10 Abril 2023
Algumas falas recentes do Papa Francisco ajudam a aprofundar os horizontes indicados pelo seu magistério.
A nota é de Il Sismografo, 06-04-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Relatando o conteúdo do documentário da Disney+ “Amén. Francisco responde”, produção assinada por Jordi Évole e Màrius Sánchez, o L’Osservatore Romano do dia 5 de abril escreve:
“Com uma certa dose de ironia, ele explica aos jovens que, quando vê que uma organização social precisa de ajuda econômica, ele mesmo a encoraja a pedir recursos, pois sabe muito bem onde encontrá-los e a quem se dirigir. ‘Peçam’, eu digo a eles, porque no fim, aqui dentro, todos roubam! Por isso, eu sei onde se pode roubar, e eu lhe mando o dinheiro. Com isso, quero dizer que, quando vejo que é preciso ajudar alguém, então, sim, eu vou e peço ao responsável pelas ajudas’, afirma o pontífice.
“Quando a conversa passa para a questão do abandono da comunidade eclesial por parte de muitos católicos, Francisco propõe um de seus temas mais recorrentes: as periferias.
“‘Quando não há testemunho, a Igreja se enferruja, porque se transforma em um clube de gente de bem, que faz seus próprios gestos religiosos, mas não tem a coragem de sair para as periferias. Para mim, isso é fundamental. Quando você olha a realidade a partir do centro, sem querer, você ergue barreiras de proteção, que lhe afastam da realidade, e você perde o senso da realidade. Se você quer ver qual é a realidade, vá para as periferias. Quer saber o que é a injustiça social? Vá para a periferia. E quando eu digo periferia, não estou falando só de pobreza, mas também de periferias culturais, existenciais’, ressalta.”
(L’Osservatore Romano, 05-04-2023)
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“Um seminário de quatro, cinco, 10 não é um seminário, não se formam seminaristas; um seminário de 100 é anônimo, não forma os seminaristas... São necessárias pequenas comunidades, mesmo dentro de um grande seminário, ou um seminário à medida humana; que seja o reflexo do colégio presbiteral. É um discernimento que não é fácil de fazer, não é fácil. Mas deve ser feito e devem ser tomadas decisões sobre isso. Não será Roma que dirá o que vocês devem fazer, porque são vocês que têm o carisma. Nós damos as ideias, as orientações, os conselhos, mas são vocês que têm o carisma, são vocês que têm o Espírito Santo para isso. Se Roma começasse a tomar as decisões, seria um tapa no Espírito Santo, que trabalha nas Igrejas particulares.”
(Papa Francisco aos seminaristas da Diocese da Calábria, Sala do Consistório, 27-03-2023)
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“Criar harmonia é o que ele deseja, sobretudo por meio daqueles nos quais derramou sua unção. Irmãos, construir a harmonia entre nós não é tanto um bom método para que a estrutura eclesial proceda melhor, não é dançar o minueto, não é uma questão de estratégia ou de cortesia: é uma exigência interna à vida do Espírito. Peca-se contra o Espírito que é comunhão quando nos tornamos, mesmo que por frivolidade, instrumentos de divisão, por exemplo – e voltamos ao mesmo tema – com a fofoca. Quando nos tornamos instrumentos de divisão, pecamos contra o Espírito. E se faz o jogo do inimigo, que não sai a descoberto e ama os boatos e as insinuações, fomenta partidos e corjas, alimenta a nostalgia do passado, a desconfiança, o pessimismo, o medo. Fiquemos atentos, por favor, para não sujar a unção do Espírito e a veste da Santa Madre Igreja com a desunião, com as polarizações, com toda falta de caridade e de comunhão. Lembremos que o Espírito, o ‘nós de Deus’, prefere a forma comunitária: isto é, a disponibilidade antes que as próprias exigências, a obediência antes que os próprios gostos, a humildade antes que as próprias reivindicações.”
(Santa Missa Crismal na Basílica Vaticana, homilia do Santo Padre, 06-04-2023)
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Periferia, carisma e harmonia: magistério e opiniões do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU