18 Agosto 2016
A polícia do estado australiano de Victoria está considerando a possibilidade de responsabilizar a mais alta autoridade católica do país, o Cardeal George Pell, com base em que ele teria um histórico de crimes de abuso sexual infantil.
A informação é publicada por The Guardian, 17-08-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
No mês passado, o delegado-chefe da polícia de Victoria, Graham Ashton, confirmou que as acusações contra Pell haviam sido encaminhadas para o Ministério Público com o objetivo de recolher recomendações sobre se a polícia deveria desativar a investigação, continuar investigando ou acusar oficialmente o prelado pelos crimes relatados.
Em comunicado divulgado na quarta-feira, 17-08-2016, a polícia de Victoria confirmou ter recebido a recomendação do MP, porém disse que não confirmaria o que fora recomendado nem se as diretivas seriam enviadas a Roma para entrevistar Pell, principal assessor financeiro do Vaticano.
“Nós recebemos o conselho [da parte do Ministério Público] e agora iremos tirar um tempo para considerá-lo”, lê-se no comunicado. “Quanto a qualquer investigação, fica a cargo da polícia de Victoria sobre se acusações oficiais serão apresentadas”.
A polícia local está investigando algumas acusações de que Pell teria se exposto a três jovens no clube de salva-vidas Torquay em Victoria durante a temporada de verão de 1986 ou 1987.
Outras duas acusações envolvem duas ex-alunas da escola diocesana St. Alipius, que alegam que Pell repetidas vezes tocou suas genitálias enquanto nadava com elas na piscina Eureka em Ballarat entre 1978 e 1979. Na época, Pell era o vigário episcopal para a formação na Diocese de Ballarat.
Pell nega veementemente estas acusações, descrevendo-as como “nada mais do que uma campanha escandalosa de difamação”. Ele acusou a polícia de vazar informações à imprensa, e pediu ao governo de Victoria que investigasse os supostos vazamentos.
“Se houvesse alguma credibilidade em quaisquer dessas acusações, elas já estariam sob o comando da Comissão Real”, lê-se na nota divulgada pelo departamento vaticano comandado por Pell no mês passado em resposta às acusações.
“O cardeal não deseja causar desconforto algum a nenhuma vítima de abuso. No entanto, as afirmações de que ele abusara sexualmente de alguém, em algum lugar, em qualquer momento de sua vida são totalmente falsas e completamente errôneas”.
Em março, Pell prestou depoimento pela segunda vez à Comissão Real do país que investiga as respostas institucionais a casos de pedofilia. Ele compareceu via videoconferência direto de Roma, após os médicos determinarem que ele não estava bem de saúde para voar até a Austrália para depor na cidade de Ballarat em pessoa.
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George Pell: polícia considera a possibilidade de responsabilizar o cardeal em casos de pedofilia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU