explora as potencialidades da linguagem, da imagem e do som, bem como os diálogos transdisciplinares entre arte e ciência. De tais relações, eclodem trabalhos materializados em diferentes mídias e suportes”, aponta o mestre e doutorando em Artes Visuais Diego Hasse, curador da exposição Camila Proto — Terralíngua, que aconteceu no Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS em 2023.

Nesta quinta-feira, 14-11-2024, às 17h30, Camila vai ministrar a videoconferência Terralíngua. O léxico da liminaridade e a transição para novos mundos, que pode ser acompanhada ao vivo nos canais do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

O evento faz parte do Ciclo de Estudos O Novo regime climático e a complexidade da Casa Comum. Possibilidades de um novo existir.

O objetivo das palestras é compreender, transdisciplinarmente, a complexidade dos modos de existência diante do Novo Regime Climático e seus impactos na Casa Comum. A atividade é gratuita e aberta ao público em geral. Para se inscrever, clique aqui.

Terra e língua justapostas

A artista articula várias mídias, formas e linguagens para desenvolver os trabalhos e convida o público a inventar como a palavra e o som podem criar certas geografias capazes de traduzir o que se pode entender por escritas não humanas feitas pela Terra, por exemplo. O próprio título da palestra, “Terralíngua”, é um indicativo que aponta para essa correlação, ao justapor as palavras “terra” e “língua”.

“Proto mostra como procuramos traduzir, com nossos sistemas de linguagens, o mundo natural. Até o subtítulo da palestra aponta para essa área fronteiriça entre esses mundos, onde a essência comunicacional é quase que impenetrável. Então como comunicamos a complexidade do mundo natural nos nossos sistemas econômico e cultural por meio da linguagem? Basicamente ela tenta fazer esse exercício de tradução, busca entender essa tradução entre lugar e natural. Ou seja, o que consideramos natural e a cultura”, explica Guilherme Tenher, economista, um dos coordenadores da programação e integrante do IHU.

Expectativas

O encontro é um convite para entender como essa linguagem aberta pode auxiliar na nossa relação com o meio ambiente. Em outras palavras, busca nas linguagens mais sensíveis, no caso a arte, uma forma de sensibilizar a população para as questões ambientais, para a complexidade dos problemas que estão acontecendo. Além disso, entende a natureza em si própria como entidade de destruição, mas, ao mesmo tempo, de renovação.

“Então é basicamente isso, nós escolhemos essa artista através da linguagem da arte para entender melhor o mundo. Como nós modernos fazemos as traduções do que consideramos mundo natural e como podemos ultrapassar essas barreiras aparentemente intransponíveis entre o sujeito e objeto, por meio da arte e da cultura”, ressalta Tenher. Ele ainda acrescenta que a proposta é uma provocação e tem a perspectiva da linguagem como método de entendimento dessa relação comunicacional complexa.

Palestrante

Camila Proto (Foto: Arquivo pessoal)

Camila Proto é artista e pesquisadora. Investiga modos de narrar por meio da escuta fabulativa e da escrita de campo especulativa, que se materializam em instalações multimídia e interativas. Doutoranda em Artes Visuais pela UFRJ, foi indicada ao 13º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2020), na categoria "Artista em Início de Carreira", e recebeu o 6º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea (2023).

Coorganizadora dos eventos acadêmicos A (na) rqueologias (2018, 2021) e Escuta! Listening that Matters (2022); colaboradora do CIPS (2021, 2023) e do Campus Anthropocene (2022, 2024). É pesquisadora ativa no Grupo de Pesquisa Semiótica Crítica (GPESC-UFRGS), na linha de pesquisa Sem-Sono (Semiótica e Sonoridades) e no grupo Som nas Artes (SOMA-UFF). Publicou os artigos: Viagem ao Sensível da Terra (2021, Palindrome), e VOZALTA: Polifonias do Dizer (2020, Palindrome); traduziu os livros "Sonic Agency: Sound and Emerging Forms of Resistance" (2022, Numa), de Brandon Labelle, e "Resonances: Sympathetic Vibrations and Insurgent Frequencies" (em breve, Errant Bodies), de Tato Taborda. É também a autora e organizadora do catálogo da exposição TERRALÍNGUA, publicado em 2023 pela Numa Editora.

Assista às demais conferências do ciclo:

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