10 Março 2023
O papel da mulher na Igreja não foi uma prioridade para o Papa Francisco nestes dez anos. No entanto, ele ouviu o desafio lançado pelas superiores religiosas (UISG) e, em 2016, convocou uma comissão – pela primeira vez com igual número de mulheres e homens – para estudar a possibilidade de ordenar mulheres ao diaconato. A decisão está trancada por enquanto, mas os testemunhos e as publicações de alguns dos membros da comissão (por exemplo, Phyllis Zagano) estão contribuindo para aprofundar a compreensão a respeito do tema.
A reportagem é de Teresa Forcades, publicada por Jesus, março de 2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Tendo bloqueado a ordenação diaconal, a questão do sacerdócio feminino não foi seriamente abordada. Quando o papa falou sobre isso, reproduziu os estereótipos que vêm da teologia do corpo, de João Paulo II, que considera Maria a imagem do discipulado para as mulheres (contemplação e diaconia oculta) e Pedro para os homens (ministério público e liderança litúrgica).
Mas se a questão feminina não é uma prioridade para Francisco, o desmantelamento do clericalismo é, e isso está favorecendo indiretamente a participação feminina no governo da Igreja. Os primeiros exemplos são duas religiosas (Nathalie Becquart e Alessandra Smerilli) e uma leiga (Emilce Cuda).
Nathalie Becquart (53 anos, religiosa xaveriana) foi nomeada subsecretária do Sínodo dos Bispos em 2021. Alessandra Smerilli (48 anos, irmã salesiana) foi nomeada secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral em 2021 e é a primeira mulher a ocupar uma posição de governo de tão alto nível na Igreja. Finalmente, Emilce Cuda (57 anos, filósofa e economista leiga, doutora em teologia moral) foi nomeada secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina em 2022. Em suas funções executivas, portanto, essa mulher casada e mãe de dois filhos agora tem uma posição que a coloca acima da maioria dos bispos.
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Mulheres na igreja: não ao diaconato, mas agora têm mais poder - Instituto Humanitas Unisinos - IHU