22 Setembro 2020
O secretário pessoal de João Paulo II nega ter recebido informação alguma.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 22-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O horror da pedofilia golpeia, e com força, a Igreja polonesa. Há alguns meses, o episcopado do país teve que pedir perdão diante da avalanche de casos de abusos, e gerou silêncio da hierarquia diante dos mesmos, durante décadas. Agora, um último caso aparece, contra Stanislaw Dziwisz, que foi secretário pessoal de João Paulo II.
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Dziwisz com uma fotografia de João Paulo II. (Foto: Catholic News UK)
Segundo publica a imprensa polonesa, o padre Isakowicz-Zaleski publicou em seu blog duas cartas sobre o abuso de menores por parte de Jan Wodniak, que durante 35 anos foi pároco da paróquia de Miedzybrozie Bialskie, na Silésia, e que foi condenado pela Doutrina da Fé. Atualmente, cumpre sentença em um lugar de confinamento, que não foi divulgado.
Conforme descrito em um longo artigo da Onet, entre 1984 e 1989 Wodniak abusou sexualmente do jovem coroinha Janusz Szymik, embora certamente houvesse muito mais vítimas. O menino relatou seu caso ao então bispo Tadeusz Rakoczy, mas nenhuma ação foi tomada até 25 anos depois.
Carta de Zaleski
Quando soube desses abusos, o padre Zaleski foi até o cardeal Dziwisz pedindo uma reação. Segundo seu depoimento, “entreguei a carta pessoalmente”, embora haja divergências no dia específico, pois em seu primeiro depoimento o sacerdote afirmou tê-lo feito em uma data em que o ex-secretário de Wojtyla estava na Terra Santa.
Dziwisz, por sua vez, emitiu um comunicado no qual negou ter conhecimento dos fatos, que condenou, mostrando-se disposto a se encontrar com as vítimas do padre Wodniak. Em resposta, Isakowicz-Zaleski respondeu que “eu entreguei não apenas a carta, mas também uma pasta cheia de anexos a esta carta”. Se o cardeal negar a visita, “serei obrigado a publicar a carta na íntegra”, algo que ele fez em seu blog.
Não só isso: ele também publicou uma segunda carta, enviada ao Vaticano um ano depois, “após a inação do cardeal Stanislaw Dziwisz”. Foi então que Roma agiu sobre o assunto.
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Padre polonês acusa o cardeal Dziwisz, ex-secretário de João Paulo II, de encobrir abusos a menores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU