01 Julho 2021
Líderes luteranos concluíram visita a Roma, na qual exploraram formas de seguir em cooperação teológica, espiritual e prática.
A reportagem é publicada por Federação Luterana Mundial, 28-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Líderes da Federação Luterana Mundial (FLM) concluíram uma visita de dois dias a Roma, encorajados pela exortação do Papa Francisco a continuar “com paixão na nossa jornada, do conflito à comunhão”. Essa paixão, disse o assistente da secretaria-geral, Prof. Dr. Dirk Lange, é vivida “tanto pela nossa solidariedade com aqueles que sofrem quanto através do compromisso renovado para aprofundar nossos diálogos doutrinais”.
A audiência papal de 25 de junho foi um ponto alto da visita da delegação da FLM, incluindo representantes de sete regiões da comunhão global de Igrejas. Antes disso, o diretor do Serviço Mundial da FLM e o secretário-geral da Caritas Internationalis compartilharam uma declaração de Visão Comum, destacando as bases teológicas e espirituais de seus trabalhos humanitários e propondo um caminho para aumentar a colaboração com as igrejas locais.
A delegação também se encontrou com o cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade Cristã para discutir os próximos passos do diálogo teológico luterano-católico. Ambos os lados frisaram a urgência de traduzir o Evangelho de formas que permaneçam relevantes para todas as gerações, destacando a necessidade de formação contínua e contextualização tanto para ordenados quando leigos. Lange frisou o progresso representado pelo processo da Declaração Conjunta sobre Doutrina da Justificação (DCDJ), a qual reuniu cinco comunhões cristãs globais em uma proclamação e serviço conjunto. “A DCDJ continua a demonstrar seu potencial ecumênico, então se torna um sinal encorajador do que Deus tem feito e continua a fazer em nosso meio”.
Durante uma palestra pública na universidade dominicana de Santo Tomás de Aquino (Angelicum), o secretário-geral da FLM, reverendo Martin Junge, explorou os conceitos de sinodalidade e unidade cristã de uma perspectiva luterana. A sinodalidade, observou ele, está no cerne da visão do Papa Francisco de “uma igreja a caminho”. Ele continuou: “É uma questão que desafia cada um de nós, não só na nossa vida espiritual, mas na vida das nossas instituições eclesiais e nas formas como definimos e usamos a autoridade e o poder”.
Observando que o conceito de sinodalidade “abrange tanto a esfera do governo quanto a esfera espiritual”, Junge olhou para trás, para a forma como a tomada de decisões era praticada na nascente comunidade cristã. Ele observou que Martinho Lutero, em sua época, lutou com as mesmas questões, escrevendo longamente sobre os primeiros concílios e as tentativas de “confessar e defender a fé antiga” enquanto ouvia o Espírito Santo agindo na vida de indivíduos e comunidades.
“À medida que ouvimos cada vez mais atentamente o instinto da fé, o sacerdócio de todos os crentes e o anseio pela paz e a reconciliação entre todos os povos, nosso diálogo doutrinário se transforma”, disse secretário-geral da FLM, Martin Junge.
Enfocando as conexões entre a insistência de Lutero no sacerdócio de todos os crentes e a compreensão católica do sensus fidei (instinto de fé em todo batizado), Junge enfatizou que “todo cristão é chamado a discernir o dom do Espírito nos outros, levando à unidade de fé, bem como ao crescimento na comunhão”. Cada cristão, ele insistiu, “está equipado para caminhar juntos neste caminho, cada vez mais profundamente na comunhão, vivendo e testemunhando o ato de reconciliação de Deus.”
Dentro de uma sociedade “fragmentada, excludente, rivalizada e isolacionista”, disse Junge, as Igrejas são chamadas por Deus a se engajar de uma “forma sinodal”, a fim de modelar “o diálogo e a esperança em meio à tensão política e social”. Mas, ele continuou, isso implica “uma consciência da própria vulnerabilidade” e a necessidade de “uma confiança profunda na hospitalidade de outros”.
Acolhendo o aprofundamento da colaboração entre o Serviço Mundial da FLM e a rede global da Caritas Católica, Junge observou que, por meio de “nosso compromisso com os pobres, marginalizados e sofredores neste mundo, ao ouvi-los e aprender com eles, nós, como indivíduos e também como igrejas, somos transformados nesse encontro”. Ele concluiu: “À medida que escutarmos cada vez mais atentamente o instinto da fé, o sacerdócio de todos os crentes e o desejo de paz e reconciliação entre todos os povos, nosso diálogo doutrinário será transformado”.
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Igrejas no caminho: superando os desafios ecumênicos. A Federação Luterana Mundial em Roma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU