09 Agosto 2023
“O capitalismo nem sempre adota formas inovadoras, há conjunturas históricas onde o mercado pode até ser destruído circunstancialmente com o propósito de tentar destruir o campo popular de forma definitiva”, escreve Jorge Alemán, psicanalista e escritor, em artigo publicado por Página/12, 08-08-2023. A tradução é do Cepat.
As elites burguesas dominantes sempre tentaram estabelecer sua lógica de dominação do Capital sem colocar em risco o Estado da Nação. De fato, um dos termos preferidos dos setores dominantes foi a “sustentabilidade”. Também a “previsibilidade”, a “modernização”, etc.
Agora, a direita argentina se lança em uma aventura onde as invariabilidades do mercado parecem não ter mais prioridade exclusiva. Basta ouvir seus protagonistas para observar que se trata de um assalto ao poder absolutamente dominado pelo ódio político que surge por não ter vencido uma guerra que começou em 1955 e teve seu ápice na terrível ditadura de 1976.
Os problemas econômicos a serem resolvidos, agora, são postergados. É necessário que o país se incendeie, mas, agora, no presente da Argentina, aproveitando a onda mundial de neofascismo, prepara-se uma máquina de guerra que finalmente destrua um possível ressurgimento do nacional e popular.
Nesse aspecto, privilegiou-se o traço ideológico-político acima de qualquer matéria. As inconsistências dos políticos e atores midiáticos da direita, em matéria econômica, surgem como o claro sintoma dessa questão. O plano é acabar de vez com o peronismo, especialmente depois de sua versão maldita: o kirchnerismo.
Por isso, aparecem os significantes de 2001, tanto a blindagem como Jujuy, a verdade sempre acaba encontrando sua forma de surgir. Outra questão é se aqueles que deveriam a escutam.
As novas direitas ultraliberais sabem que o neoliberalismo produziu uma desconexão com os legados históricos em amplos setores da população.
O capitalismo nem sempre adota formas inovadoras, há conjunturas históricas onde o mercado pode até ser destruído circunstancialmente com o propósito de tentar destruir o campo popular de forma definitiva.
Esse projeto da direita não é como o menemismo, uma versão neoliberal da política. Ao contrário, como acontece com diferentes ultradireitas mundiais, é a recuperação da ditadura por vias corporativas, midiáticas e judiciais.
As mulheres, os jovens, os trabalhadores e os vulneráveis têm a possibilidade histórica de impedir tudo isso.
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A direita argentina e a restauração do pior. Artigo de Jorge Alemán - Instituto Humanitas Unisinos - IHU