07 Junho 2023
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 06-06-2023.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, recebeu na terça-feira o enviado especial do Papa Francisco, cardeal Matteo Zuppi, que busca encontrar um caminho de diálogo para encerrar o conflito com a Rússia. A informação é do jornal Avvenire, da Conferência Episcopal Italiana (CEI), entidade da qual Zuppi é presidente.
Segundo o jornal, o encontro foi “muito cordial” e girou em torno de “pontos-chave para avançar para um diálogo estável e concreto”. Zuppi entregou a Zelensky uma carta do Papa Francisco. No entanto, as expectativas foram rapidamente esfriadas por Kiev, que em comunicado voltou a repetir que "enquanto a guerra continuar no território da Ucrânia, o algoritmo para alcançar a paz só pode ser ucraniano".
O presidente ucraniano, por sua vez, enfatizou que "a Rússia continua cometendo horríveis crimes de guerra contra a Ucrânia, o último dos quais foi o desmoronamento da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka". “Este crime representa uma enorme ameaça e terá consequências terríveis para a vida humana e o meio ambiente”, disse Zelensky.
Russian terrorists. The destruction of the Kakhovka hydroelectric power plant dam only confirms for the whole world that they must be expelled from every corner of Ukrainian land. Not a single meter should be left to them, because they use every meter for terror. It’s only… pic.twitter.com/ErBog1gRhH
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) June 6, 2023
Na ocasião, o presidente extinguiu qualquer esperança de cessar-fogo, argumentando que "o inimigo aproveitará a pausa para aumentar suas capacidades e continuar atacando, para uma nova onda de crimes e terror. A Rússia deve retirar todas as suas tropas do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente.
O presidente ucraniano enfatizou que "somente esforços unidos, isolamento diplomático e pressão sobre a Rússia poderiam influenciar o agressor e trazer uma paz justa para a terra ucraniana".
#Ucraina #Zuppi incontra #Zelensky: dialogo positivo in vista dei prossimi passi https://t.co/tbMq5qeWFw
— ???????? (@Avvenire_Nei) June 6, 2023
Por sua vez, em nota posterior, a Santa Sé qualificou de “úteis” os encontros mantidos pelo enviado do Papa Francisco à Ucrânia, o cardeal italiano Matteo Zuppi, durante sua viagem a Kiev, entre outros com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
"Os resultados dessas reuniões, assim como com os representantes religiosos, e a experiência direta do sofrimento atroz do povo ucraniano por causa da guerra em curso serão levados ao conhecimento do Santo Padre e sem dúvida serão úteis para avaliar os passos a seguir, tanto no plano humanitário quanto na busca de caminhos para uma paz justa e duradoura", afirma um breve comunicado da Santa Sé.
"Uma reunião de trabalho" que decorreu "num ambiente muito bom". Assim definiu o núncio apostólico na Ucrânia, monsenhor Visvaldas Kulbokas, contatado por telefone para falar do encontro que Zuppi teve esta manhã com o presidente ucraniano, Volodymir Zelenski, em Kiev.
“O cardeal Zuppi é o enviado do Santo Padre e veio como tal”, disse o Núncio. " Ele veio para ouvir, não é um jogo de palavras. É a verdade. Há muitos jornalistas a perguntar, mas o principal objetivo desta visita é ouvir". Sobre os passos concretos a serem dados no futuro, o núncio respondeu: “É uma questão sobre a qual o Papa terá que refletir”. E acrescenta: “Certamente precisaremos refletir sobre o que fazer a seguir, mas agora vamos ouvir”.
O núncio recorda também que nos últimos dias o enviado papal realizou uma série de reuniões em Kiev. "Acabamos de terminar uma reunião com o vice-primeiro-ministro e voltamos para falar sobre a questão das crianças. Existem várias organizações que trabalham em vários níveis".
#Ucraina: card. Zuppi ricevuto dal presidente Zelensky. Mons. Kulbokas (nunzio), al Sir, “un incontro di lavoro”. "Scopo principale di questa visita è ascoltare" https://t.co/lxbRztQJD6 pic.twitter.com/RYVwfP38KX
— SIR (@agensir) June 6, 2023
Na segunda-feira passada, o cardeal já havia se encontrado com vários representantes das autoridades civis ucranianas. "É inaceitável que a violência desta guerra tenha atingido as crianças, e a Igreja fará todo o possível para proteger a vida delas", disse Zuppi na segunda-feira.
A Ucrânia acusa a Rússia de matar mais de 500 crianças durante a invasão e sequestrar outras 19.500. Recentemente, em visita ao Vaticano, Zelensky afirmou que não precisava de "mediadores" para o conflito entre Kiev e Moscou, mas pediu ajuda ao Papa para que as crianças não fossem levadas à força para a Rússia.
O plano da Santa Sé é que Zuppi também visite Moscou para se encontrar com o presidente Vladimir Putin, mas o Kremlin diz que tal encontro ainda não está planejado.
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Zelensky esfria as expectativas de paz do Vaticano: "A Rússia deve retirar todas as suas tropas do território da Ucrânia" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU