28 Agosto 2023
"Tudo o que respira vive e Simone está indignada porque, através desta garganta, parece que o grito daqueles que sofrem privação, humilhação e injustiça não passa", escreve Flavio Lazzarin, em artigo publicado por Settimana News, 24-08-2023.
Flavio Lazzarin é padre italiano fidei donum que atua na Diocese de Coroatá, no Maranhão, e agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Ao relembrar Simone Weil, sinto muitas emoções, inclusive contraditórias, que, necessariamente, irão colorir minhas balbuciantes anotações críticas. De fato, ao retomar a leitura de três livros que descansam aqui em casa desde o longínquo 1988 [1], integrados por uma nova leitura, "A Pessoa e o Sagrado", sou obrigado a sentir a mesma incerteza e quase o temor que sentia quando jovem, ao ler Søren Kierkegaard, mas, ao mesmo tempo, surpreendido e fascinado, contemplo novamente o que Simone consegue implacavelmente fazer e pensar.
Não se pode discordar de Albert Camus, que publicou vários escritos de Weil na Gallimard e a definiu como "o único grande espírito de nosso tempo". Assim, lembrar dela é para mim um convite presunçoso para aqueles que ainda questionam o sentido da vida, ler e reler Simone Weil, pois suas palavras são como relâmpagos que iluminam por um instante a noite do mundo em que vivemos e são pensamentos que podem se transformar em ferramentas indispensáveis para enfrentar os perigos da atualidade.
Simone utiliza a palavra como um bisturi de uma vivissecção introspectiva, de forma nada trivial, desprovida de fragilidade depressiva, mas, ao contrário, voltada para se esvaziar na espera da verdade, da justiça e do verdadeiro amor, e, acima de tudo, nunca condicionada por subjetivismos e intimismos que a desviariam da atenção à situação daqueles que sofrem e às dramáticas conjunturas sociopolíticas de seu tempo.
Weil mantém ao longo das diferentes estações de sua breve vida uma coerência radical e, como consequência, sempre acaba saindo das molduras e convenções sociais, políticas e religiosas, sempre impiedosamente expostas.
Não é de forma alguma concebível dividir ou distinguir em dois momentos a biografia de Weil: o período militante, que é explícito nas "Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opres são Social", e o período místico, após o encontro com Jesus de Nazaré, que se manifesta claramente em muitos outros escritos. Na verdade, parece-me ver uma extrema coerência entre a batalha pela destituição e morte do "eu", única condição para que o divino possa se revelar - como dom e não como conquista ascética - e a batalha, igualmente dura, antiautoritária e antitotalitária, para não aceitar a identificação com qualquer rebanho, tradicional ou moderno.
Ela não se identificou com suas origens judaicas e tornou-se grega por opção filosófica, a ponto de ser considerada antissemita. Embora frequentasse ambientes comunistas, sindicalistas e revolucionários, não se identificou com nenhum partido e, desde o início, foi crítica ao estatismo soviético.
Apesar de sua conversão a Jesus, ela não quis se identificar com a Igreja Católica, considerando-a o pecado original e a inspiração de todos os totalitarismos. Ela não podia aceitar que a universalidade, a catolicidade, fosse tornada vã pelos anátemas. Anarquista, esteve na Catalunha lutando ao lado de Durruti, mas após um incidente nas cozinhas, voltou para casa, com sentimentos não violentos, surgidos após constatar também a violência dos republicanos, afirmando: "Eu já não sentia mais nenhuma necessidade interior de participar de uma guerra, que não era mais, como me parecia no início, uma guerra de camponeses famintos contra proprietários de terras e um clero cúmplice dos proprietários, mas uma guerra entre a Rússia, a Alemanha e a Itália". [2]
Nascida em Paris em 1909 e falecida em Londres aos 34 anos, em 1943: uma vida breve em que foi filósofa, teóloga, professora, operária, anarquista revolucionária, matemática, mística.
Um aspecto de suas inspirações filosóficas me deixa perplexo e desorientado até hoje: não consigo entender como ela pode se referir a Platão, à tragédia e ao pensamento grego, como ela pode conciliar sua radicalidade mística com o fascínio - ainda que sempre na fronteira - exercido pela Igreja Católica, na qual uma teologia fruto de um sincretismo original entre o ser grego e indo-europeu e o Adonai bíblico e semítico é secularmente dominante.
O Deus que ouve o grito de um povo tornado escravo e desce para libertá-lo é submetido e substituído pelo ser parmenidiano e platônico. Parece-me, de fato, que, em contradição com o platonismo declarado, sua espiritualidade se baseia no dualismo teológico e no monismo antropológico tipicamente judaicos, e não no monismo teológico e no dualismo antropológico tipicamente gregos.
Não me parece que as reflexões espirituais de Weil possam ser atribuídas ao monismo Advaita, no qual o Atman, a alma da mesma substância do Brahman, aspira asceticamente à união, além dos dualismos, além dos limites do desejo, da matéria, da corporeidade. Para os semitas, ao contrário, existe uma diástase radical entre Adonai e o ser humano, que, ao contrário dos indo-europeus, hindus e gregos, não é um composto binário de alma e corpo, mas um ser único, indivisível.
Há também um aspecto que sem dúvida revela o quanto Simone é inerentemente judaica e cristã: o divino que a seduz não é o ser grego, nem o Brahman do Advaita, mas a presença do Filho do Homem, Jesus de Nazaré, onde parece que para ela o evento cabalístico do tzimtzum e o evento cristão da kenosis se confundem, a revelação de Deus sub contrario, como dizia Lutero. Em suma, uma teologia da Cruz em alternativa radical a uma teologia da Glória: Deus se revela na extrema fraqueza, no sofrimento, na pobreza e na mediocridade, na humilhação da cruz de Jesus de Nazaré.
Isso a coloca em uma saudável oposição ao antiplatônico Nietzsche, que também é um seguidor da tragédia e da grecidade, um profeta do super-homem, livre da escravidão das metafísicas dos fracos e ressentidos, que condena em "O Anticristo", com metáforas - que, no entanto, continuo a interpretar literalmente -, Jesus e o cristianismo como a religião dos chandala, dos escravos, dos derrotados.
Em Portugal, em 1935, ela testemunhou uma procissão das esposas dos pescadores, em homenagem ao santo padroeiro, e o fado dos pobres a comoveu profundamente: "As esposas dos pescadores (...) cantavam músicas que eram certamente muito antigas, de uma tristeza dilacerante. Não há nada que possa dar uma ideia disso. (...) Ali, tive subitamente a certeza de que o cristianismo é por excelência a religião dos escravos, que os escravos não podem deixar de aderir a ela, e eu junto com eles".[3]
Sua radicalidade ética e política a leva a se distanciar da mera compreensão crítica das estruturas de dominação e opressão, típica dos intelectuais - e também típica, obviamente, de sua origem de classe - e a se envolver existencialmente com os pobres, com os famintos e os desafortunados, em várias experiências de um processo de descida kenótica aos lugares mais pobres com os pobres.
Ela traduziu em sua vida o imperativo "como eles", que marca indelevelmente a vida de testemunhas, desconhecidas para ela, como Charles de Foucauld, René Voillaume, as Pequenas Irmãs e os Pequenos Irmãos. Mas o "como eles" de Simone é de uma intensidade louca e superior, que nos lembra Francisco de Assis, o germinativo, antes das reduções canônicas da instituição e das remendas traiçoeiras do movimento franciscano, transformado na Ordem dos Mendicantes.
Nesse sentido, parece-me interessante imaginar uma afinidade eletiva entre Simone e Francisco: Francisco tenta uma revolução contra o direito romano e o direito canônico, e Simone é uma inimiga radical do direito. No lugar do direito: o Evangelho sem glossa. No lugar do direito, a justiça.
Giorgio Agamben se reconhece devedor de Weil, ao lembrar que sua tese de graduação em direito, em 1965, versava sobre seu pensamento político. Agamben confessa a influência do livro "A Pessoa e o Sagrado" e dirá depois, em uma entrevista de 2016: "a crítica ao direito, que nunca abandonei desde o primeiro volume de Homo sacer, tem em Weil sua primeira raiz". [iv] Em 2011, Agamben publica "Altíssima Pobreza. Regras Monásticas e Forma de Vida" [5], onde reconhece em Francisco o revolucionário que se opõe evangelicamente ao direito, à lei, à regra: um encontro, sem dúvida, facilitado pela mediação de Simone.
Se com Nietzsche a oposição era principalmente existencial, com Marx e o marxismo, no entanto, a disputa crítica seria explícita. Não se trata apenas de seu encontro, em 1932, com o exilado Trotski, hospedado em sua casa, em Paris, no qual ela acusa Lenin e o próprio Trotski como carrascos de um estado autoritário e opressivo que revela sua verdadeira face na implacável repressão realizada pelo Exército Vermelho em Macnovica e nos marinheiros de Kronstadt.
Simone realmente estudou "O Capital" e sua crítica a Marx e aos marxismos é original e talvez única: a classe dominante recebe a missão histórica de acelerar ininterruptamente as forças produtivas, mas neste processo chega o momento em que as estruturas de poder já não conseguem mais favorecer e acompanhar o desenvolvimento. Então vem a revolução, e o "sujeito" revolucionário são as forças produtivas, que propiciam o surgimento de uma nova classe hegemônica. Não há, portanto, uma condenação ética e política do sistema capitalista e de seus horrores, mas simplesmente a constatação de que quando a burguesia já não é mais funcional para o desenvolvimento das forças produtivas, ela deve ser substituída pela classe que será capaz de fazer o sistema funcionar.
Essa constante renovação das forças produtivas não passa de um mito, um axioma inconsistente e impermeável a uma leitura científica. Um mito, assim como a realização hegeliana do espírito na dialética da história. Um mito que não escapa à ilusão hegeliana e substitui as astúcias do espírito pela providência materialista misteriosa das forças produtivas. Tudo isso inevitavelmente se transformou na tragédia da opressão totalitária dos bolcheviques. Um mito, porque Marx não consegue explicar sua fé ingênua no desenvolvimento ininterrupto e virtuoso das forças produtivas. E são essas, para Marx, e não os desfavorecidos e oprimidos, o único verdadeiro motor da história.
Além disso, para Simone, o fracasso da Revolução Russa e da própria ideia de revolução foi evidente quando o poder do capital sobre o trabalho - que se realiza plenamente na grande indústria com suas máquinas - é incorporado acriticamente no sistema socialista.
É na fábrica que a desigualdade entre especialistas e trabalhadores manuais é sistematicamente estruturada, reproduzindo-se depois na relação desigual e opressiva entre os intelectuais do partido e as massas populares; e na reprodução contínua dos aparatos jurídicos, burocráticos, militares e policiais do Estado czarista. Torna-se claro, mais uma vez, a diferença entre aqueles que criam, decidem e comandam cientificamente e aqueles que têm acesso apenas aos resultados, sem entenderem nada do método, relegados ao papel de aceitadores fervorosos. [6]
Nesta análise crítica, Simone estava extremamente atenta a não jogar fora o bebê com a água suja, porque "a grande ideia de Marx é que na sociedade, como na natureza, tudo ocorre através de transformações materiais". [7] Não faz sentido sonhar e desejar o futuro, porque tudo depende das condições materiais, que devem ser conhecidas e analisadas para criar possibilidades humanas de vida social e política. No entanto, no final, ela teve que constatar que o método materialista, a única ideia valiosa de Marx, foi sempre esquecido pelos marxistas e que "não devemos nos surpreender que os movimentos sociais nascidos do marxismo tenham todos fracassado".
E todas as revoluções falharam, começando pela Revolução Francesa, que, vitoriosa contra a opressão, inaugurou uma nova opressão. Parece impossível escapar dessa confusão, que, substancialmente, é determinada pela existência do Estado. Quem quiser resistir parece condenado a duas únicas possibilidades: capitulação ou aventura; ou o reformismo, mais ou menos cínico, daqueles que realisticamente não veem caminhos para uma vitória definitiva contra a opressão, ou o sonho aventureiro daqueles que optam por uma oposição radical ao sistema. Weil insiste que Marx, com seu método esquecido, encontrou a maneira de superar essa falsa alternativa que era hegemônica nos anos trinta e que continua paradigmática nas esquerdas de nosso tempo.
No final de sua análise radicalmente realista da opressão como paradigma constitutivo da política, ela defenderá, através do método materialista, a tese de que os oprimidos podem exercer a vontade de não se renderem e de aproveitar cada brecha esquecida pelo onipresente poder para lutar e não renunciar à liberdade e à possibilidade de construir caminhos de humanidade, eliminando a grande indústria, o capital financeiro, a divisão entre trabalho intelectual e manual, a diástase entre ciência e trabalho, substituindo o Estado centralizador, com seu aparato burocrático e militar, pelo Estado como poder obediente.
No entanto, Simone não esquece que "é apenas no ser humano individual que encontramos clarividência e boa vontade, as únicas fontes de ação eficaz. Mas os indivíduos podem associar seus esforços sem renunciar à independência". E, preocupada, com a contribuição característica dos lutadores, nos lembra "a vaidade das etiquetas políticas. Alguém pode se lançar ao movimento revolucionário com um espírito de líder ansioso por manipular as massas e ter um papel eminente no palco da história, ou como soldado fanático; e nos campos dos conservadores, encontram-se homens de boa vontade naturalmente dispostos a contribuir com suas forças para o maior bem de todos. É pelo caráter que os homens são irmãos ou estranhos uns aos outros". [8]
A antropologia que Simone propõe vai além da pessoa, além da máscara, além do teatro sociopolítico, além da administração do mundo pelos partidos políticos, além da democracia, além do direito, além do Estado. A crítica ao conceito de pessoa a coloca mais uma vez à margem da teologia cristã, que desde o século IV interpreta a Trindade usando o termo "pessoa", πρόσωπον, prosopon.
Instintivamente, ela escolhe o monismo antropológico judaico e essencialmente bíblico, que opta por uma visão unificada do ser humano, distante do dualismo grego - ainda predominante hoje - que o divide em alma e corpo. De fato, a alma na Bíblia é nefesh, uma palavra ligada à respiração e à vida concreta que passa pelo ar, pela garganta, pelas cordas vocais, pelas vias aéreas, até os pulmões. Em Gênesis 2:7, encontramos a fonte da vida como respiração: então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.
Tudo o que respira vive e Simone está indignada porque, através desta garganta, parece que o grito daqueles que sofrem privação, humilhação e injustiça não passa. Ou somos nós que permanecemos surdos a esses gritos, que não têm palavras. E certamente vivemos em um sistema que está imunizado para não ouvir esse grito, uma realidade constitutiva de todo ser humano. Todo ser humano é então sagrado pela sofrimento crístico causado por outros seres humanos e não por ser uma pessoa, com funções peculiares e diversificadas no teatro sociopolítico.
O indivíduo não é sagrado pelo que ele é e representa. Ele é sagrado porque potencialmente - e às vezes efetivamente - pode se abrir à irrupção da Verdade, da Justiça, da Beleza. Essa abordagem antropológica dupla é a porta de entrada para a crítica radical do direito.
Um exemplo paradigmático que Simone usa para criticar radicalmente o direito é: "Quando falamos sobre o destino dos trabalhadores, geralmente escolhemos falar sobre salários. Assim, esquecemos que o objeto em que se negocia, pelo qual lamentam ter que entregá-lo a um preço baixo, sendo negado o preço justo, não é nada além de sua alma. Imagine que o diabo esteja comprando a alma de um desafortunado e que alguém, com pena do desafortunado, intervenha na negociação e diga ao diabo: 'É vergonhoso da sua parte oferecer este preço; o objeto vale pelo menos o dobro'. Essa é a trágica farsa que o movimento operário encenou, com seus sindicatos, partidos e intelectuais de esquerda". [ix]
A noção de direito foi marcada por esse espírito de mercado desde 1789: o direito é baseado na negociação, partilha; o direito funciona a partir de reivindicações quantitativas, comerciais, que nunca discutem a hegemonia da coletividade e do Estado. Os gregos não tinham o conceito de direito e se limitavam à noção de justiça, um princípio supremamente evangélico, cristão, embora há muito esquecido pelas Igrejas.
São os romanos que inventam o direito, um conceito inseparável do império, uma realidade pagã, não batizável, na qual o direito de propriedade, estendido a coisas e seres humanos, é o cerne inspirador de todas as leis. Apenas a justiça abre espaço para a ágape, para os extremos do amor. Constitutivamente, o direito não tem conexão alguma com a ética e a política, domínios fundamentais para a construção da humanidade.
Como uma conclusão impossível, dada a amplitude e profundidade do pensamento de Simone Weil, a crítica ao direito talvez nos ofereça um estímulo para reconsiderar a política de defesa e a reivindicação dos direitos humanos, que continuam predominantes e incontestáveis tanto entre a esquerda quanto nas igrejas: um apelo para verificar sua pertinência e eficácia, tanto como inspiração para a vocação política quanto como prática de apoio aos menos favorecidos e fator de transformação social.
[1] Weil Simone, "A Sombra e a Graça", Rusconi, Milão, 1985; Weil Simone, "A Espera de Deus", Rusconi, Milão, 1984; Weil Simone, "Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social", Adelphi, Milão, 1983; Weil Simone, "A Pessoa e o Sagrado", Adelphi, Milão, 2012.
[2] Simone Weil, "Sobre a Guerra. Escritos 1933-1943", Il Saggiatore, Milão, 2013, p.16.
[3] Weil Simone, "A Espera de Deus", p.41.
[4] Giorgio Agamben. "Acredito na ligação entre filosofia e poesia. Sempre amei a verdade e a palavra", Antonio Gnoli, "la Repubblica", 15 de maio de 2016.
[5] Agamben Giorgio, "Altíssima Pobreza. Regras Monásticas e Forma de Vida", Neri Pozza, Vicenza, 2011.
[6] Weil Simone, "Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social", pp. 14-37.
[7] Weil Simone, "Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social", pp. 22-23.
[8] Weil Simone, "Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social", pp. 136-137.
[9] Weil Simone, "A Pessoa e o Sagrado", Adelphi, Milão, 2012, p.27.
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Simone Weil: uma memória. Artigo de Flavio Lazzarin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU