25 Outubro 2022
Cerca de 60 bispos de várias regiões do Brasil que fazem parte do grupo "Bispos do Diálogo pelo Reino" lançaram uma carta intitulada "A gravidade do segundo turno das eleições" em 24 de outubro, na última semana de campanha para o segundo turno das eleições presidenciais, uma disputa entre o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e pelo atual presidente Jair Bolsonaro.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Os bispos, de várias regiões do Brasil, que dizem estar "em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em plena comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB que, no exercício de sua missão evangelizadora, sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz".
Os prelados veem o segundo turno das eleições como algo que "nos coloca diante de um dramático desafio", exigindo " escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil", projetos que, como o texto relata, são completamente diferentes e estão claramente enfrentados um com o outro.
O texto denuncia abertamente que "o atual Governo, que busca a reeleição, virou as costas para a população mais carente, principalmente no tempo da pandemia", a ponto de dizer que "a vida não é prioridade para este governo". Além disso, os bispos denunciam que "o chefe de Governo e seus apoiadores, principalmente políticos e religiosos, abusaram do nome de Deus para legitimar seus atos e ainda o usam para fins eleitorais". Algo que eles consideram manipulação religiosa, que "sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil”.
A carta denuncia as atitudes do atual presidente, que tem como um de seus slogans "Deus acima de tudo", mas os bispos consideram que "esse apelo a Deus é mentiroso", pois está separado do amor ao próximo. Uma forma de entender Deus que vai contra a Bíblia, a Doutrina Social da Igreja e os Mandamentos.
Sobre o governo atual, os bispos dizem que "vivemos quatro anos sob o reinado da mentira, do sigilo e das informações falsas", denunciando as contínuas notícias falsas. Recordando a Mensagem ao Povo de Deus da última assembleia do episcopado, eles insistem que "nossa jovem democracia precisa ser protegida", denunciando atos contrários a isso por parte do atual governo.
Diante desta realidade, os cristãos são chamados a avaliar os dois candidatos, fazendo perguntas em relação à saúde, educação, superação da pobreza e cuidados com a Amazônia. Eles também deixam claro que a Igreja escolhe "o lado da justiça e da paz, da verdade e da solidariedade, do amor e da igualdade, da liberdade religiosa e do Estado laico, da inclusão social e do bem viver para todos". Uma posição que "vem da fidelidade ao Evangelho de Jesus, à Doutrina Social da Igreja e ao magistério profético do Papa Francisco".
Na mesma linha, a Comissão Pastoral Episcopal de Ação Social e Transformativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil também lançou uma carta, assinada por seu presidente, Dom José Valdeci Mendes, que pretendem ser palavras de ânimo e coragem, chamando a não ter medo. A carta diz acreditar “que cada brasileiro quer o melhor para o Brasil”, fazendo ver a necessidade de “votar conscientes e com liberdade”, defendendo a vida e chamando a combater “tudo o que produz a morte (aborto, armamento, fome, miséria, violência, exclusão)” com políticas públicas de promoção da dignidade humana”.
A carta também repudia “a utilização da religião para o estímulo ao ódio, à violência e à divisão das famílias e da sociedade”, afirmando defender “o estado laico e o respeito à liberdade religiosa e de culto”. Igualmente, chamam as tradições religiosas presentes no Brasil a “colaborar na construção de um país mais justo, menos violento e mais solidário”, definindo justiça, paz, fraternidade e compaixão como “os eixos norteadores do bom governo”.
Em um chamado a assumir este Mutirão pela Vida e por democracia, a carta chama a ir ao encontro do povo e “manifestar a alegria de quem luta por dias melhores”, e junto com isso a cuidar “da nossa democracia pelo Voto que garanta o Bem Viver dos Povos”.
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Bispos do diálogo pelo Reino chamam a votar “com consciência e calma, porque não há espaço para a neutralidade” diante desses dois projetos no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU