14 Novembro 2019
Por meio de uma mensagem entregue ao bispo de Río Gallegos, Jorge García Cuerva, o Papa Francisco anunciou que não visitará a Argentina em 2020, como havia sido especulado tanto nos âmbitos eclesiásticos, como pelo governo que assumirá as funções em 10 de dezembro.
A reportagem é de Washington Uranga, publicada por Página/12, 12-11-2019. A tradução é do Cepat.
O pretexto da visita havia sido, neste caso, um convite especial para o Papa compartilhar a comemoração do 500º aniversário da celebração da primeira missa em solo argentino, na cidade de Puerto San Julián, província de Santa Cruz.
Segundo disse o Papa em uma mensagem gravada, “gostaria de ir”, mas “não posso ainda porque este ano estou cheio de viagens já marcadas” e garantiu aos fiéis que "os acompanha com o coração”.
A mensagem foi gravada diretamente pelo bispo García Cuerva, que está em Roma para participar de uma reunião da Pastoral Carcerária. “Que a festa seja feita por vocês, que não seja uma festa importada, uma festa comprada, não, que seja uma festa preparada por vocês, que façam com seus irmãos, com seu coração, com tudo o que vocês têm de bom”, disse o Papa aos católicos da Diocese de Río Gallegos.
E sugeriu que “organizem vocês a festa como puderem, que toda a diocese esteja contente porque Deus quis pela providência que fosse precisamente esse lugar, na diocese de vocês, onde fosse celebrada a primeira missa em território argentino”. Após dar os parabéns pelo acontecimento, pediu que “preparem bem as coisas, abram o coração a todos e também ao Papa” e pediu aos fiéis que “rezem por mim, porque necessito”.
Não se descarta que uma vez que assuma o cargo de Presidente, Alberto Fernández inclua entre suas primeiras viagens ao exterior uma visita ao Vaticano para se encontrar com Francisco.
Desde que foi eleito Papa em 2013, Jorge Bergoglio fez várias viagens aos países latino-americanos, sendo o primeiro deles o Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude. Com o mesmo motivo, esteve no Panamá, este ano. Em outras oportunidades, viajou para o Peru, Chile, Colômbia, México, Cuba, Paraguai, Equador e Bolívia. Foi neste último país que pronunciou um memorável discurso dirigido aos movimentos sociais, em 9 de julho de 2015.
Naquela ocasião, em meio a um discurso atravessado por questões sociais, Bergoglio pediu “uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas”. Porque “esse sistema é insuportável, não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os Povos... E tampouco o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco”, afirmou em Santa Cruz de la Sierra. Foi também a partir desse momento que Francisco passou a ter uma amizade muito forte com o agora deposto presidente boliviano Evo Morales, que durante sua gestão se reuniu seis vezes com o Papa.
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Papa não visitará a Argentina em 2020 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU