08 Agosto 2023
Em mensagem divulgada no dia 4 de agosto, a Conferência Episcopal de Burkina Faso e Níger expressou sua firme oposição à intervenção militar no Níger.
A reportagem é de Lucie Sarr, publicada por La Croix Africa, 06-08-2023. A tradução é do Cepat.
“Não acreditamos de forma alguma na solução pela força, à qual nos opomos claramente”, disseram os bispos de Burkina Faso e do Níger em mensagem de 4 de agosto. Pela voz de seu presidente, dom Laurent Dabiré, bispo de Dori, no nordeste de Burkina Faso, os bispos desses dois países expressam sua “grande preocupação” diante dos acontecimentos que abalaram o Níger.
“Com efeito, como não nos preocuparmos quando o espectro da guerra surge entre as soluções que se vislumbram para acabar com a crise, fazendo pensar numa possível ‘segunda Líbia’, ainda que as consequências fatais e desastrosas da desestabilização destes países continuem a fazer com que o povo do Sahel sofra terrivelmente”, acrescentam.
O Níger foi alvo de um golpe militar no dia 26 de julho. O presidente Mohamed Bazoum foi destituído por uma junta militar liderada pelo general Abdourahamane Tiani. Há vários dias, a situação é tensa entre os golpistas nigerenses e a Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), da qual o Níger é membro. Esta instituição havia dado um ultimato, que expira no dia 6 de agosto, aos golpistas para restaurar o poder ao presidente Bazoum. Após esse período, ameaça enviar tropas para restabelecer a ordem constitucional.
“A opção militar é a última que está sobre a mesa, o último recurso, mas devemos estar preparados para esta eventualidade”, declarou, no dia 2 de agosto, Abdel-Fatau Musah, comissário da CEDEAO responsável pelos assuntos políticos e de segurança. As forças que devem intervir no Níger são um contingente de manutenção da paz e antiterrorismo estabelecido pelos chefes de Estado da CEDEAO em dezembro de 2022. A Nigéria deve desempenhar um papel central. Será auxiliada por Costa do Marfim, Senegal e Benin.
Os governos golpistas de Burkina Faso e do Mali, por sua vez, manifestaram o seu apoio ao general Abdourahamane Tiani, responsável por este golpe militar e prometeram responder a qualquer ataque militar contra o Níger.
Os bispos da África Ocidental, reunidos na Conferência Episcopal Regional da África Ocidental (CERAO), também enviaram uma mensagem aos dois bispos do Níger – dom Laurent Lompo, arcebispo de Niamey, e dom Ambroise Ouedraogo, bispo de Maradi – para expressar seu apoio.
“Acompanhamos com preocupação o desenrolar dos acontecimentos dos últimos dias no Níger, desde o golpe de Estado ocorrido no dia 26 de julho de 2023, escrevem em mensagem divulgada no dia 3 de agosto e assinada por dom Alexis Touabli Youlo, seu presidente. Nós, seus irmãos no episcopado da CERAO, gostaríamos de assegurar-lhes que não somos indiferentes ao sofrimento que seu país está passando neste momento difícil”. Eles também os encorajam a desempenhar um papel mediador na manutenção da paz, “a começar pelo mais importante, o ministério da oração”.
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“Não acreditamos na solução pela força”: os bispos do Níger se opõem a uma intervenção militar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU